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Antibiótico por poucos dias em infecção abdominal

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 16/09/2015

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Contexto Clínico

Infecção intra-abdominal complicada continua a ser um problema comum em todo o mundo. Aproximadamente 300.000 casos de apendicite ocorrem a cada ano nos Estados Unidos, para citar como exemplo. A morbidade varia de 5% entre os pacientes avaliados em grandes estudos observacionais, mas pode chegar a 50% em alguns grupos, como os idosos ou pacientes críticos. Os princípios básicos de tratamento são ressuscitar pacientes que tem a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS), controlar a fonte de contaminação, remover a maior parte do material infectado ou necrótico e administrar agentes antimicrobianos para erradicar agentes patogênicos residuais.

Diretrizes incluem recomendações para agentes antimicrobianos adequados com base na evidência de alta qualidade. A duração adequada da terapia, no entanto, ainda não está clara. Tradicionalmente, os médicos têm tratado os pacientes até que todas as evidências de SIRS tenham se resolvido, tipicamente por 7 a 14 dias. Mais recentemente, tem sido sugerido que, com controle adequado do foco, um curso mais curto de 3-5 dias deve ser suficiente para a cura e pode diminuir o risco de resistência antimicrobiana.

 

O Estudo

Foi feito um ensaio clínico que randomizou 518 pacientes com infecção intra-abdominal complicada e de controle de origem adequada para receber antibióticos até dois dias após a resolução da febre, leucocitose e íleo, com um máximo de dez dias de terapia (grupo controle), ou para receber um curso fixo de antibióticos (grupo experimental) por 4 ± 1 dias. O desfecho primário foi um composto de infecção cirúrgica local, infecção intra-abdominal recorrente, ou morte no prazo de 30 dias após o procedimento de controle de foco, de acordo com o grupo de tratamento. Os desfechos secundários incluíram a duração da terapia e taxas de infecções subsequentes.

Infecção cirúrgica local, infecção intra-abdominal recorrente, ou a morte ocorreu em 56 de 257 pacientes do grupo experimental (21,8%), em comparação com 58 de 260 pacientes no grupo controle (22,3%) (diferença absoluta: -0,5 pontos percentuais; IC95%: -7,0 a 8,0; P = 0,92). A duração média da antibioticoterapia foi de 4,0 dias (variação interquartil, 4,0 a 5,0) no grupo experimental, em comparação com 8,0 dias (intervalo interquartil, 5,0-10,0) no grupo controle (diferença absoluta: -4,0 dias; IC95%: -4,7 a -3,3; P <0,001). Não houve diferenças significativas entre os grupos nas taxas individuais dos componentes do desfecho primário ou em outros desfechos secundários.

 

Aplicações Práticas

Este ensaio clínico é muito interessante, pois mostra uma abordagem mais racionalizada no sentido de restringir tempo de antibioticoterapia, mas mostrando que isso não gera impacto clínico negativo.

Em pacientes com infecções intra-abdominais que haviam sido submetidos a um procedimento de controle de foco adequado, os resultados após a terapia antibiótica de quatro dias foram semelhantes aos observados após um curso mais longo de antibióticos (aproximadamente oito dias) que se estendeu até depois da resolução de anomalias fisiológicas. Isso aponta para uma conduta mais conservadora nesses pacientes, pelo menos em termos de tempo de uso de antibiótico.

 

Bibliografia

Sawyer RG, et al. Trial of Short-Course Antimicrobial Therapy for Intraabdominal Infection. N Engl J Med 2015; 372:1996-2005.

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