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Redução intensiva do colesterol em pacientes coronarianos

Redução intensiva do colesterol em pacientes submetidos à revascularização do miocárdio

 

Redução intensiva de lipídios com atorvastatina para prevenção secundária em pacientes após cirurgia de revascularização do miocárdio1.

Intensive Lipid-Lowering With Atorvastatin for Secondary Prevention in Patients After Coronary Artery Bypass Surgery. J Am Coll Cardiol 2008;51:1938–43) [Link para o abstract]

 

Fator de impacto da revista (Journal of the American College of Cardiology): 11,054

 

Contexto Clínico

            Vários estudos têm demonstrado que uma redução mais intensiva do colesterol em pacientes com doença coronariana está associada a uma redução de eventos coronarianos. Este fato já foi demonstrado tanto nas síndromes coronarianas agudas como na doença coronariana estável. Sabe-se que há recidiva de isquemia em 10 a 15% dos pacientes dentro dos primeiros 5 anos após cirurgia de revascularização do miocárdio. O presente estudo avaliou a redução intensiva do colesterol num subgrupo de doentes com insuficiência coronária crônica, a saber, pacientes previamente submetidos a revascularização miocárdica.

 

O Estudo

            O estudo foi uma análise post-hoc de um subgrupo de pacientes do estudo original2 que tinha randomizado 10.001 pacientes com doença coronária estável documentada para atorvastatina 80 mg/dia ou 10mg/dia, com um tempo médio de acompanhamento de 4,9 anos. Deste total, 4.654 participantes já tinham se submetido a revascularização do miocárdio prévia. O desfecho primário avaliado foi a ocorrência de um primeiro evento cardiovascular maior (morte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio não fatal, parada cardíaca reanimada ou AVC).

 

Resultados

            Um primeiro evento cardiovascular maior ocorreu 11,4% dos pacientes com revascularização prévia e 8,5% dos pacientes sem revascularização. Nos pacientes revascularizados, a média do LDL-colesterol ao final do estudo foi de 79 mg/dl no grupo de 80 mg/dia de atorvastatina e 101mg/dl no grupo de 10 mg/dia de atorvastatina. O desfecho primário ocorreu em 9,7% dos participantes revascularizados no grupo de 80 mg/dia e em 13,0% no grupo de 10 mg/dia de atorvastatina (RR:0,73 IC95% 0,62 – 0,87; p=0,0004). Nova revascularização (cirúrgica ou por intervenção percutânea) durante o seguimento foi realizada em 11,3% dos pacientes previamente revascularizados no grupo de 80 mg/dia de atorvastatina e 15,9% no grupo de 10 mg/dia de atorvastatina (RR:0,70 IC95% 0,60 – 0,82; p<0,0001). Os autores concluem que uma abordagem intensiva de redução do colesterol (para uma média de 79mg/dl de LDL-colesterol) usando 80 mg/dia de atorvastatina, em pacientes com revascularização miocárdica prévia, reduz a incidência de eventos cardiovasculares maiores em 27% e a necessidade de nova revascularização (cirúrgica ou por intervenção percutânea) em 30%.

 

Aplicação para a Prática Clínica

            Embora esta tenha sido uma análise post-hoc não pré-especificada no delineamento do estudo original, a redução relativa do risco de evento cardiovascular maior foi de 27% com a abordagem de redução intensiva do LDL-colesterol. Os resultados do estudo original que avaliou a abordagem de redução intensiva em pacientes com insuficiência coronariana crônica estável também apresentaram redução de risco semelhante.  Os autores argumentam que este resultado é suficiente para indicar esta abordagem intensiva com 80 mg/dia de atorvastatina em pacientes após cirurgia de revascularização do miocárdio. Entretanto cabe lembrar que o estudo foi financiado pela Pfizer e todos os autores eram consultores e palestrantes de inúmeras indústrias farmacêuticas, particularmente da Pfizer, o que pode ser visto como uma fonte potencial de viés.

 

Bibliografia

1.Shah SJ, Waters DD, Barter P, et al. Intensive Lipid-Lowering With Atorvastatin for Secondary Prevention in Patients After Coronary Artery Bypass Surgery. J Am Coll Cardiol 2008;51:1938–43). [Link para o abstract]

2. LaRosa JC, Grundy SM, Waters DD, et al. Intensive lipid-lowering with atorvastatin in patients with stable coronary disease. N Engl J Med 2005;352:1425–35. [Link livre para o Artigo Original]