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Índice

Revisão sobre gripe suína - Influenza A H1N1

Autores:

Euclides F. de A. Cavalcanti

Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Marcelo Litvoc

Médico da Disciplina de Infectologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 12/09/2009

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Informativos sobre gripe suína – Influenza A (H1N1)

            A partir da semana de 27/04/09 a 02/05/09 o MedicinaNet passou a disponibilizar informativos sobre a gripe suína, também conhecida como Influenza A (H1N1). Os informativos são abertos para que médicos, estudantes de medicina e outros profissionais de saúde possam acessar o conteúdo. O coordenador do informativo sobre a infecção por Influenza A (H1N1) é o Dr. Marcelo Litvoc, infectologista do Hospital das Clínicas da FMUSP.

            Na medida em que: 1) os casos graves da doença estão diminuindo no Brasil e o hemisfério norte se prepara para uma nova onda de disseminação; e 2) a doença demonstrou ser leve na enorme maioria das pessoas; os informativos deixarão de ser atualizados com tanta freqüência e passarão a aparecer na Homepage apenas quando houver novas atualizações do texto, que serão realizadas na medida do necessário. Este informativo permanecerá disponível na Homepage até o dia 11/10/2009 e posteriormente na sessão de infectologia.

 

Revisão sobre Influenza A (H1N1)

 

Nesta última atualização damos destaque para:

 

1.     Os casos de infecção pelo influenza A (H1N1) estão diminuindo em países do hemisfério sul, incluindo o Brasil, e os países do hemisfério norte se preparam para uma nova onda de disseminação.

2.     Recomendações de Vacinação nos Estados Unidos

3.     Declaração do CDC sobre as infecções fatais em crianças nos Estados Unidos. Das 36 mortes, aproximadamente 2/3 eram portadoras de comorbidades. Nas crianças sem comorbidades que vieram a óbito a maioria tinha infecção bacteriana superajuntada.

 

Sobre o vírus influenza A (H1N1)

            A gripe suína é uma infecção respiratória causada por uma cepa do vírus influenza do tipo A que causa regularmente surtos de influenza em porcos. A doença acomete quase que exclusivamente os porcos, no entanto, uma nova cepa do vírus - derivada, em parte do vírus influenza humano, em parte do influenza aviário e, em parte, do vírus influenza suíno - tem demonstrado ser transmissível para os seres humanos e, pior, de seres humanos para seres humanos.

           

Mutações do vírus influenza

            Assim como todos os outros vírus influenza, os vírus influenza da gripe suína sofrem mutações constantemente. Além de serem infectados pelos vírus influenza suínos, sendo o subtipo mais comum o subtipo H1N1, os porcos podem ser infectados por influenza aviários e influenza humanos. Quando estes diferentes tipos de vírus influenza infectam os porcos, o DNA dos vírus pode sofrer recombinação (troca de genes) e um novo vírus com características do influenza humano, aviário e suíno, pode surgir.

 

Transmissão do Influenza A (H1N1)

            Os vírus habitualmente causadores da gripe suína não costumam ser transmitidos para seres humanos, embora ocorram casos isolados de transmissão para pessoas com maior exposição direta aos porcos. Geralmente, estas infecções não são transmitidas entre os seres humanos. Esta nova cepa do vírus, no entanto, demonstrou ser contagiosa entre seres humanos, e dados publicados pela revista Science (ver abaixo) indicam que este vírus é mais transmissível do que os vírus Influenza sazonais. Devemos destacar, no entanto, que o vírus da gripe suína não é transmitido pela ingestão de carne de porco.

 

Sintomas de infecção por Influenza A (H1N1) e gravidade da pandemia

            Os sintomas da infecção por Influenza A (H1N1) são similares aos de uma gripe comum e incluem coriza, febre, mal-estar, tosse, dor de garganta, falta de apetite e queda do estado geral. Podem estar presentes também diarréia, náuseas e vômitos. No entanto, a infecção por influenza A (H1N1) parece ligeiramente mais grave do que uma gripe comum (ver dados da revista Science abaixo), e o sistema respiratório parece ser acometido com maior gravidade, podendo provocar pneumonia e eventualmente à morte, o que ocorre principalmente no grupo de risco para complicações de influenza, que são os idosos acima de 60 anos, crianças menores de dois anos, gestantes, pessoas com deficiência imunológica (pacientes com câncer, em tratamento para aids ou em uso regular de corticosteróides), hemoglobinopatias (doenças provocadas por alterações da hemoglobina, como a anemia falciforme), diabetes, obesidade mórbida, doença cardíaca, pulmonar ou renal crônica. Devemos destacar, no entanto, que apesar do Influenza A (H1N1) ter taxa de letalidade semelhante à do influenza sazonal, o novo vírus tem acometido com maior freqüência indivíduos jovens e casos graves em pessoas sem comorbidades tem sido descritos nesta população (ver declaração do CDC abaixo).

            As estimativas iniciais apontavam para uma letalidade ao redor de 6% nos pacientes acometidos, mas dados recentes sugerem que a gravidade seja muito menor. A letalidade dos casos confirmados no mundo é ao redor de 0,4%, mas como esta nova forma do vírus é provavelmente subdiagnosticada (ver declaração do CDC abaixo), provavelmente a letalidade é ainda menor. De fato, a OMS e o Ministério da Saúde divulgaram diversos documentos reafirmando que o vírus influenza A (H1N1) causa doença leve na maioria das pessoas.

            Atualmente, o Ministério da Saúde e a OMS não divulgam mais a taxa de letalidade do vírus, uma vez que os casos leves não são mais notificados e investigados.

 

Ministério da Saúde - Mudanças no manejo clínico de casos suspeitos de infecção pelo Influenza A (H1N1)

            Até o dia 05/07/2009 os critérios de caso suspeito de influenza A (H1N1), estabelecidos pelo Ministério da Saúde eram:

 

         Indivíduo que apresentar doença aguda de início súbito com febre (temperatura acima de 37,5 graus, medida ou referida pelo paciente) acompanhada de tosse ou dor de garganta, na ausência de outros diagnósticos, podendo ou não estar acompanhada de outros sinais e sintomas como cefaléia, mialgia, artralgia ou dispnéia, E:

 

A.    Tenha retornado, nos últimos 10 dias, de países com casos confirmados de infecção pelo novo vírus A (H1N1); OU

B.    Tenha tido contato próximo, nos últimos 10 dias, com uma pessoa classificada como caso suspeito ou confirmado de infecção humana pelo novo vírus influenza A (H1N1).

 

            No dia 06/07/2009, no entanto, houve um pronunciamento do Ministério da Saúde que mudou a abordagem dos casos suspeitos (ver – Influenza A (H1N1) - novas recomendações para exames e tratamento), e no dia 08/07/2009 foi publicado um novo protocolo de condutas que modifica de forma importante o manejo dos casos (atualizado dia 15/07/2009 e novamente em 07/08/2009). Nas novas recomendações, perde importância a situação epidemiológica (viagem ou contato com casos suspeitos ou confirmados) do paciente e ganha importância a gravidade com que o paciente se apresenta clinicamente na investigação e tratamento de novos casos.

 

Resumo das recomendações do dia 06/07/2009

 

[Link livre para as novas orientações do Ministério da Saúde]

 

         A letalidade do novo vírus influenza A H1N1 é semelhante ao do vírus influenza sazonal, ao redor de 0,4%.

         Como a infecção é semelhante a uma gripe comum, a recomendação é que os pacientes procurem o serviço mais próximo ao apresentarem sintomas de gripe. Ou seja, não se indica mais que procurem os hospitais de referência, que não teriam como atender a demanda de todos os casos de gripe.

         No caso de sintomas leves, o médico orientará isolamento domiciliar, prescreverá afastamento do trabalho e orientará tratamento sintomático. Nestes casos não será feita confirmação laboratorial.

         A confirmação da nova gripe por exame laboratorial será feita apenas nos casos graves ou em amostras, no caso de surtos localizados.

         Se o quadro clínico inspirar cuidados ou for grave, indicando necessidade de internação, o paciente será encaminhado para um dos 68 hospitais de referência.

         Para promover o uso racional do antiviral e evitar que o vírus desenvolva resistência, o oseltamivir só será dado aos pacientes com agravamento do estado de saúde nas primeiras 48 horas desde o início dos sintomas.

         Pessoas pertencentes ao grupo de risco para complicações de influenza - idosos acima de 60 anos, crianças menores de dois anos, gestantes, pessoas com deficiência imunológica (pacientes com câncer, em tratamento para aids ou em uso regular de corticosteróides), hemoglobinopatias (doenças provocadas por alterações da hemoglobina, como a anemia falciforme), diabetes, doença cardíaca, pulmonar ou renal crônica – devem ser monitoradas constantemente, para indicação ou não de tratamento com oseltamivir, além de todas as demais medidas terapêuticas.

         O objetivo das novas recomendações é garantir atendimento ágil a pacientes com quadro grave ou com potencial para complicações e evitar superlotação de hospitais de referência com casos leves, que não têm indicação para internar todos os pacientes que chegam com sintomas de gripe.

         Logo, neste estágio, para as pessoas que têm sintomas de gripe, não faz mais diferença saber se é gripe comum ou a nova gripe. A exceção são os pacientes graves ou que podem ter o quadro de saúde agravado. Nesses casos, é importante saber o diagnóstico preciso para tratamento com antiviral específico e outros tratamentos conforme o caso.

 

Novo Protocolo do Ministério da Saúde - Resumo

            Em nosso site, publicamos integralmente o último protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológica da Influenza, que está disponível na Homepage. Abaixo, disponibilizamos um link para o documento original.

 

[Link para o protocolo atualizado do dia 05/08/2009 – Protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológica da Influenza]

 

            A seguir, alguns dos aspectos mais importantes do documento. Recomendamos também a leitura do documento na íntegra.

 

Definição de Caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)

Indivíduo de qualquer idade com doença respiratória aguda caracterizada por febre superior a 38ºC, tosse E dispnéia, acompanhada ou não de manifestações gastrointestinais ou dos sinais e sintomas abaixo:

 

a)   Aumento da freqüência respiratória (> 25 IRPM - Incursões Respiratórias por Minuto)

b)   Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente

c)   Em crianças além dos itens acima, observar também: batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência.

 

O quadro clínico pode ou não ser acompanhado de alterações laboratoriais e radiológicas listadas abaixo:

Alterações laboratoriais: leucocitose, leucopenia ou neutrofilia;

Radiografia de tórax: infiltrado intersticial localizado ou difuso ou presença de área de condensação.

 

Na presença desses sinais e sintomas o paciente deve ser enviado para internação.

 

Alerta: deve ser dada atenção especial a essas alterações quando ocorrerem em pacientes que apresentem fatores de risco para a complicação por influenza.

 

Orientações Gerais para o Manejo Clínico

 

a) Informações gerais

No indivíduo com manifestações clínicas compatíveis com doença respiratória aguda grave, deve-se:

 

-      Orientar o afastamento temporário, de acordo com cada caso, das atividades de rotina (trabalho, escola, etc) avaliando período de transmissibilidade da doença.

-      Utilizar equipamentos de proteção individual conforme orientações nesse Protocolo (ver documento na íntegra);

-      Realizar avaliação clínica minuciosa

-      Coletar amostra de secreção nasofaringeana e de sangue, até o 7º dia de início dos sintomas;

-      Recomenda-se fortemente internar o paciente, dispensando-lhe todos os cuidados que o caso requer.

-      Todo paciente, uma vez instalado o quadro de síndrome gripal, MESMO EM QUADRO LEVE ONDE NÃO ESTÁ INDICADA A INTERNAÇÃO HOSPITALAR, deve ser orientado a ficar atento a todos os sinais e sintomas de agravamento e, em persistindo ou piorando um sinal ou sintoma nas 24 a 48 horas, consecutivas ao exame clínico, ele deve RETORNAR imediatamente a um serviço de saúde. Mecanismos adicionais podem ser desenvolvidos em cada unidade de saúde de modo a ajudar nesse monitoramento, no intervalo de 24h a 48h, visando a identificação precoce de sinais de agravamento.

 

Importante: Para menores de 18 anos de idade é contra-indicado o uso de salicilatos em casos suspeitos ou confirmados de infecção por vírus influenza, por causa do risco de desenvolvimento da Síndrome de Reye.

 

b) Grupos e fatores de risco para complicações por influenza

 

-      Grupo de risco: pessoas que apresentam as seguintes condições clínicas abaixo:

•      Imunodepressão: por exemplo, indivíduos transplantados, pacientes com câncer, em tratamento para aids ou em uso de medicação imunossupressora;

•      Condições crônicas: por exemplo, hemoglobinopatias, cardiopatias, pneumopatias, doenças renais crônicas, doenças metabólicas (diabetes mellitus e obesidade móbida (Índice de Massa Corporal > 40))

 

-      Fatores de risco:

•      Idade: inferior a 02 ou superior a 60 anos de idade;

•      Gestação: independente da idade gestacional.

 

ATENÇÃO!

 

Todos os indivíduos que compõem o grupo de risco ou que apresentem fatores de risco para complicações de influenza requerem - obrigatoriamente - avaliação e monitoramento clínico constante de seu médico assistente, para indicação ou não de tratamento com Oseltamivir; além da adoção de todas as demais medidas terapêuticas.

Atenção especial deve ser dado às grávidas, independentemente do período de gestação.

 

c) Avaliação simplificada de gravidade em serviços de saúde de atenção primária e secundária

Os casos de DRAG deverão serão encaminhados para o Hospital de Referência, se apresentarem um ou mais dos sinais e sintomas abaixo.

 

c.1. Avaliação em adultos

-      Confusão mental

-      Freqüência Respiratória > 30 IRPM

-      PA diastólica < 60 mmHg ou PA sistólica < 90 mmHg

-      Idade > 60 anos de idade

 

c.2. Avaliação em crianças

-      Cianose

-      Batimento de asa de nariz

-      Taquipnéia: 2 meses a menor de 1 ano (>50 IRPM); 1 a 5 anos (>40 IRPM)

-      Toxemia

-      Tiragem intercostal

-      Desidratação/Vômitos/Inapetência

-      Dificuldade para ingestão de líquidos ou amamentar

-      Estado geral comprometido

-      Dificuldades familiares em medicar e observar cuidadosamente

-      Presença de co-morbidades/Imunodepressão

 

Aspectos Laboratoriais

 

ATENÇÃO

O exame laboratorial para diagnóstico específico de influenza A (H1N1) somente está indicado, para:

1. Acompanhar casos de doença respiratória aguda grave.

2. Em casos de surtos de síndrome gripal em comunidades fechadas, segundo orientação da vigilância epidemiológica, três amostras são necessárias para definição de surto, conforme página 29.

 

Indicação para a coleta de amostras no indivíduo doente

Diante de um caso suspeito de doença respiratória aguda grave (apresentando ou não fator de risco para complicações) poderão ser coletadas amostras clinicas de:

 

-      Secreção nasofaringeana: para detecção de vírus influenza

-      Sangue para hemocultura: para realização de pesquisa de agentes microbianos e avaliação da resistência antimicrobiana.

-      Outras amostras clínicas: serão utilizadas apenas para monitoramento da evolução clínica do paciente e/ou para realização de diagnóstico diferencial, conforme hipóteses elencadas pelo médico do hospital de referência e as evidências geradas pela investigação epidemiológica.

 

ATENÇÃO

O Ministério da Saúde alerta aos profissionais de saúde e aos familiares de indivíduos com doença respiratória aguda grave que as condutas clínicas não dependem do resultado do exame laboratorial específico para influenza A(H1N1). O Ministério da Saúde esclarece ainda que este exame, mesmo quando indicado, demanda um tempo maior de realização, pela complexidade da técnica utilizada.

 

Indicações para o uso do Oseltamivir

 

a) Para tratamento

Segundo orientações do fabricante e da Organização Mundial da Saúde, o tratamento deve-se iniciar o mais breve possível dentro das primeiras 48 horas após o início dos sintomas. Como em toda prescrição terapêutica, atentar para as interações medicamentosas, as contra-indicações formais e os efeitos colaterais descritos na bula do medicamento. Este medicamento pode ainda induzir resistência dos vírus influenza, se utilizado de forma indiscriminada. Segundo a orientação do fabricante, o Oseltamivir deve ser usado durante a gravidez somente se o benefício justificar o risco potencial para o feto.

 

a.1) Indicação para tratamento:

Todos os indivíduos que apresentarem Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)

 

O Ministério da Saúde reitera que todos os indivíduos que compõem o grupo de risco ou que apresentem fatores de risco para complicações de influenza requerem - obrigatoriamente - avaliação e monitoramento clínico constante de seu médico assistente, para indicação ou não de tratamento com Oseltamivir; além da adoção de todas as demais medidas terapêuticas. Complementarmente a atenção especial deve ser dada às grávidas, independentemente do período de gestação.

 

a.2) Dosagem recomendada

A dose recomendada é de 75mg duas vezes ao dia, por cinco dias, para adultos. Para crianças acima de um ano de idade e menor que 12 anos com menos de 40 kg as doses variam de acordo com o peso, conforme especificação a seguir durante 05 dias:

 

Tabela de dosagem por peso e freqüência diária

Peso

Dose

Freqüência

Menos de 15 kg

30mg

Duas vezes ao dia

De 15 a 23 kg

45 mg

Duas vezes ao dia

De 23 a 40 kg

60 mg

Duas vezes ao dia

Acima de 40 kg

75 mg

Duas vezes ao dia

 

Deve-se ajustar a dosagem do medicamento nas seguintes situações:

•      Pacientes que apresentam obesidade mórbida (IMC>40): ajustar de acordo com o peso

•      Em pacientes sondados, atenção para a necessidade de dobrar a dose indicada

 

Fluxograma de atendimento de casos em atenção primária à saúde – Ministério da Saúde

 

Figura 1: fluxograma de atendimento de casos em atenção primária à saúde

 

Situação epidemiológica do novo vírus influenza A (H1N1)

 

Nível de alerta 6

            A epidemia de influenza A (H1N1) tem se alastrado rapidamente. No dia 29/04/2009 a Organização Mundial de Saúde elevou o nível de alerta de pandemia global de nível 4 para nível 5 (o que significava que mesmo que a maioria dos países não tivesse sido afetada havia fortes sinais de que uma pandemia era eminente). No dia 11/06/2009, a OMS declarou o início da fase de pandemia global elevando o nível de alerta de nível 5 para nível 6 (nível máximo). Devemos destacar, novamente, que este nível de alerta se refere à disseminação do vírus e não à gravidade do mesmo, como podemos observar na figura 1, retirada do site da OMS [link para o texto original]. e na tabela explicativa abaixo (Tabela 1).

 

Figura 1: nível de alerta para pandemia de influenza

 

Tabela 1: Risco de pandemia de influenza

Nível de alerta 1

Na natureza, os vírus influenza circulam continuamente entre os animais, especialmente os pássaros. Mesmo que estes vírus, em teoria, possam se desenvolver em vírus pandêmicos, nesta fase nenhum vírus que circula entre os animais foi identificado como causador de infecção em humanos.

Nível de alerta 2

Um vírus influenza que circula em animais domésticos ou selvagens foi identificado como causador da infecção em humanos e, portanto, é considerado como uma ameaça potencial de pandemia.

Nível de alerta 3

Um vírus influenza animal ou derivado de uma recombinação genética de vírus humano-animal causou casos esporádicos ou pequenos grupos de casos em humanos, mas não resultou em infecção de humanos para humanos suficiente para sustentar um surto comunitário. A limitação da transmissão de humanos para humanos pode ocorrer em algumas circunstâncias, por exemplo, quando há contato próximo de uma pessoa infectante com um cuidador. No entanto, transmissões nestas circunstâncias restritas não indicam que o vírus adquiriu capacidade de transmissão entre humanos, necessária para causar uma pandemia.

Nível de alerta 4

Foi identificada a capacidade de transmissão entre humanos de um vírus influenza animal ou derivado de uma recombinação genética de vírus humano-animal capaz de causar um surto comunitário. A capacidade de causar surtos comunitários sustentados em uma comunidade é marcador de um aumento significativo no risco de pandemia. Qualquer país que suspeitar ou verificar um evento como este deve informar a OMS, de forma que a situação seja abordada em conjunto e sejam tomadas as decisões, no país afetado, para implementação rápida de medidas para conter uma pandemia. A fase 4 representa um aumento significativo no risco de pandemia, mas não necessariamente que uma pandemia é inevitável.

Nível de alerta 5

É caracterizado pela transmissão entre humanos em pelo menos 2 países e em uma região do globo. Mesmo que a maioria dos países não tenha sido afetada nesta fase, um nível de alerta 5 é um forte sinal de que uma pandemia é iminente e que o tempo para organizar um plano de contingência é curto.

Nível de alerta 6

É a fase de pandemia, caracterizada por surtos comunitários em pelo menos outro país em outra região do globo, além dos critérios do nível de alerta 5. A designação desta fase indica que uma pandemia global está a caminho.

 

Influenza A (H1N1) no Brasil

            No Brasil, o Ministério da Saúde disponibiliza informativos sobre a situação epidemiológica do vírus [Link para o Boletim Eletrônico Epidemiológico – Semana Epidemiológica 34] [Nota para a imprensa]. No último informativo, destacam-se as seguintes informações:

 

Confirmada queda consistente no número de casos

 

         O número de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil (ver definição de SRAG no resumo do Protocolo do Ministério da Saúde abaixo), ou simplesmente casos graves causados pela Influenza A (H1N1) caiu PELA TERCEIRA SEMANA SEGUIDA, confirmando tendência que já havia sido observada nas semanas anteriores.

         Segundo a distribuição por Semana Epidemiológica (SE), foram registrados 151 casos graves causados pelo novo vírus na SE 34, que vai de 23 a 29 de agosto. Na SE 33, que vai 16 a 22 de agosto, houve 639 notificações. E na SE 32, que vai de 9 a 15 de agosto, foram 1.165 registros. 

         A análise epidemiológica dos dados permite concluir que a transmissão do novo vírus A (H1N1) e os casos graves provocados por ele estão diminuindo no Brasil.

         Entre 25 de abril e 29 de agosto, foram registrados, ao todo, 7.569 casos graves com confirmação laboratorial para algum tipo de influenza, sendo 6.592 (87,1%) positivos para o novo vírus A(H1N1).  

 

Óbitos

 

         Na SE 34 foram confirmados 657 óbitos por influenza A(H1N1). IMPORTANTE: o acréscimo no número de óbitos em relação ao último boletim NÃO SE REFERE A CASOS NOVOS DE PESSOAS QUE MORRERAM NO PERÍODO DE UMA SEMANA, mas a casos que tiveram confirmação laboratorial entre 23 e 29 de agosto.

 

Mulheres e Gestantes

 

         Um total de 2.933 mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) tiveram resultado positivo para o novo vírus A(H1N1) e desenvolveram a forma grave da doença. 

         Destas, 620 mulheres estavam grávidas. Entre as gestantes, 63 morreram. 

 

Influenza A (H1N1) no mundo

 

Figura 2: Último mapa disponibilizado pela OMS com os casos confirmados de influenza A (H1N1)

 

Declaração do CDC do dia 26/06/2009 – situação epidemiológica nos Estados Unidos

            O CDC realizou uma declaração oficial informando sobre o status da endemia nos Estados Unidos. Destacamos os principais pontos:

 

         Apesar da chegada do verão, continua havendo um aumento gradual no número de infectados.

         Há 12 estados com atividade de influenza disseminados, o que é muito pouco usual para esta época do ano (verão no Hemisfério Norte). Este é apenas mais um dado que sugere que o que se está vendo este ano é de alguma forma diferente do que o usualmente visto com o influenza sazonal.

         Nos testes virológicos que estão sendo realizados, o Influenza A (H1N1) atualmente representa 99% de todos os tipos isolados, o que significa que praticamente todo o influenza que está circulando é do subtipo H1N1.

         Provavelmente os 27.000 casos confirmados laboratorialmente são apenas a “ponta do iceberg”, e o CDC acredita que os Estados Unidos tiveram pelo menos 1 milhão de casos do novo vírus.

         O novo vírus afeta pessoas mais jovens em comparação com o influenza sazonal e a maior parte dos infectados tem idade abaixo de 50 anos, sendo a maioria abaixo de 25 anos. Aproximadamente 80% dos pacientes hospitalizados tem menos de 50 anos sendo a média dos casos hospitalizados de 19 anos. Dentre os pacientes que faleceram, a média de idade é de 37 anos.

 

Revista Science 14/05/2009: Potencial de pandemia da cepa de Influenza A (H1N1) – Achados Iniciais

 

(Link Livre para o Artigo Original)

 

            Por meio de uma análise da epidemia de Influenza A (H1N1) no México, os autores chegaram às seguintes conclusões:

 

         A letalidade estimada é ao redor de 0,4%, ou seja, menos letal do que o vírus causador da pandemia de 1918-1919, mas discretamente mais letal do que os vírus influenza sazonais.

         O vírus é transmitido mais eficientemente entre seres humanos do que os vírus influenza sazonais.

         As tachas de infecção são mais elevadas em crianças abaixo de 15 anos do que em adultos, sugerindo que, embora o vírus não tenha circulado previamente, os adultos podem ter alguma proteção devido à imunidade cruzada com outros vírus que circularam no passado.

 

Declaração do CDC do dia 04/09/2009 – mortes infantis nos Estados Unidos relacionadas ao Influenza A (H1N1)

            O CDC analisou as 36 mortes nos Estados Unidos que ocorreram em criaças com menos de 18 anos. [Link para o documento original]

         Das crianças que faleceram, 24 (67%) eram portadoras de condições crônicas, principalmente alteração de desenvolvimento neurológico (22 crianças).

         Coinfeção bacteriana ocorreu em 10 crianças, incluindo todas 6 crianças que não tinham condições crônicas e tinham idade superior a 5 anos. Este dado é um indicativo de que infecção bacteriana superajuntada deve ser suspeitada, principalmente se a criança retornar com deterioração após melhora inicial

Vacinação

 

Recomendações do CDC do dia 28/08/2009 - Vacinação

            Espera-se que a vacina esteja disponível nos Estados Unidos no meio de outubro, precedendo a nova onda de disseminação do vírus no hemisfério norte. Não haverá estoques suficientes para toda a população, de forma que terão prioridade os seguintes 5 grupos: [link para as recomendações]

 

         Mulheres grávidas

         Pessoas que vivem ou cuidam de crianças < 6 meses de idade

         Profissionais de saúde ou de serviços de emergência

         Crianças e adultos jovens entre 6 meses e 24 anos

         Pessoas entre 25 e 64 anos de idade com problemas de saúde que aumentam o risco de complicações de infecção por influenza

 

            Ao contrário da vacinação para o influenza sazonal, o grupo de idosos acima de 65 anos não é considerado prioritário, visto que tem demonstrado ter um baixo risco de infecção e complicações pelo H1N1.

 

Revista New England Journal of Medicine 10/09/2009– uma dose da vacina provavelmente será suciciente para a imunização

 

            Um estudo realizado com 300 pacientes saudáveis indica que uma dose da vacina é suficiente para imunização em 96% dos pacientes, e não houve relato de efeitos colaterais graves. [Link livre para o artigo original]

 

Bibliografia

 

1.     Ministério da Saúde - Informativos semanais sobre a situação epidemiológica do influenza A (H1N1)

[Último informativo do Ministério da Saúde sobre a situação epidemiológica do vírus – semana epidemiológica de 31/07/2009 a 11/08/2009]

2.     [Link livre para o novo protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológica da Influenza – dia 15/07/2009]

3.     Organização Mundial de Saúde (OMS) – com dados atualizados diariamente e recomendações para o enfrentamento da pandemia de influenza

(Link livre para recomendações da OMS)

4.     CDC (Centers for Disease Control and Prevention – Estados Unidos) com informações atualizadas sobre a pandemia de Influenza A (H1N1)

(Link livre para as recomendações do CDC)

5.     ANVISA – Agência nacional de vigilância sanitária (www.anvisa.gov.br)

6.     Hospitais de referência para o tratamento da Infecção por influenza A (H1N1)

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/hospitais_referencia_influenza_03_07_2009.pdf

7.     Fraser C et al. Pandemic potential of a strain of influenza A (H1N1): Early findings. Science 2009 May 14 (Link Livre para o Artigo Original)

8.     [Link livre para a declaração do CDC sobre o status atual da endemia nos Estados Unidos]

9.     [Link livre para o texto do CDC/MMWR notificando a existência de casos graves nos pacientes obesos mórbidos]

 

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