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Editorial MedicinaNET - Fevereiro2015

Última revisão: 13/02/2015

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Um século de antibióticos

 

        Há quase um século, mais precisamente em 1928, começava a era dos antibióticos na Medicina. Antes, o que tínhamos era uma certeza imensa de que uma infecção mataria. De repente, estávamos armados até os dentes contra as bactérias.

        Um grande golpe de sorte trouxe a Alexander Fleming esta descoberta. Ele estava encarregado de descobrir algo que pudesse matar as bactérias em feridas de guerra. A motivação era advinda do que havia acontecido na Primeira Guerra Mundial, quando quem não morria por tiros e estilhaços, morria da infecção de feridas. O episódio pode ser dito como no mínimo curioso. Ele fazia sua pesquisa com estafilococos. Saiu de férias em um determinado momento e esqueceu placas de cultura fora do local de acondicionamento. Isso foi em agosto. Um mês depois, retornou e viu que havia mofo nas placas esquecidas. Mais do que isso, notou que havia um halo transparente em uma das placas, precisamente em torno do mofo contaminante. Seria isso um efeito bactericida?

        O resultado é o que conhecemos: nascia a penicilina, nome derivado do fungo que estava crescendo na placa, do gênero Penicillium. Muita coisa ajudou nessa descoberta: o fato da espécie do fungo que contaminou a placa ser uma das melhores produtoras de penicilina entre as espécies do gênero Penicilium; o fato de haver um laboratório de fungos no andar de baixo ao laboratório de Fleming, de onde o fungo veio; a temperatura média em agosto daquele ano em Londres foi ideal para proporcionar um crescimento lento da cultura e ajudou a criar a condição ideal para se evidenciar a lise bacteriana. Mas Fleming tem os méritos de ter reparado no que estava acontecendo na placa.

        Porém, só em 1940 é que a penicilina ganhou fins terapêuticos em humanos, o que foi feito pela Universidade de Oxford. Muitas novas classes de antibióticos vieram depois. Aminoglicosídeos, cefalosporinas, glicopeptídeos, macrolídeos, quinolonas, sulfonamidas, tetraciclinas, carbapenêmicos… Junto com esta variedade, veio o uso indiscriminado. Com esta prática, surgiram o que hoje temos de pior em termos de infecções, que são as bactérias multirresistentes, selecionadas com o tempo. Tempo que veio passando, mas que não trouxe nenhuma nova arma para o tratamento de infecções.

        E já se passaram quase 30 anos da descoberta do último antibiótico. Dificuldades vieram, pois apesar de existirem diversos micro-organismos que poderiam ser pesquisados em busca de novas substâncias antibióticas, a dificuldade estava em fazer isso em laboratório. Até agora.

        Surge neste início de ano de 2015 o antibiótico Teixobactin. Em ensaios com ratos, proporcionou 100% de cura contra estafilococos multirresistentes. Criado a partir de uma nova bactéria que pode ser cultivada em laboratório em seu habitat de origem, que é o solo onde vive. Assim, são 99% das bactérias, as quais estão todas por serem estudadas. Quase um século depois do acidente de Fleming, a ciência dá a luz a uma nova era dos antibióticos. Que junto venha a racionalização de seu uso. E um futuro melhor na Medicina.

 

Os Editores.

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