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CDI e Sobrevida em Idosos

Eficácia do Implante Profilático de Desfibriladores na Sobrevida de Idosos1

 

Área de Atuação: Medicina Ambulatorial

 

Especialidades: Geriatria, Cardiologia

  

Contexto Clínico

Os desfibriladores implantáveis (DI) são utilizados para a prevenção primária da morte súbita nos indivíduos com disfunção ventricular esquerda. Não há, entretanto, evidências que identifiquem se este impacto na sobrevida ocorre em todos os grupos etários. A literatura sugere que arritmias ventriculares e morte súbita sejam causas menos frequentes de morte nos idosos. Já foi observado que, nos idosos, os DI produzem menos choques apropriados, se comparados proporcionalmente aos jovens, pela menor frequência de episódios de arritmia grave.2

 

O Estudo

Foi realizada uma meta-análise com estudos disponíveis sobre o uso profilático de DI, comparado ao tratamento clínico convencional, em participantes com disfunção ventricular esquerda (fração de ejeção menor que 40%). Nenhum indivíduo havia apresentado episódios anteriores de arritmias graves. A mortalidade foi analisada em ambos os grupos, divididos em duas faixas etárias: menores e maiores que 60 anos. Dois revisores independentes selecionaram estudos randomizados e controlados, publicados entre 1970 e 2010.

Foram selecionados 5 estudos, que envolveram 5.783 pacientes, dos quais 44% eram idosos. Em uma primeira análise, foram excluídos dois outros estudos que incluíram pacientes após IAM. Esta análise identificou que o implante preventivo de DI reduz a mortalidade em jovens (HR 0,65, IC95% 0,50-0,85; p<0,001), porém este benefício não foi identificado entre idosos (HR 0,81, IC95% 0,62-1,05, p=0,11). A inclusão dos dois estudos que envolveram pacientes pós-IAM não modificou estes resultados. Uma segunda análise, utilizando o ponto de corte de 65 anos, ainda identificou benefício quanto à sobrevida no grupo mais jovem tratado com DI.

 

Aplicações para a Prática Clínica

O estudo revelou que o implante profilático de DI em idosos com grave disfunção ventricular esquerda não reduz a mortalidade deste grupo etário. A conclusão traz consigo grande impacto clínico e econômico, já que cerca de 70% dos pacientes submetidos ao implante de DI são idosos.2 Resultados semelhantes foram observados no implante de DI em idosos para prevenção secundária de morte súbita por arritmias graves.3 O implante do ressincronizador cardíaco, por outro lado, já demonstrou impacto sobre a sobrevida em qualquer faixa etária,4 o que sugere ser este o melhor equipamento implantável para tratamento da disfunção ventricular grave nos idosos.

 

Bibliografia

1.     Santangeli P, Di Biase L, Dello Russo A, Casella M, Bartoletti S, Santarelli P et al. Meta-analysis: age and effectiveness of prophylactic implantable cardioverter-defibrillators. Ann Intern Med. 2010; 153(9):592-9.

2.     Epstein AE, Kay GN, Plumb VJ, McElderry HT, Doppalapudi H, Yamada T et al. Implantable cardioverter-defibrillator prescription in the elderly. Heart Rhythm. 2009; 6(8):1136-43.

3.     Healey JS, Hallstrom AP, Kuck KH, Nair G, Schron EP, Roberts RS et al. Role of the implantable defibrillator among elderly patients with a history of life-threatening ventricular arrhythmias. Eur Heart J. 2007; 28(14):1746-9.

4.     Moss AJ, Hall WJ, Cannom DS, Klein H, Brown MW, Daubert JP et al. Cardiac-resynchronization therapy for the prevention of heart-failure events. N Engl J Med. 2009; 361(14):1329-38.

 

Fator de Impacto da Revista: (Ann Intern Med): 17.457