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Sensibilidade do teste rápido para Influenza A H1N1 em crianças

Sensibilidade do teste rápido para Influenza A H1N1 em crianças

 

Sensibilidade do teste rápido de Influenza para o vírus da Influenza A H1N1 (de origem suína) em crianças1 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (Pediatrics): 4,789

 

Contexto Clínico

            A pandemia de influenza A H1N1 de origem suína (S-OIV) faz com que testes diagnósticos práticos e com boa acurácia sejam urgentemente avaliados para sua utilidade clínica potencial. A performance do teste rápido de influenza para o S-OIV é desconhecida, com os poucos estudos existentes realizados em populações mistas (adultos e crianças) mostrando sensibilidades de 11 a 69%. Uma vez que uma nova temporada de circulação viral se aproxima é importante conhecermos a performance de um teste rápido para influenza.  Desta forma os autores realizaram o presente estudo com o objetivo de avaliar a sensibilidade e a acurácia do teste rápido para Influenza em crianças.

 

O Estudo

            Trata-se de um estudo prospectivo de testes diagnósticos em que crianças de 0 a 17 anos atendidas no pronto-socorro com síndrome gripal aguda foram recrutadas entre os dias 22 de maio e 25 de julho de 2009. O estudo foi realizado em um hospital pediátrico de referência e numa clínica pediátrica de comunidade. Teste rápido para influenza (TRVI) (realizado nos locais de atendimento) e imunofluorescência direta (DFA) foram comparados com reação em cadeia de polimerase (RT-PCR) para avaliar a sensibilidade e a especificidade para o S-OIV. Também foi comparada a sensibilidade do TRVI para o S-OIV com a sensibilidade para influenza sazonal em duas estações anteriores. Foram incluídas 821 crianças, sendo 651 provenientes do pronto-socorro do hospital de referência e 169 da clínica de comunidade.

 

Resultados

            A sensibilidade do TRVI foi de 62% (IC95% 52 – 70%) para o S-OIV, com uma especificidade de 99% (IC95% 92 – 100%). A sensibilidade do DFA foi de 83% (IC95% 75 – 89%), sendo superior à do TRVI (p<0,001). A sensibilidade do TRVI para o S-OIV foi semelhante à sensibilidade do teste para o influenza sazonal, utilizando a DFA + cultura como padrão ouro.  A sensibilidade do teste rápido foi significativamente maior para crianças = 5 anos (71%; p=0,003) e para pacientes com 2 dias ou menos de sintomas (70%; p<0,001). Os autores concluem que embora a sensibilidade do teste rápido para detectar o influenza A H1N1 de origem suína seja maior que a previamente relatada, ela ainda permanece aquém do ideal.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Os resultados deste estudo já foram demonstrados previamente, inclusive citados nas últimas recomendações do CDC (Centers for Diseases Control and Prevention)2. Durante a circulação do vírus influenza, um TRVI positivo confirma a infecção, mas um TRVI negativo não a exclui.  Desta forma, frente a um teste rápido negativo, que é oferecido em muitos serviços privados no Brasil (e em alguns serviços públicos), é fundamental que o médico considere que ainda assim (em 30 a 48% dos casos) pode estar diante de um caso de influenza H1N1, sendo necessário considerar o tratamento medicamentoso e a confirmação laboratorial com RT-PCR, quando indicados, além das medidas de controle de infecção, tais como isolamento respiratório. A explicação para a maior sensibilidade observada em crianças menores e nas primeiras 48h de sintomas possivelmente está relacionada à maior viremia nas primeiras 48h e em crianças menores (relacionada à imaturidade do sistema imunológico). Entretanto, mesmo nestes casos, a sensibilidade (70%) ainda não é adequada como exame de triagem.

            Com base nestas considerações estes editores acreditam que o uso TRVI como rotina na epidemia de S-OIV não deva ser utilizada, uma vez que, no melhor cenário, 30% dos testes negativos são falso-negativos. Os autores do estudo comentam que talvez o teste rápido tenha algum espaço na abordagem de crianças pequenas (< 5 anos) que chegam precocemente ao serviço de saúde (< 48h de sintomas). Entretanto, estudos de custo-eficácia ainda são necessários para avaliar se existe algum benefício real de se incluir o TRVI na abordagem de crianças com síndrome gripal aguda durante uma epidemia de S-OIV

 

Bibliografia

1.     Hawkes M, Richardson SE, Ipp M, Schuh S, Adachi D, Tran D. Sensitivity of Rapid Influenza Diagnostic Testing for Swine-Origin 2009 A (H1N1) Influenza Virus in Children. PEDIATRICS 2010; 125(3):639-644.

2.     Centers for Disease Control and Prevention. Interim guidance for the detection of novel influenza A virus using rapid influenza diagnostic tests. Available at: www.cdc.gov/h1n1flu/ guidance/rapid_testing.htm. Accessed September15, 2009