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Prevenção da Lesão Renal Aguda Pós-Contraste em Adultos com Doença Renal Crônica

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 25/05/2020

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Contexto Clínico

 

A prevenção de lesão renal aguda pós-contraste empacientes com doença renal crônica (DRC) em estágio 3 por meio depré-hidratação tem sido o tratamento padrão há anos. No entanto, as evidênciaspara a necessidade de pré-hidratação nesse grupo são limitadas. Apresentaremosum estudo cujo objetivo foi avaliar se é seguro não realizar a pré-hidrataçãoprofilática antes da administração do meio de contraste à base de iodo empacientes com DRC em estágio 3.

 

O Estudo

 

O estudo Kompas foi um estudo clínico randomizado,multicêntrico e de não inferioridade realizado em seis hospitais na Holanda,nos quais 523 pacientes com DRC em estágio 3 foram randomizados na proporção de1:1 para não receber pré-hidratação ou receber pré-hidratação com 250 mL debicarbonato de sódio a 1,4% administrado em uma infusão de 1 hora antes de opaciente ser submetido à tomografia computadorizada com contraste eletiva. O estudorealizado entre abril de 2013 e setembro de 2016. O acompanhamento final foiconcluído em setembro de 2017. Os dados foram analisados ??de janeiro de 2018 ajunho de 2019.

No total, 262 pacientes foram alocados para o gruposem pré-hidratação e 261 foram alocados para receber pré-hidratação. A análisedo desfecho primário estava disponível em 505 pacientes (96,6%). O desfechoprimário avaliado foi o aumento relativo médio do nível sérico de creatinina 2a 5 dias após a administração do contraste em comparação com o valor basal(margem de não inferioridade de aumento inferior a 10% no nível sérico decreatinina). Os desfechos secundários incluíram a incidência de lesão renalaguda pós-contraste 2 a 5 dias após a administração do contraste, aumentorelativo médio do nível de creatinina 7 a 14 dias após a administração docontraste, incidência de insuficiência cardíaca aguda e insuficiência renal querequer diálise e custos com assistência médica.

Dos 554 pacientes randomizados, 523 foram incluídosna análise de intenção de tratamento. A idade mediana (intervalo interquartil)foi de 74 (67-79) anos; 336 (64,2%) eram homens, e 187 (35,8%) eram mulheres. Oaumento médio (DP) relativo do nível de creatinina 2 a 5 dias após aadministração do contraste em comparação com a linha de base foi de 3,0% (10,5)no grupo sem pré-hidratação versus 3,5% (10,3) no grupo depré-hidratação (diferença média de 0,5; IC 95%, -1,3 a 2,3; P < 0,001 paranão inferioridade). A lesão renal aguda pós-contraste ocorreu em 11 pacientes(2,1%), incluindo 7 de 262 (2,7%) no grupo sem pré-hidratação e 4 de 261 (1,5%)no grupo de pré-hidratação, o que resultou em um risco relativo de 1,7 (IC 95%,0,5-5,9; P = 0,36). Nenhum paciente necessitou de diálise ou desenvolveu insuficiênciacardíaca aguda. Os custos médios de hidratação foram de ? 119 (US$ 143,94) porpaciente no grupo de pré-hidratação, em comparação com ? 0 (US$ 0) no grupo sempré-hidratação (P < 0,001). Outros custos com saúde foram semelhantes.

 

Aplicação Prática

 

Entre os pacientes com DRC em estágio 3 submetidos àtomografia computadorizada com contraste, a não realização da pré-hidrataçãonão comprometeu a segurança do paciente. Os resultados deste estudo apoiam aopção de não administrar a pré-hidratação como uma medida segura e econômica.As evidências a favor da hidratação continuam muito frágeis. É possívelassumir, por ora, que, enquanto não houver prova contundente do benefício dahidratação profilática, seu uso é questionável. Ademais, é possível intervir emoutros pontos, como opção de contrastes mais modernos, com mais baixaosmolaridade, e é interessante lembrar que tomógrafos mais modernos acabam porexigir menor uso de contraste para determinadas execuções.

 

Bibliografia

 

1.            Timal RJ, KooimanJ, Sijpkens YWJ, et al. Effect of No Prehydration vs Sodium BicarbonatePrehydration Prior to Contrast-Enhanced Computed Tomography in the Preventionof Postcontrast Acute Kidney Injury in Adults With Chronic Kidney Disease: TheKompas Ronline February 17, 2020.

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