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Intoxicação por Zinco

Autor:

Rodrigo Antonio Brandão Neto

Médico Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 26/05/2020

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O zinco é um metal e também um mineral essencial. Poucatoxicidade ocorre com sua suplementação. A ingestão de até 10 vezes a ingestãodiária recomendada não produz quaisquer sintomas, e outras espécies animaistambém não têm toxicidade significativa associada ao zinco. A maior parte doscasos descritos de intoxicação foi relacionada a alimentos ou bebidascontaminados com o mineral. Outras fontes potenciais de contaminação sãoextração de metais e contaminação por bombas militares de fumaça.

O zinco é absorvido principalmente no duodeno e no jejunoe, em menor grau, no íleo e no intestino grosso. Durante a digestão, o zinco nadieta é liberado e forma complexos com diferentes ligantes, como aminoácidos,fosfatos, ácidos orgânicos e histidinas. Os complexos de zinco-ligante são,então, absorvidos pela mucosa intestinal por um processo ativo e passivo, e acirculação portal transporta o mineral para o fígado.

O zinco é necessário para a função biológica de mais de300 enzimas. Ele está diretamente envolvido na catálise de enzimas, quecontrolam muitos processos celulares, incluindo síntese de DNA, crescimentonormal, desenvolvimento cerebral, resposta comportamental, reprodução,desenvolvimento fetal, estabilidade de membranas, formação óssea e cicatrizaçãode feridas.

Devido às suas propriedades físico-químicas, o zinco tambémdesempenha papéis estruturais e funcionais em várias proteínas envolvidas nareplicação do DNA e na transcrição reversa e é crítico para a função de váriasmetaloproteínas. O controle homeostático da absorção de zinco é regulado pelametalotioneína, uma metaloproteína que liga o cobre e outros cátionsdivalentes.

A absorção de zinco pode ser prejudicada na insuficiênciapancreática. As enzimas pancreáticas são necessárias para a liberação domineral na dieta, e os sucos pancreáticos podem conter ligantes complexos dezinco. O zinco é transportado ligado à albumina, sendo absorvido pelos tecidosperiféricos, principalmente ossos e músculos, e pelo fígado, onde pode serarmazenado como metalotioneína. A principal via de excreção de zinco é o tratogastrintestinal. Até 10% do mineral circulante também é excretado pela urina.

 

Manifestações Clínicas

 

A ingestão aguda de 1 a 2 g de sulfato de zinco pode produzirquadro gastrintestinal com náuseas, diarreia, dor abdominal e vômitosassociados à irritação e à corrosão do trato gastrintestinal, e os pacientesainda apresentam gosto metálico na boca. Na década de 1960, foram descritosdiversos casos de intoxicação por zinco por uso de alimentos e água que estavamarmazenados em estoques galvanizados. Grandes doses de compostos do mineraltambém podem produzir insuficiência renal aguda, causada por necrose tubular ounefrite intersticial. Outros sintomas descritos incluem mialgias, convulsões,tosse, febre e calafrios. Alguns pacientes podem apresentar quadro secundáriode hepatite com icterícia e dor em hipocôndrio direito.

O zinco pode interferir na absorção de cobre, e a altaingestão do primeiro (> 150 mg/dia) pode levar à deficiência do segundo, queé a principal manifestação da toxicidade crônica pelo zinco. O zinco nãocostuma ter toxicidade crônica significativa, mas já foi descrita associaçãocom leucopenia, neutropenia e anemia sideroblástica.

 

Diagnóstico

 

A toxicidade por zinco é rara; assim, existe poucavalidação no diagnóstico dessa situação. Sintomas clínicos compatíveisassociados com história de exposição podem ser suficientes para o diagnóstico,e a dosagem sérica do mineral pode ajudar a corroborar o diagnóstico.

 

Manejo

 

O tratamento para a toxicidade por zinco costuma serapenas de suporte, embora sua quelação com edetato dissódico de cálcio (EDTA)tenha sido usada em alguns casos de toxicidade grave.

 

Bibliografia

 

1.            Eckhert CD. Trace elements. In: modern nutrition in health and disease,11th Ed, Ross AC, Caballero B, Cousins RJ, Tucker KL, Ziegler TR (Eds),Lippincott Williams and Wilkins, Philadelphia 2014. p.245.

2.            Aronson JK. Zinc. In: Aronson JK, ed. Drugas sideeffects Meyler. 16a ed. Waltham, MA:Elsevier; 2016: 568-572.

3.            Stefanidou M et al. Zinc a multipurpose trace element. Archives ofToxicology 2006; 80:1.

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