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Linfadenectomia em Neoplasia Avançada de Ovário

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 26/06/2019

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Contexto Clínico

 

A neoplasia de ovário quase sempre é um desafio do ponto de vista de tratamento. A linfadenectomia pélvica e para-aórtica sistêmica tem sido amplamente utilizada no tratamento cirúrgico de pacientes com câncer avançado de ovário. Porém, faltam evidências de ensaios clínicos randomizados para apoiar essa conduta como rotina.

 

O Estudo

 

Neste ensaio clínico randomizado, os pesquisadores randomizaram pacientes com câncer de ovário avançado recentemente diagnosticado (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, estágios IIB a IV), e que foram submetidas à ressecção macroscopicamente completa e com linfonodos normais antes e durante a cirurgia, para serem submetidas ou não à linfadenectomia no intraoperatório. Todos os centros tiveram que se qualificar em relação às habilidades cirúrgicas antes da participação no estudo. O desfecho primário foi a sobrevivência global.

Um total de 647 pacientes foi submetido à randomização de dezembro de 2008 a janeiro de 2012, sendo que 323 pacientes foram submetidas à linfadenectomia, enquanto que 324 não foram submetidas à linfadenectomia. Entre as pacientes submetidas à linfadenectomia, o número mediano de linfonodos removidos foi de 57 (35 linfonodos pélvicos e 22 para-aórticos).

A mediana da sobrevida global foi de 69,2 meses no grupo sem linfadenectomia e 65,5 meses no grupo linfadenectomia (razão de risco para morte no grupo linfadenectomia, 1,06; intervalo de confiança de 95% [IC], 0,83 a 1,34; P = 0,65), e a sobrevida livre de progressão mediana foi de 25,5 meses em ambos os grupos (razão de risco para progressão ou morte no grupo linfadenectomia, 1,11; IC 95%, 0,92 a 1,34; P = 0,29). As complicações pós-operatórias graves ocorreram com mais frequência no grupo da linfadenectomia (por exemplo, incidência de laparotomia repetida, 12,4% versus 6,5% [P = 0,01]; mortalidade dentro de 60 dias após a cirurgia, 3,1% versus 0,9% [P = 0,049]).

 

Aplicação Prática

 

Esta importante publicação mostrou que a linfadenectomia pélvica e para-aorta sistêmica em pacientes com câncer de ovário avançado não foi associada à sobrevida global ou livre de progressão mais longa que a linfadenectomia e foi associada a uma incidência maior de complicações pós-operatórias. Deve-se lembrar que todas as pacientes eram submetidas à ressecção macroscopicamente completa intra-abdominal e com nódulos linfáticos normais antes e durante a cirurgia. Entretanto, com base neste estudo, pode-se concluir que a linfadenectomia pélvica e para-aórtica não deve ser feita, pois não traz benefícios e ainda aumenta os riscos de eventos adversos.

 

Bibliografia

 

Harter P et al. A Randomized Trial of Lymphadenectomy in Patients with Advanced Ovarian Neoplasms. N Engl J Med 2019; 380:822-832.

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