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Curando Linfoma Hodgkin sem Radioterapia

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 01/10/2015

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Contexto Clínico

Só nos EUA, os casos de Linfoma de Hodgkin afetam cerca de 8.000 pacientes por ano. Estima-se que deste total, cerca de 7.000 casos chegarão à cura. O grande enfoque atual passou a ser descobrir formas de ter altas taxas de cura, porém oferecendo tratamentos com menor possibilidade de eventos adversos, principalmente no que concerne a radioterapia, que pode ter efeitos tardios graves. Os eventos adversos associados à radioterapia incluem um segundo câncer (incluindo câncer de mama, pele, tireoide, pulmão e estômago) e doença arterial coronariana prematura. Eventos pela quimioterapia por sorte são menos frequentes, e incluem fibrose pulmonar causada pela bleomicina e leucemia aguda e câncer de pulmão secundário causado por agentes de alquilação; o risco é muito maior quando estes agentes são utilizados em conjunto com radioterapia. E por incrível que pareça, não é algo claro se pacientes com Linfoma de Hodgkin em estágio precoce e com exames de imagem (PET-CT) negativos para a doença precisam de radioterapia, mesmo após três ciclos de quimioterapia com doxorrubicina, bleomicina, vinblastina e dacarbazina (ABVD).

 

O Estudo

Pacientes com linfoma diagnosticado recentemente em estadio IA ou IIA de Linfoma de Hodgkin receberam três ciclos de ABVD e, em seguida, foram submetidos a escaneamento PET-CT. Os pacientes com resultados negativos no PET foram randomizados para receber radioterapia ou nenhum tratamento adicional; pacientes com resultados positivos no PET receberam um quarto ciclo de ABVD e radioterapia.

Um total de 602 pacientes (53,3% do sexo masculino, com idade mediana de 34 anos) foram recrutados e 571 pacientes foram submetidos a escaneamento PET. Os achados da PET foram negativos em 426 desses pacientes (74,6%), 420 dos quais participaram da randomização (209 no grupo de radioterapia e 211 no grupo que não recebeu mais nenhuma terapia). Em uma média de 60 meses de seguimento, ocorreram oito casos de progressão da doença no grupo de radioterapia, e oito pacientes morreram (três com a progressão da doença, um dos quais morreu de Linfoma de Hodgkin); houve 20 casos de progressão da doença no grupo sem terapia adicional, e quatro pacientes morreram (dois com a progressão da doença e nenhum de Linfoma de Hodgkin). A taxa de sobrevivência livre de progressão da doença em três anos foi de 94,6% no grupo de radioterapia e 90,8% no grupo que não recebeu qualquer outra terapia, com uma diferença de risco absoluto de -3,8 pontos percentuais (IC 95%, -8,8 a 1,3).

 

Aplicações Práticas

Este é um excelente estudo com enfoque em minimizar os efeitos deletérios do tratamento de Linfoma de Hodgkin. Infelizmente, os resultados não foram completamente definitivos em termos de mostrar não inferioridade da estratégia sem radioterapia em termos de sobrevida livre de progressão da doença.  No entanto, os pacientes neste estudo com Linfoma e PET negativo achados em estágio inicial de Hodgkin após três ciclos de ABVD tiveram um prognóstico muito bom com ou sem uso de radioterapia. Pode ser que estejamos muito perto de realizar tratamentos menos lesivos nestes pacientes.

 

Bibliografia

Radford J et al. Results of a trial of PET-directed therapy for early-stage Hodgkin's lymphoma. N Engl J Med 2015 Apr 23; 372:1598. (http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa1408648)

 

Longo DL and Armitage JO. Controversies in the treatment of early-stage Hodgkin's lymphoma. N Engl J Med 2015 Apr 23; 372:1667. (http://dx.doi.org/10.1056/NEJMe1502888)

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