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Impacto da Obesidade em Partos Cesárea

Especialidades: Obstetrícia/Ginecologia/Medicina de Família

 

Contexto Clínico

Atualmente, a obesidade tem sido encarada como uma verdadeira pandemia no mundo. Os resultados negativos populacionais desta doença e das doenças metabólicas associadas é substancial. Nos Estados Unidos, mais de 50% das pacientes em idade reprodutiva não grávidas e 35% das grávidas estão com sobrepeso ou obesas.

A cesariana é um dos procedimentos cirúrgicos mais comuns na área médica. Infelizmente, as pacientes obesas têm maior risco de complicações pós-operatórias. Embora a obesidade seja conhecida por aumentar complicações na gravidez, o efeito de diferentes graus de obesidade sobre os riscos pós-operatórios na mãe não são muito conhecidos. Assim, foi elaborado um estudo de coorte para estimar o efeito da obesidade e da obesidade extrema em complicações maternas pós-cesariana.

 

O Estudo

Foi realizado um estudo de coorte secundária de um estudo randomizado controlado. O estudo original foi projetado para avaliar o efeito da suplementação de oxigênio em morbidade infecciosa pós-cesariana. Já que  a intervenção do estudo não teve efeito, grupos de estudo foram combinados como um grupo controle. Para esta análise secundária, a exposição foi a obesidade, estratificada como normal ou sobrepeso (índice de massa corporal [IMC] < 30), obesidade (IMC de 30-45) ou obesidade extrema (IMC > 45). O desfecho primário foi um composto de infecção da ferida operatória e endometrite. Os desfechos secundários incluíram infecção da ferida operatória, endometrite, abertura da ferida, hematoma ou seroma e ida ao pronto-socorro.

Foram incluídas 585 mulheres na análise. Oitenta e cinco pacientes (14,5%) apresentaram IMC > 45. As taxas de hipertensão crônica, diabetes e diabetes gestacional aumentaram em função do grau de obesidade, bem como a duração da cirurgia (cesariana). Após controle para fatores de confusão, as pacientes extremamente obesas tiveram um aumento de duas a quatro vezes em complicações pós-operatórias, incluindo o resultado primário de infecção (18,8%; OR: 2,7; IC: 1,2-6,1), infecção da ferida (18,8%; OR: 3,4; IC: 1,4-8,0) e ida a pronto-socorro (23,1%; OR: 2,2; IC: 1,03-4,9).

 

Aplicações Práticas

Havia uma lacuna de estudos quanto a complicações maternas em pacientes obesas que fazem cesariana, que normalmente acaba sendo o procedimento que precisa ser feito no parto dessas pacientes. Este estudo traz uma informação importante quanto à morbidade que a obesidade traz no pós-operatório dessas mães, aumentando a taxa de infecções de ferida operatória de forma substancial e a necessidade de idas a pronto-socorro.

Um trabalho interessante a ser feito em termos de saúde básica é melhorar o peso de mulheres em idade fértil, e trabalhar o ganho de peso em mulheres que estão gestantes, para que no momento do parto, em ele sendo cesariana, sejam minimizados riscos que podem inclusive levar a mãe a precisar de internação e suspensão do aleitamento materno (algo que podemos extrapolar em função dos resultados deste estudo).

 

Bibliografia

Stamilio DM and Scifres CM.Extreme obesity and postcesarean maternal complications Obstet Gynecol 2014 Jul 7; [e-pub ahead of print]. (link para o artigo).