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Fatores de Risco para Apneia em Bronquiolite

Especialidades: Pediatria / Medicina Hospitalar / Pneumologia

 

Contexto Clínico

         Bronquiolite é uma condição que pode ser muito grave, e em muitos casos exige hospitalização e oxigenioterapia. A ocorrência de apneia é uma das situações mais temerárias na evolução dos pacientes, e reconhecer fatores de risco para sua ocorrência pode auxiliar a traçar estratégias para identificação precoce de forma a evitar desfechos clínicos ruins.

 

O Estudo

         Este é um estudo observacional do tipo coorte prospectivo. Foram incluídas 2.207 crianças, com idade < 2 anos, hospitalizadas com bronquiolite em 16 locais durante os invernos de 2007 a 2010. O aspirado nasofaríngeo (NPAs) foi obtido em todos os casos, e foi realizado um painel de PCR para 16 vírus. A ocorrência de apneia durante a internação foi verificada pela revisão diária e prontuários, e foram completados os dados de 2.156 crianças (98% da amostra inicial). A idade foi corrigida para crianças nascidas com < 37 semanas. Uma análise multivariada foi realizada para identificar fatores de risco independentes para a apneia do paciente internado.

         Apneia durante a internação foi identificada em 108 crianças (5%). Os preditores estatisticamente significativas para sua ocorrência foram: correção de idade < 2 semanas (OR:9,67) e de 2 a 8 semanas (OR 4,72), em comparação com idade = 6 meses; peso ao nascer < 2,3 kg (OR 2,15), em comparação com = 3,2 kg; relato prévio de apneia durante outro episódio de bronquiolite (OR 3,63); frequências respiratórias pré-admissão de <30 (OR 4,05), 30 a 39 (OR 2,35) e > 70 ( OR 2,26 ), em comparação com 40 a 49, e ter uma saturação de oxigênio pré-admissão em ar ambiente <90% (OR 1,60) . O risco de apneia foi semelhante entre os principais patógenos virais.

 

Aplicações para a Prática Clínica

         Neste estudo prospectivo multicêntrico de crianças hospitalizadas com bronquiolite, a apneia na internação foi mais associada com menor idade corrigida, menor peso ao nascer, história de apneia, e fatores clínicos pré-admissão incluindo frequências respiratórias baixas ou altas e baixa saturação de oxigênio. Estes dados auxiliam pois os pacientes de maior risco. Podem ser classificados ainda no processo de admissão hospitalar, bastando incluir um checklist em que se incluam os seguintes itens:

 

                    Idade corrigida para nascimento < 37 semanas;

                    Peso ao nascer;

                    Antecedente de apneia;

                    Frequência respiratória;

                    Saturação de oxigênio em ar ambiente.

 

         Com base nisso, uma ideia possível para a prática seria colocar tais pacientes com ao menos um desses fatores de risco sempre em UTI, até que haja melhora substancial, assim estariam monitorizados e a ocorrência de apneia seria mais rapidamente identificada e revertida.

 

Bibliografia

1.                  Schroeder AR et al. Apnea in children hospitalized with bronchiolitis. Pediatrics 2013 Nov; 132:e1194. (link para o artigo).