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Academias de exercícios e benefícios cardiovasculares

Área de atuação: Medicina Ambulatorial

 

Especialidade: Medicina de Família e Comunidade, Clínica Médica, Cardiologia

 

Resumo

Esta revisão sistemática mostra que ainda não se demonstrou benefício significativo da conduta de o médico estimular o paciente a procurar academias de exercícios com acompanhamento e monitoração especializados, em vez da simples recomendação, na consulta médica, para o paciente se exercitar.

 

Contexto clínico

A atividade física contribui para a prevenção e o tratamento de muitas doenças, incluindo a doença cardíaca isquêmica, o diabetes tipo 2, alguns cânceres e doenças mentais, como a depressão. A despeito das recomendações de que adultos devem ter, pelo menos, 30 minutos de atividade física moderada, 5 vezes por semana, somente 1/3 dos adultos atinge esta meta.

O atendimento ambulatorial é um dos mais importantes cenários para a motivação de exercícios físicos. Por isso, muitas intervenções ambulatoriais foram desenvolvidas nos últimos 20 anos com esse intento. Um modelo comum é o de que se recomende aos pacientes procurar academias de ginástica sob a orientação de médicos do esporte e professores de educação física. Outro modelo, mais simples e corriqueiro, é o próprio médico recomendar atividade física durante a consulta, de forma usual.

 

O estudo

Esta revisão sistemática envolveu 8 estudos randomizados com 5.200 pacientes sedentários acompanhados em ambulatórios gerais pelo período de 2 a 12 meses. Comparados com os cuidados usuais, o acompanhamento e a recomendação de exercícios por academias especializadas resultou em um aumento de 16% na proporção de participantes que atingiram a meta de 90 a 150 minutos por semana de exercícios moderados, mas não resultou em maior diminuição do índice de massa corpórea (IMC – vide Glossário) ou de gordura corpórea. Também não houve diferença entre os 2 quanto a pressão arterial, níveis de lipídeos plasmáticos ou da função respiratória. Entretanto, os participantes das academias mostraram diminuição na prevalência de depressão.

 

Aplicações para a prática clínica

Um editorialista2 salienta que a simples recomendação para praticar exercícios, feita durante a consulta médica, não é inútil e apresenta um impacto semelhante ao da recomendação de parar de fumar. devemos É preciso continuar recomendando aos pacientes que aumentem sua atividade física, tendo em mente que os benefícios do encaminhamento para dispendiosos programas especializados de exercício parecem redundar em vantagens apenas modestas, quando comparados ao singelo aconselhamento na consulta.

 

Glossário

Índice de massa corpórea (IMC): quociente entre o peso do paciente em quilos e a estatura em metros, elevada ao quadrado (IMC=Peso/(estatura)2). Os valores do IMC são:

 

     ideal: índice entre 18 e 25;

     sobrepeso: índice entre 25 e 30;

     obesidade: índice maior ou igual a 30.

 

Bibliografia

1.   Pavey TG, Taylor AH, Fox KR, Hillsdon M, Anokye N, Campbell JL et al. Effect of exercise referral schemes in primary care on physical activity and improving health outcomes: Systematic review and meta-analysis. BMJ 2011 Nov 6; 343:d6462. (Link para o Resumo).

2.   Williams NH. Promoting physical activity in primary care. BMJ 2011 Nov 6; 343:d6615. (Link para o Resumo).