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Paracoccidioidomicose

Última revisão: 31/05/2009

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Reproduzido de:

Dermatologia na Atenção Básica de Saúde / Cadernos de Atenção Básica Nº 9 / Série A - Normas de Manuais Técnicos; n° 174 [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Políticas de Saúde

Departamento de Atenção Básica

Área Técnica de Dermatologia Sanitária

BRASÍLIA / DF – 2002

 

Paracoccidioidomicose

CID-10: B41

 

DESCRIÇÃO DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Micose profunda, geralmente com sintomatologia cutânea importante, grave, que, na forma crônica, é conhecida como “tipo adulto” e, na forma aguda ou subaguda, como “tipo juvenil”. A primeira caracteriza-se por comprometimento pulmonar, lesões ulceradas de pele, mucosas (oral, nasal, gastrointestinal), linfoadenopatia; na forma disseminada, pode acometer todas as vísceras, sendo freqüentemente afetada a supra-renal. A segunda é rara e, quando ocorre, compromete o sistema fagocítico-mononuclear e leva à disfunção da medula óssea. Na cavidade oral, evidencia-se uma estomatite, com pontilhado hemorrágico fino, conhecida como “estomatite moriforme de Aguiar-Pupo” (Figura 1). A classificação abaixo apresenta a interação entre o P. brasiliensis e o homem, determinando infecção ou doença, assim como as formas clínicas da Paracoccidioidomicose.

 

Figura 1: Paracoccidioidomicose: observar pontilhado hemorrágico.

 

 

Infecção Paracoccidióidica

Caracteriza-se apenas por contágio do indivíduo pelo fungo, sem a presença de doença clinicamente manifesta.

 

Paracoccidioidomicose (Doença)

Caracteriza-se pela presença de manifestações clínicas relacionadas a um ou mais órgãos, dependentes das lesões fúngicas em atividade ou de suas seqüelas.

      Forma regressiva: doença benigna com manifestações clínicas discretas, em geral pulmonares. Apresenta regressão espontânea, independente de tratamento.

      Forma progressiva: ocorre comprometimento de um ou mais órgãos, podendo evoluir para óbito, caso não seja tratada de maneira adequada. É dividida nas formas aguda e crônica, de acordo com a idade, duração e manifestações clínicas.

-      Forma aguda ou subaguda (juvenil)

a)   com adenomegalia de linfonodos superficiais;

b)   com comprometimento abdominal ou do aparelho digestivo;

c)   com comprometimento ósseo;

d)   com outras manifestações clínicas.

 

-      Forma crônica (adulto): pode acometer todos os órgãos citados, inclusive o SNC. Pode ser:

a)   forma leve;

b)   forma moderada;

c)   forma grave.

 

      Forma seqüelar: manifestações clínicas relacionadas à fibrose cicatrial, que se segue ao tratamento específico, como hiperinsuflação pulmonar, insuficiência adrenal, estenose de traquéia e síndrome de má absorção.

 

SINONÍMIA

Antigamente conhecida como blastomicose sul-americana ou moléstia de Lutz-Splendore e Almeida.

 

ETIOLOGIA DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Paracoccidiodes brasiliensis, um fungo dimorfo.

 

RESERVATÓRIO

O solo e poeira carregados de fungo em suspensão, normalmente em meio rural.

 

MODO DE TRANSMISSÃO DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Por inalação do fungo. A contaminação através de ferimentos cutâneos e nas mucosas é extremamente rara.

 

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

Pode ir de 1 mês até muitos anos.

 

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Não há caso descrito de transmissão pessoa a pessoa.

 

COMPLICAÇÕES DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Neuroparacoccidioidomicose, caracterizada por comprometimento do parênquima e dos folhetos que revestem o sistema nervoso central. As formas pulmonares podem evoluir para insuficiência respiratória crônica.

 

DIAGNÓSTICO DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Clínico e laboratorial. Este último é feito com o achado do parasita, que se apresenta como células arredondadas, de dupla parede, birrefringente, com ou sem gemulação. Quando há gemulação múltipla, o parasita toma aspecto de “roda de leme”. Provas sorológicas, como a imunodifusão em gel e histopatologia, podem ser empregadas.

 

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Com as outras micoses profundas que compõem a Síndrome Verrucosa (Tuberculose, Esporotricose, Histoplasmose em imunodeprimidos, Leishmaniose Tegumentar Americana (Figura 2), Cromomicose) e Sífilis. Nas formas linfáticas, deve-se diferenciar do linfoma de Hodgkin e de outras neoplasias.

 

Figura 2: Paracoccidioidomicose simulando leishmaniose tegumentar americana.

 

 

TRATAMENTO DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Uma das opções a seguir:

a)   Sulfametoxazol + Trimetoprim - 800/60 mg/dia, VO, 12/12 hs., por 30 dias, 400/80 mg 12/12 hs., até um ano após sorologia negativa;

b)   Cetoconazol - 400 mg/dia, VO, por 45 dias, depois 200 mg/dia até completar 12 meses;

c)   Fluconazol – 400 mg/dia, VO, por um mês, depois 200 mg/dia, por 6 meses. Este último é a melhor opção para o tratamento da neuroparacoccidioidomicose, pela sua alta concentração no SNC; a dose de ataque pode ir até 800 mg/dia por 30 dias;

d)   Anfotericina B – 1 mg/kg/dia, IV, diluído em 500 ml de soro glicosado a 5% mais acetato de delta hidrocortizona 50 – 100 mg. A dose máxima de anfotericina B não deve ultrapassar 3 g.

 

CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Doença endêmica nas regiões tropicais da América do Sul, comum no Brasil em relação a outros países. Freqüente em trabalhadores rurais, agricultores, operários da construção civil. Incide mais em homens do que em mulheres, pois o fungo, sofrendo ação do hormônio feminino 17-B-estradiol, torna-se incapaz de transformar-se em levedura, essencial para induzir a doença. A faixa etária de maior incidência encontra-se entre os 30 e 50 anos de idade.

 

OBJETIVO DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Por não dispor de instrumento de prevenção, essa doença não é objeto de vigilância epidemiológica rotineiramente. No Brasil, tem-se registro acumulado de mais de 60 casos de Paracoccidioidomicose associados à aids, o que coloca essa infecção como mais um dos indicadores daquela síndrome.

 

NOTIFICAÇÃO

Não é doença de notificação compulsória.

 

MEDIDAS DE CONTROLE DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Não há medida de controle disponível. Deve-se tratar os doentes precoce e corretamente, visando impedir a evolução da doença e suas complicações. Indica-se desinfecção concorrente dos exudatos, artigos contaminados e limpeza terminal.

 

Figura 3: Paracoccidioidomicose: lesão úlcero-crostosa.

 

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