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Capítulo 6 – Planejamento e administração de emergências em doenças infecciosas

Última revisão: 26/09/2013

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 Versão original publicada na obra Manual de Controle de Infecções da APIC/JCAHO. Porto Alegre: Artmed, 2008.

 

Ruth Carrico / Terri Rebmann

 

PADRÃO CI.6.10

As organizações devem se preparar para responder ao afluxo, ou risco de afluxo, de pacientes infectados, como parte integrante das atividades de administração de emergências.

 

Resposta ao afluxo de pacientes infectados

O padrão CI.6.10 é o dispositivo regular mais recente e talvez mostre de forma mais efetiva a natureza horizontal das funções de prevenção e controle de infecções. Historicamente, o termo “horizontal” significa integração de funções e de processos dentro das organizações e de algumas instituições e parcerias externas. Esse padrão facilita o planejamento, a comunicação e a interação com parceiros externos, além da colaboração histórica com o serviço de saúde pública dos Estados Unidos. Além disso, exige que as organizações – por meio das respectivas estruturas de lideranças individuais – tenham conhecimento total das capacidades existentes e estejam aptas para avaliá-las em relação às necessidades e debilidades identificadas. Em outras palavras, os tempos estão mudando, e os planos e as atividades relacionados às funções de prevenção e controle de infecções estão se tornando cada vez mais importantes, transparentes e abrangentes.

O principal objetivo do padrão CI.6.10 é promover o tipo e a intensidade de planejamento que resultem, ao longo do tempo, em uma assistência à saúde melhorada e séria, criando desafios para toda a organização.

O fundamento lógico desse padrão reconhece vários fatores relevantes, tais como:

 

      As organizações de prestação de serviços de assistência à saúde são componentes importantes da infraestrutura básica das comunidades. A manutenção dos processos de assistência à saúde é importante para o fortalecimento social. A perda de assistência à saúde adequada causa impactos desestabilizadores graves nas comunidades.

      O pré-planejamento é fundamental para manter a agilidade das organizações na capacidade de executar as respectivas missões em situações desafiadoras.

      Esse processo de planejamento inclui estratégias de identificação e desenvolvimento que evitam a introdução de infecções, reconhecem essas situações e promovem atividades e sistemas capazes de conter eventos de infecção.

      Para o entendimento perfeito dessa norma, é vital que a resposta de instalações individuais ou de organizações dependa de vários fatores, incluindo o impacto do evento na comunidade, os tipos de serviço oferecidos pelas instalações hospitalares e a capacidade individual das organizações. Nem todas as instalações hospitalares aplicam essa norma da mesma maneira. O desenvolvimento de planos de resposta exige que as organizações avaliem suas capacidades de forma realista e enfrentem os desafios inerentes aos esforços preparatórios. A execução e a avaliação desses planos protegem os pacientes, as famílias e a comunidade.

 

PRINCÍPIO LÓGICO DO PADRÃO CI.6.10

As organizações de assistência à saúde são recursos imprescindíveis para o funcionamento contínuo da comunidade. A capacidade para execução de atividades de atendimento, tratamento e serviços médicos pode ser colocada em risco se as organizações não estiverem preparadas para responder a epidemias ou infecções que exijam extensão ou expansão das capacidades de atendimento durante longos períodos. Portanto, é importante que elas planejem como evitar a introdução de infecções, como reconhecer rapidamente a existência de pacientes infectados e/ou como conter o risco ou a proliferação de infecções.

Essa resposta planejada inclui uma ampla faixa de opções, tais como suspensão temporária de serviços e/ou internações, postergação de transferências ou de altas, restrição a visitas ou acionamento do plano de administração de emergências. As respostas reais dependem de assuntos como o nível do impacto de surtos epidêmicos ou infecciosos sobre a comunidade, os tipos de serviços oferecidos e a capacidade das organizações.

Os conceitos incluídos nesses padrões são complementados por padrões do manual de acreditação da JCAHO, incluindo o padrão EC.4.10.

 

Fundamento Básico

O objetivo de todos os padrões da Joint Commission é estabelecer conexões com outros padrões e reconhecer que, entre eles, há vínculos complexos. Esse entrelaçamento entre os padrões espelha a ampla relação funcional como parte dos processos de assistência à saúde.

Outros padrões relacionados ao CI.6.10 são aqueles que tratam do ambiente da assistência à saúde. De modo específico, as disciplinas que fazem parte dos padrões do ambiente da assistência à saúde vinculam-se diretamente ao padrão CI.6.10 (veja o Quadro 6-1).

Os padrões atuais que disciplinam o ambiente da assistência à saúde exigem treinamentos regulares para testar a resposta das organizações à administração de emergências. Os contextos que envolvem os agentes infecciosos devem ser incorporados no(s) treinamento(s) de administração de emergências para testar a capacidade de resposta das organizações a todos os tipos de situações.

 

QUADRO 6-1 Padrões do Ambiente da Assistência à Saúde Relacionadas à Administração de Emergências

EC.4.10 – As organizações devem aplicar a administração de emergências.

EC.4.20 – A organização deve promover treinamentos regulares para testar a administração de emergências.

 

Elementos de Desempenho do Padrão CI.6.10

O padrão CI.6.10 possui três elementos de desempenho (EDs).

 

ED 1. As organizações devem avaliar sua capacidade de respostas ao afluxo, ou risco de afluxo, de pacientes infectados.

 

ED 2. As organizações devem desenvolver planos para administrar afluxos de pacientes potencialmente infecciosos, durante longos períodos.

 

ED 3. As organizações devem proceder da seguinte forma:

      Determinar como se manter atualizadas sobre as informações mais recentes relacionadas à emergência de epidemias ou de novas infecções que possam resultar no acionamento de respostas.

      Determinar a forma de divulgação de informações essenciais para funcionários e outros profissionais-chave.

      Identificar recursos na comunidade (por intermédio dos sistemas de saúde pública local, estadual ou federal) para obtenção de informações adicionais.

 

Aplicação em programas de estudos, prevenção e controle de infecções

Por meio dos respectivos EDs, o padrão CI.6.10 trata dos fundamentos dos programas eficazes de alerta para emergências. Esses fundamentos incluem reconhecimento, resposta, contenção e comunicação. Embora distintos, eles fazem parte de processos contínuos e interligados e, conseqüentemente, devem ser considerados cíclicos e não lineares. Há uma representação visual desse tipo de processo na Figura 6-1.

 

FIGURA 6-1 Elementos básicos de programas contínuos de alerta para emergências.

Comunicar

Reconhecer

Responder

Conter

O planejamento da administração de emergências nunca termina. É um processo contínuo que evolui juntamente com os desafios e a identificação de lacunas nos planos. Dessa maneira, está alinhado com as avaliações e melhorias contínuas dos processos. Os programas eficazes de alerta para atendimento de emergências incorporam avaliações e melhorias contínuas em todos os aspectos do plano e fornecem mecanismos para execução dessas atividades.

 

Reconhecimento

A função de reconhecimento habilita as organizações a isolar pacientes infectados para evitar a transmissão de doenças a outros pacientes, funcionários e para a comunidade. Algumas organizações teriam dificuldade para identificar portadores de doenças transmissíveis em um grupo de pacientes infectados. Entretanto, a meta principal consiste em ter práticas regulares de atendimento para minimizar a transmissão, reconhecer sintomas ou indicadores-chave e iniciar imediatamente as respostas previstas nos planos. O reconhecimento envolve a identificação de pacientes com tipos específicos de sinais, sintomas ou queixas. Depois do reconhecimento desses indicadores, os membros das equipes têm condições de iniciar as respostas ou as atividades de contenção. Portanto, o reconhecimento imediato é a grande vantagem dos processos e sistemas de assistência à saúde cujos escopos incorporem medidas de segurança.

As práticas implementadas nos hospitais comprovam esse tipo de abordagem. Os hospitais precisam avaliar seus riscos específicos e implementar os respectivos programas. Embora não sejam adequados às necessidades de todas as instalações, esses programas geralmente apresentam a base conceitual da abordagem. Por exemplo, o University Hospital, um centro de traumatologia Nível 1 com 404 leitos, com serviços de oncologia e saúde da mulher, localizado na região do Meio-Oeste dos Estados Unidos, também possui um departamento de serviços de doenças infecciosas que opera a maior clínica de HIV/AIDS da região. No início da década de 1990, o departamento de assistência à saúde dos funcionários do hospital observou um ligeiro aumento nas conversões de teste de pele de tuberculose na equipe. A investigação revelou que houve atraso no diagnóstico de vários casos de tuberculose ativa. A causa mais comum do atraso era que os pacientes apresentavam sintomas consistentes com pneumonia adquirida na comunidade e, nessa circunstância, a infecção de tuberculose não foi considerada o fator principal, embora constasse no diagnóstico diferencial. Portanto, as estratégias preventivas não foram iniciadas de imediato. Os testes diagnósticos foram realizados no segundo ou terceiro dia de hospitalização. Esses atrasos representaram exposições do pessoal de atendimento à saúde no local de trabalho. Em resposta a essa investigação, foram iniciadas modificações no sistema a fim de reconhecer mudanças na população e aumentos no risco para o pessoal da assistência à saúde. O departamento desenvolveu um protocolo exigindo que todos os pacientes internados com pneumonia adquirida na comunidade fossem imediatamente colocados em isolamento, para evitar a transmissão de infecção pelo ar, até a eliminação da tuberculose. Essa modificação no sistema agilizou os processos de avaliação, permitindo que o isolamento fosse interrompido logo após a eliminação da causa transmissível. Nos 10 anos que se seguiram, todos os pacientes sem suspeita de tuberculose foram isolados pela aplicação desse processo que possibilita antecipar a identificação de riscos. A abordagem do sistema deu suporte a essa atividade preventiva, gerando resultados positivos para a segurança do ambiente de assistência à saúde. Curiosamente, essa abordagem resultou também no isolamento de pacientes com pneumonia associada a gripe, melhorando a segurança do ambiente para pacientes, funcionários e famílias. A equipe do hospital foi bem treinada na coleta segura de espécimes respiratórios para realização de testes laboratoriais. Além disso, esse processo reduziu o risco de transmissão de infecções respiratórias para os funcionários, bem como as relações potenciais entre doenças de pacientes e enfermidades da equipe médica.

 

Resposta

O exemplo desse hospital-escola demonstra a utilidade do reconhecimento imediato e de processos rápidos de identificação de riscos. Isso agiliza a implementação dos processos de resposta. A resposta inclui mecanismos que contêm pacientes infectados, e os exemplos contemplam isolamento ou quarentena. É importante fazer a distinção entre esses dois termos.

 

      Isolamento: separação e confinamento de indivíduos reconhecidamente infectados ou com suspeita (com base em sinais, sintomas ou descobertas laboratoriais) de infecção por doenças contagiosas, a fim de evitar a transmissão para terceiros.

      Quarentena: separação física compulsória que proíbe a movimentação, com isolamento de populações ou de grupos de indivíduos saudáveis que tenham sido potencialmente expostos a doenças contagiosas.

 

Após a identificação do risco, é possível iniciar atividades para obtenção de respostas adequadas. Os esforços de alerta para emergências facilitam o reconhecimento imediato, de maneira que as respostas começam a ocorrer no início da seqüência do processo. Os esforços de resposta incluem uma grande variedade de atividades que disparam os processos de contenção, tais como isolamento e agrupamento. De acordo com a necessidade, as respostas podem incluir também sistemas de administração de incidentes. Esse tipo de processo exige que as organizações sejam capazes de identificar, de forma permanente e ininterrupta, funções ou indivíduos responsáveis.

 

Contenção

A contenção torna-se uma iniciativa primária depois de situações envolvendo a identificação de paciente(s) reconhecidamente infectado(s) ou com suspeita de infecção. Isso pode ser feito por meio de ações como isolamento ou segregação. Em qualquer dessas ações, os profissionais da área de atendimento à saúde devem usar equipamentos de proteção e, se a condição permitir, colocar máscaras nos pacientes, agrupando-os com outros indivíduos com o mesmo diagnóstico, ou qualquer combinação dessas ações. Nesses casos, é necessário proceder como segue: analisar as situações individuais, implementar atividades de contenção específicas para a causa ou a suspeita de causa e verificar os modos de transmissão e as pessoas envolvidas.

A contenção exige também a adoção de medidas drásticas para aumentar as capacidades de circulação existentes. Isso inclui espaço físico para pacientes ou mudanças no ambiente de atendimento à saúde, tais como aumentar a capacidade para atendimento de afluxos dos ambientes de pressão negativa. As complexidades desse processo ressaltam a necessidade de pré-planejamento. Vários documentos úteis foram incluídos na seção “Ferramentas e Recursos” deste capítulo.

 

Comunicação

A comunicação adequada e inclusiva, tanto interna quanto externa, é um componente essencial desses processos. Em situações envolvendo paciente(s) infectado(s), a comunicação direta com o departamento de saúde local deve sempre ser incluída na resposta inicial. No esforço de agilizar a comunicação, as organizações não podem, em hipótese alguma, ignorar o departamento de saúde local. Uma das várias responsabilidades do sistema de saúde pública local é garantir, com indivíduos e organizações, o compartilhamento de conhecimentos que possam ajudar em situações adversas. Qualquer falha nessa cadeia de comunicação gera confusão e interrompe importantes vínculos organizacionais e oficiais. A manutenção de um número telefônico disponível 24 horas por dia deve ser instituída nos planos de resposta a emergências.

A comunicação inclui também métodos ou equipamentos utilizados nos processos. Os sistemas de informação devem ser envolvidos na avaliação da capacidade organizacional existente e no desenvolvimento de planos futuros. Geralmente, nos momentos de crise, os métodos usuais de comunicação podem falhar. Portanto, é necessário considerar e testar medidas de suporte.

 

Seleção de estratégias e intervenções para atender ao padrão CI.6.10

A próxima seção apresenta estratégias e intervenções práticas para auxiliar os profissionais de controle de infecções a atenderem os dispositivos do padrão CI.6.10.

 

Estudo de Caso

O seguinte caso destaca um modelo de implementação do padrão CI.6.10 em determinada instalação hospitalar e de comprovação de adesão aos elementos de desempenho.

A enfermeira do departamento de emergências comunica à supervisora de enfermagem sua preocupação em relação ao número de pacientes no departamento nos últimos dias. Ela percebeu o maior número de pacientes e observou que o tempo de atendimento estava aumentando. A movimentação de internações do departamento de emergências para a área de enfermaria é mais lenta. As áreas de espera também estão superlotadas de pacientes com sintomas respiratórios. A supervisora de enfermagem verifica a estatística do período da manhã e revê as informações dos últimos dias. Ela percebe que houve um aumento no número de pacientes no departamento de emergências com sintomas respiratórios. Porém, há significativamente mais pacientes solicitando internação para esses sintomas nesta noite que na noite anterior. Embora preocupada, ela não se alarma e decide solicitar informações imediatas ao Departamento de Controle de Infecções sobre assuntos relacionados à acomodação de pacientes. Além disso, a situação de leitos é alarmante, ou seja, todos os leitos privados disponíveis estão ocupados e sua maior preocupação é se os pacientes foram alocados para o ambiente adequado. Ela pergunta-se, por exemplo, se seria necessário acomodar alguns ou todos os pacientes em ambientes com fluxo de ar negativo.

Esse caso mostra algumas complexidades dos programas eficazes de prevenção e controle de infecções, tais como:

 

      Educação dos responsáveis pela tomada de decisão em nível organizacional (p. ex., a supervisora de enfermagem).

      Capacidade para captar informações que possam ser transformadas em dados para orientar as decisões (dados estatísticos, estudos sindrômicos).

      Envolvimento imediato do Departamento de Controle de Infecções.

      Avaliação ativa do nível de adequação do ambiente de atendimento a saúde.

      Capacidade da planta física.

 

Os EDs relacionados a estudos, medições de desempenho e lideranças serão discutidos em outros capítulos. A avaliação da capacidade das plantas físicas ou do ambiente de atendimento são considerações importantes à luz do padrão CI.6.10. Conforme mencionado, não é necessário que todas as organizações de assistência à saúde apliquem esse padrão da mesma maneira. Pelo contrário, cada organização deve avaliar as próprias capacidades e o papel que desempenha na comunidade em relação à assistência à saúde e à prestação de serviços. Avaliações completas das limitações e capacidades do(s) prédio(s), da área de utilidades, dos sistemas de ventilação, dos equipamentos e dos suprimentos permitem que os planejadores determinem focos de necessidades, priorizem atividades e definam dotações orçamentárias para as atividades. As capacidades existentes para promoção de adesão à higiene respiratória ou ao “protocolo da tosse”, mediante fornecimento de máscaras, tecidos e limpeza ambiental, devem ser avaliadas da mesma forma que os indicadores das implementações ou mudanças no processo existente.

Conhecer o sistema de ventilação da planta física é uma responsabilidade importante dos profissionais de controle de infecções. A Figura 6-2 mostra um quarto típico de paciente, com o sistema de distribuição de ar. Ela ilustra a localização usual dos dutos de alimentação e de retorno de ar, bem como a relação entre fluxo de ar e localização dos leitos dos pacientes. A Figura 6-3 mostra que uma única área de atendimento de pacientes em geral possui suprimento de ar proveniente de uma ou mais unidades de alimentação. Durante a realização de investigações sobre localização de pacientes, o tema relacionado à divisão do ambiente entre eles é essencial.

 

FIGURA 6-2 Distribuição de ar em quarto individual.

Esta figura mostra a transferência e a troca de ar em um quarto de hospital para um paciente.

Fonte: Ilustração fornecida por Jim Hemmer, PE, Luckett & Farley, Louisville, KY. Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-3 Desenho esquemático de vários dispositivos de alimentação de ar em uma área de atendimento individual.

Esta figura mostra a instalação de dispositivos de alimentação de ar em um hospital.

Fonte: Ilustração fornecida por Jim Hemmer, PE, Luckett & Farley, Louisville, KY. Utilizada com autorização.

 

Resumo

Os comentários finais sobre esse padrão incluem a necessidade de planejar em pequena escala (instalações individuais ou organizações) e em larga escala (comunidades). Levando em consideração que muitas equipes mudam de uma organização para outra, a harmonia dos planos aumenta a capacidade de adesão. Ao trabalhar com órgãos locais de atendimento de emergências, com associações hospitalares locais e outras áreas, as organizações de assistência à saúde ajudam a promover essa harmonia e a estabelecer as bases de colaboração de longo prazo.

 

Ferramentas e recursos

As ferramentas a seguir trazem exemplos de processos eficazes e informações que podem ser usados como modelo para a elaboração de planejamentos organizacionais. O padrão CI.6.10 não exige que todas as organizações desenvolvam planos similares. Pelo contrário, seu objetivo é orientar as organizações a avaliar as respectivas capacidades e o papel que desempenham nas comunidades e usar essas informações na preparação para atendimentos emergenciais. Essas ferramentas também abordam infecções emergentes e agentes de bioterrorismo.

 

FIGURA 6-4: Preparação para afluxos de pacientes infectados e isolamento contra infecções transmissíveis pelo ar.

A consciência de que o afluxo de pacientes que necessitem de ambientes com fluxo de ar negativo pode exceder as capacidades físicas das plantas é extremamente relevante. Como parte da etapa inicial dos processos de planejamento, as informações a seguir podem ser o ponto de partida dos processos de avaliação que poderão ser incluídos nos planos de alerta para atendimento de emergências. Embora não sejam abrangentes, essas informações podem se transformar na base das discussões iniciais com a equipe de engenharia, com o supervisor de segurança e com a equipe médica.

 

      Identificação de ambientes com fluxo de ar negativo e cálculo da capacidade.

      Garantia do status de fluxo de ar negativo usando um bastão de fumaça ou outro processo semelhante.

      Avaliação do sistema de vedação de cada quarto. Verificar as vedações ao redor de janelas e tomadas elétricas.

      Seleção de área adequada para capacidade de surtos (ala ou prédio separado) levando em consideração os seguintes aspectos:

o  Sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado existentes.

o  Localização de populações adjacentes em todas as direções, principalmente áreas de risco elevado, como as de oncologia e enfermarias.

o  Controle de acesso de acordo com o padrão de tráfego.

o  Condições de acesso nas áreas de contato inicial com pacientes (departamento de emergências, internações, etc.).

o  Infraestrutura de utilidades e de serviços existentes:

-     Tomadas elétricas para a energia de suporte de emergências

-     Suprimento de oxigênio

-     Gás para uso médico

-     Sucção

-     Pias

-     Cômodas

      Elaboração de um plano de pavimentos indicando blocos de quartos/áreas servidas por dispositivos de alimentação de ar.

      Elaboração de um plano indicando blocos de quartos/áreas servidos por exaustores.

      Elaboração de um desenho esquemático para cada sistema de unidades de alimentação de ar, indicando o fluxo para cada quarto, o fluxo de ar de retorno, os sistemas de exaustão associados e os padrões de recirculação. Essas informações ajudam a reconsiderar a seleção inicial da área.

      Identificação dos pontos de exaustão de ar. Verificar se estão a uma distância de pelo menos 7 m de qualquer entrada de ar e 90 m de qualquer outro tipo de entrada para instalações.

      Avaliação dos equipamentos existentes, incluindo ventiladores, dispositivos de sucção portáteis e tanques de oxigênio de reserva.

      Avaliação do sistema de suprimento de materiais existente, incluindo equipamentos de proteção individual (EPIs) e materiais para sucção.

 

Recomenda-se a utilização das informações apresentadas no algoritmo “Manejo e Acomodação de Pacientes para Precauções contra Infecções Transmissíveis pelo Ar” (Fig. 6-5) na tentativa de identificar outras possibilidades de isolamento contra infecções transmissíveis pelo ar.

 

As informações constantes desta lista ajudam a disparar os processos de avaliação para determinar quais pacientes necessitam de ambientes com fluxo de ar negativo/isolamento contra infecções transmissíveis pelo ar.

Fonte: Ruth Carrico, Ph.D., R.N., C.I.C., 2005. Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-5: Manejo e acomodação de pacientes para precauções contra infecções transmissíveis pelo ar.

Adaptada de Rebmann, T. (in press). Management of Patients Infected With Airborne-Spread Diseases: An Algorithm for Infection Control Professionals. American Journal of Infection Control.

Este diagrama ilustra o procedimento para acomodação de pacientes em quartos de isolamento contra infecções/pressão negativa e apresenta métodos para estabelecimento de pressão negativa temporária.

Fonte: Adaptada de Rebmann, T. (in press). Management of Patients Infected With Airborne-Spread Diseases: An Algorithm for Infection Control Professionals. American Journal of Infection Control. Am J Infec Control. Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-6: Considerações sobre saúde ocupacional/funcionários nos alertas para atendimento de emergências.

Os afluxos de pacientes infectados causam impactos na segurança das equipes, incluindo a equipe médica, estudantes e equipes suplementares. Os planos devem englobar elementos que permitam reconhecer imediatamente e dar respostas rápidas para melhorar as condições de proteção da saúde e de segurança de todo o pessoal envolvido no atendimento à saúde.

      Trabalhar agora para determinar a linha básica das doenças dos funcionários como meio de reconhecer quaisquer alterações nas taxas.

      Usar princípios de controles estatísticos na avaliação de doenças significativas, incluindo febre, doenças respiratórias, sintomas gastrintestinais, exantemas ou lesões na pele.

      Desenvolver um processo de implementação rápida e fácil que permita aos funcionários do atendimento identificar atividades que os coloquem em situações de risco quando estiverem atendendo pacientes infectados ou com suspeita de doenças infecciosas. Por exemplo, uma lista atualizável que indique cada funcionário da assistência à saúde que tenha entrado em determinado quarto de paciente ou compartilhado o mesmo ar.

      Desenvolver processos que possam ser utilizados nas vacinações em massa, nas profilaxias pós-exposição ou na distribuição de EPIs (p. ex., máscaras). Considerar como incluir membros imediatos da família dos funcionários.

      Identificar recursos da saúde mental para assistir em tratamentos mentais pós-eventos.

      Avaliar continuamente o plano de proteção respiratória existente, prestando atenção em assuntos relacionados à cadeia de suprimentos (supply chain) que possam comprometer a integridade do plano.

      Avaliar os processos existentes que abordam imunização dos funcionários da área de assistência à saúde.

      Desenvolver planos ostensivos para melhoria nas taxas de aceitação da imunização contra gripe.

      Monitorar, na literatura, alterações iminentes nas vacinas que possam causar impactos nos funcionários da assistência (p. ex., coqueluche).

 

Esta lista apresenta estratégias de alerta para atendimento de emergências e de respostas rápidas para proteger a saúde e a segurança do pessoal do atendimento médico.

Fonte: Ruth Carrico, Ph.D., R.N., C.I.C., 2005. Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-7: Procedimentos de comunicação para profissionais de assistência à saúde aplicáveis a informações sobre incidentes conhecidos ou incidentes potenciais de bioterrorismo.

Criado pelo Institute for Bio-Security at Saint Louis University, School of Public Health.

Este diagrama ilustra o procedimento que os profissionais da área de assistência à saúde devem usar para comunicar incidentes de bioterrorismo.

Fonte: Institute for Bio-Security at Saint Louis University, School of Public Health, St. Louis, MO. Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-8: Testes laboratoriais de doenças vesiculares agudas generalizadas ou doenças com erupção pustular – alto risco.

Esta figura representa o procedimento para realização de testes de doenças vesiculares agudas generalizadas ou doenças com erupção pustular de alto risco.

Fonte: Institute for Bio-Security at Saint Louis University, School of Public Health, St. Louis, MO.

Fonte Original: www.bt.cdc.gov/agent/smallpox/diagnosis/rashtestingprotocol-chart2.asp.

Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-9 Testes laboratoriais de doenças vesiculares agudas generalizadas ou doenças com erupção pustular – risco baixo/moderado.

Esta figura representa o procedimento para realização de testes de doenças vesiculares agudas generalizadas ou doenças com erupção pustular, com risco baixo/moderado.

Fonte: Institute for Bio-Security at Saint Louis University, School of Public Health, St. Louis, MO.

Fonte Original: www.bt.cdc.gov/agent/smallpox/diagnosis/rashtestingprotocol-chart2.asp.

Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-10: Formulário de resposta à exposição potencial a substâncias infecciosas.

Local

Data

Formulário n.

Hora

Nome e número para contato do indivíduo com exposição potencial

Nome e número para contato do indivíduo com exposição potencial

Nome e número para contato do indivíduo com exposição potencial

Nome e número para contato do indivíduo com exposição potencial

Nome e número para contato do indivíduo com exposição potencial

Nome e número para contato do indivíduo com exposição potencial

Indivíduos contaminados in loco:

Amostras colhida(s) no local:

Sim

Não

 

Tipo de embalagem da amostra:

Amostra(s) enviada(s) para:

Saco duplo

Hospital

Outro __________________________________

Outro _______________________________

Assinatura do Responsável pela Emergência:

Ação do Laboratório

Ação da Resposta

Amostra(s) liberada(s) por:

Nome(s) do(s) indivíduo(s) exposto(s) notificado(s):

Amostra(s) recebida(s) por:

Data/hora do recebimento da(s) amostra(s):

Data e hora da notificação:

Lista da(s) amostra(s) recebida(s) pelo laboratório:

Quem fez a notificação:

Coloração do gram inicial e/ou data do exame e resultado:

Instruções:

Resultados comunicados para:

Data e hora da comunicação interna:

Data e hora da comunicação externa:

Resultado da cultura inicial e data:

Nome(s) do(s) indivíduo(s) exposto(s) notificado(s):

Resultados comunicados internamente para:

Data e hora da notificação:

Data e hora da comunicação interna:

Quem fez a notificação:

Data do envio para o laboratório do Estado:

Instruções:

Não-indicada

Item(ns) enviado(s) para o laboratório do Estado:

Amostra(s) liberada(s) por:

Amostra(s) recebida(s) por:

 

 

Resultados do laboratório do Estado e data:

Nome(s) do(s) indivíduo(s) exposto(s) notificado(s):

Resultados comunicados internamente para:

Data e hora da notificação:

Data e hora da comunicação interna:

Quem fez a notificação:

Data e hora da comunicação externa:

Instruções:

Este modelo de formulário destina-se aos profissionais do setor de assistência à saúde e sua finalidade é avaliar pacientes com potencial de exposição a substâncias infecciosas.

Fonte: Ruth Carrico, Ph.D., R.N., C.I.C., 2005. Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-11: Avaliação clínica de pacientes com possível antraz inalacional.

Este fluxograma mostra as etapas do processo de avaliação de pacientes que possam ter inalado antraz.

Fonte: Institute for Bio-Security at Saint Louis University, School of Public Health, St. Louis, MO.

Fonte Original: Centers for Disease Control and Prevention (CDC): MMWR Morb Mortal Wkly Rep 50(43):941-948, Nov 2, 2001. Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-12: Avaliação clínica de pacientes com possível antraz cutâneo.

Este fluxograma mostra as etapas do processo de avaliação de pacientes que possam ter sido expostos ao antraz pela pele.

Fonte: Institute for Bio-Security at Saint Louis University, School of Public Health, St. Louis, MO.

Fonte Original: Centers for Disease Control and Prevention (CDC): MMWR Morb Mortal Wkly Rep 50(43):941-948, Nov 2, 2001. Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-13: Administração de exposição à bordetella pertussis (Coqueluche).

Este fluxograma mostra o procedimento para avaliar e atender casos de pacientes com coqueluche.

Fonte: Ruth Carrico, Ph.D., R.N., C.I.C., 2005. Utilizada com autorização.

 

 

FIGURA 6-14: Administração de exposição ao vírus da rubéola.

Este fluxograma mostra o procedimento para o atendimento de pacientes e de profissionais da assistência à saúde que tenham sido expostos ao vírus da rubéola.

Fonte: Ruth Carrico, Ph.D., R.N., C.I.C., 2005. Utilizado com autorização.

 

 

FIGURA 6-15: Administração de exposição ao vírus da varicela-zoster (catapora) e ao do herpes zoster (cobreiro).

Este fluxograma mostra o procedimento para manipular possíveis infecções envolvendo catapora e cobreiro.

Fonte: Ruth Carrico, Ph.D., R.N., C.I.C., 2005. Utilizado com autorização.

 

 

FIGURA 6-16: Guia para prevenção de transmissão de infecções selecionadas.

Desenho original por LTC Suzanne E. Johnson, RN, MSN, CIC, Walter Reed Army Medical Center.

Esta tabela mostra orientações e precauções para evitar transmissão de várias infecções, incluindo agentes bacterianos, vírus e toxinas biológicas.

Fonte: Suzanne E. Johnson, R.N., M.S.N., C.I.C., Walter Reed Army Medical Center. Utilizada com autorização.

 

Recursos Complementares

New York State Preparedness Guidance Document. Dec. 2003. www.health.state.ny.us/nysdoh/sars/preparedness_gui-dance/pdf/sars_guidance.pdf (acessado em 24/09/2005).

American Psychiatric Association, Disaster Psychiatry Page. www.psych.org/disasterpsych/links/weblinks.cfm (acessado em 24/09/2005).

APIC Test of Infection Control and Epidemiology, rev. ed. Carrico R. (ed.). Washington, DC: Association of Professionals in Infection Control and Epidemiology, Inc., 2005.

Bioterrorism Readiness Plan, A Template for Health Care Facilities. Association for Professionals in Infection Control and Epidemiology (APIC) and Centers for Disease Con-trol (CDC). Apr. 2002. Interim Planning Suggestions. www.apic.org/Content/Navigation-Menu/Practice-Guidance/Topics/Bioterrorism/Bioterrorism.htm (acessado em 24/09/2005).

Canadian Centre for Emergency Preparedness. www.ccep.ca (acessado em 24/09/2005).

Heymann D., ed.: Control of Communicable Diseases Manual, 18th edition. Washington, D.C.: American Public Health Association, 2005.

CDC. Bioterrorism Preparadness & Response. www.bt.cdc.gov (acessado em 24/09/2005).

St. Louis University, Institute for Bio-Security. http://bioterrorism.slu.edu (acessado em 24/09/2005).

Federal Emergency Management Agency (FEMA), Guide for All Hazards Emergency Operations Planning. Attachment G: Terrorism. Apr. 2001. www.fema.gov/rrr/allhzpln.shtm (acessado em 24/09/2005).

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