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Editorial MedicinaNET – Novembro 2012

Última revisão: 21/11/2012

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De que médico a sociedade precisa?

 

         Nos dias 11 a 14 de outubro deste ano, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) foi palco do 50º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM), como parte das comemorações dos 100 anos da FMUSP e dos 50 anos da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM). O tema central do Congresso foi “De que médico a sociedade precisa?”. Foram vários fóruns, simpósios, conferências, plenárias e apresentações discutindo inúmeros aspectos da formação médica, como novos cenários de ensino, profissionalização e capacitação docente, o papel central do ensino da atenção primária na graduação, a formação humanística dos médicos, o papel social dos médicos, dentre outros.

         As Diretrizes Curriculares Nacionais têm norteado a educação médica no Brasil e as escolas têm modificado seus currículos com conteúdos mais voltados para as necessidades de saúde da comunidade. Além disso, a introdução e a melhoria de disciplinas voltadas para o ensino das humanidades, a inserção dos alunos em cenários diferentes do tradicional ambiente hospitalar, a ênfase na formação do médico generalista e o ensino da atenção primária são outras medidas que têm modificado a educação médica no Brasil. Entretanto, além da implantação de tais mudanças ser ainda muito tímida em algumas grandes escolas, há outros aspectos que não devem ser esquecidos quando se discute sobre qual médico a sociedade precisa.

         Para quem formamos nossos médicos? Sabemos que o setor privado é um dos grandes consumidores de médicos no Brasil, e que a lógica de trabalho no setor privado é a lógica do mercado, da medicalização excessiva, do uso excessivo de tecnologias de alta densidade tecnológica, da priorização do atendimento especializado em detrimento do atendimento generalista e assim por diante. Todos estes aspectos acabam levando o médico a uma postura distanciada da pessoa doente, cuja relação passa a ser mediada pela ciência médica, principalmente por exames subsidiários.

         Além deste aspecto relacionado ao setor privado, há aspectos relacionados à própria sociedade em que vivemos, que exige rapidez para a resolução de problemas, transformando a longitudinalidade numa relíquia anacrônica; o sofrimento deve ser eliminado por alguma intervenção heterônoma; a tolerância para com a incerteza é zero e o individualismo e violência estão cada vez mais em evidência. Estes são aspectos, dentre outros, que fazem parte do contexto social e são determinantes da formação médica e não podem ser desprezados. Por isso, a discussão sobre as dificuldades em atingir o objetivo de se formar médicos com visão generalista, éticos, críticos, reflexivos e humanistas, como orientam as diretrizes curriculares, não pode se resumir a intervenções curriculares nas escolas médicas.

         Infelizmente, a postura em relação ao serviço público e à medicina integral e humanizada não pode ser esperada como sendo pura e simplesmente resultado da formação na graduação e na residência, embora elas sejam absolutamente centrais na formação de um médico. Deve haver alguma modificação em relação à capilaridade com que os serviços privados têm pautado a saúde no Brasil, algum estímulo para que médicos escolham a carreira de generalista, algum controle público das vagas de residência médica, dando prioridade para a medicina de família e comunidade, em detrimento de outras especialidades, cuja importância não se discute, mas que não podem responder pela maior parte das vagas de residência. Só assim, em conjunto com as modificações curriculares citadas, conseguiremos atingir a meta, pelo menos parcialmente, de formarmos mais médicos éticos, críticos, humanizados e aptos a resolver problemas de saúde que a comunidade apresenta.

         O MedicinaNET está pronto para ajudar nesta empreitada de formar médicos que possam contribuir para melhorar a sociedade.

 

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