Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 04/09/2015
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A vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) foi implementada em muitos países, com o objetivo específico de proteger as mulheres contra o câncer do colo do útero. Espera-se que a inclusão de meninos em programas de vacinação possa fornecer algum benefício para as mulheres, embora o benefício seja pequeno, partindo do princípio de que os programas já atingem alta cobertura entre as meninas. A proteção das mulheres não deve, no entanto, ser o único objetivo de saúde pública de vacinação contra o HPV, já que os homens também estão em risco de cânceres evitáveis por vacinação. Há um acúmulo de provas sobre o papel do HPV na etiologia de outros cânceres e a demonstração de que a vacina contra o HPV também é eficaz na prevenção de outros cânceres em homens, assim como nas mulheres, levaram à tomada de iniciativas para vacinar não só as meninas, mas também meninos contra HPV.
Apresentamos um estudo cujo objetivo foi avaliar a redução de câncer em homens, caso os meninos fosseem vacinados junto com meninas contra o papilomavírus humano (HPV) oncogênico.
Uma abordagem Bayesiana foi utilizada para avaliar o impacto da vacinação contra o HPV tipos 16 e 18 sobre o surgimento de carcinoma anal, peniano e de orofaringe entre os homens heterossexuais e os homens que fazer sexo com outros homens. A redução da transmissão do HPV coberto com a vacinação de meninas foi assumida como diminuidora do risco de câncer associados ao HPV em todos os homens, mas não afetando o excesso de risco de câncer por HPV em homens que fazem sexo com homens.
Uma população de estudo na Holanda sofreu uma intervenção, que foi a inclusão de meninos com 12 anos em programas de vacinação contra o HPV. As medidas de desfecho principal foram anos de vida com qualidade ajustados (QALY) e números necessários para vacinar.
Antes de vacinação contra o HPV, 14,9 (IC95%: 12,2-18,1) QALYs por mil homens foram perdidos para cânceres associados com HPV na Holanda. Esta carga seria reduzida em 37% (28% a 48%) se a captação de vacina entre as meninas permanecesse no nível atual de 60%. Para evitar um caso adicional de câncer entre os homens, 795 meninos (660-987) precisariam ser vacinados; com números específicos para prevenção de tumores anal, peniano e orofaríngeo de 2.162, 3.486 e 1.975, respectivamente. A incidência de câncer relacionado com HPV em homens seria reduzida em 66% (53% a 805), se a absorção da vacina entre meninas aumentasse para 90%. Nesse caso, 1.735 rapazes (1240-2900) teriam de ser vacinados para prevenir um caso adicional; com números específicos para tumores anal, peniano e orofaríngeo de 2.593, 29.107 e 6.484, respectivamente.
Os homens irão se beneficiar indiretamente de vacinação de meninas, mas continuam em risco de cânceres associados com o HPV. O benefício adicional de se vacinar meninos quando a realização de vacinas entre as meninas é alta e impulsionada pela prevenção de carcinomas anais, que ressalta a relevância dos esforços de prevenção do HPV para homens que fazem sexo com homens.
Bogaards JA et al. Direct benefit of vaccinating boys along with girls against oncogenic human papillomavirus: Bayesian evidence synthesis. BMJ 2015 May 12; 350:h2016. (http://dx.doi.org/10.1136/bmj.h2016)
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