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História Natural da Litíase Renal Assintomática

Contexto Clínico

Eventualmente, durante exames de imagem de rotina, ou mesmo em investigações de quadros agudos, cálculos renais podem ser identificados. Porém, pouco se sabe sobre a evolução destes cálculos nos pacientes. Conhecer a história natural da litíase renal permite a discussão a cerca das condutas a serem tomadas.

 

O Estudo

Pacientes com cálculos renais assintomáticos e não obstrutivos foram avaliados neste estudo de coorte retrospectiva. As características dos cálculos, as características do paciente, e os eventos relacionados aos cálculos foram avaliados. Foram avaliados os efeitos do tamanho do cálculo e sua localização no desenvolvimento de sintomas, a passagem espontânea, a necessidade de intervenção cirúrgica e o crescimento do cálculo.

Foram identificadas 160 cálculos com um tamanho médio de 7,0 ± 4,2 mm nos 110 pacientes que tiveram acompanhamento médio de 41 ± 19 meses. Quarenta e cinco (28% do total) cálculos causaram sintomas durante o acompanhamento. Destacam-se três cálculos (3% do subgrupo assintomático, 2% do total de cálculos) que causaram obstrução silenciosa indolor necessitando de intervenção após uma média de 37 ± 17 meses. O único preditor significativo de passagem espontâneo ou de desenvolvimento de sintomas foi a localização. Cálculos localizados no polo superior ou na região média dos rins foram mais propensos a causar sintomas do que cálculos no polo inferior (40,6% vs 24,3%, p = 0,047) bem como para passar espontaneamente (14,5% vs 2,9%, p = 0,016).

  

Aplicações Práticas

Entre cálculos renais assintomáticos e não obstrutivos que foram seguidos de forma ativa, pudemos observar neste estudo que a maioria permaneceu assintomática através de um acompanhamento médio de mais de três anos. 

Como dados relevantes, nota-se que menos de 30% dos cálculos causaram cólica renal, menos de 20% precisou ser operado por causa de dor e 7% passaram espontaneamente. Cálculos no polo inferior foram significativamente menos propensos a causar sintomas ou passar espontaneamente. Apesar de três cálculos terem causando hidronefrose de forma silenciosa, o acompanhamento com imagens periódicas permitiu sua abordagem. E essa é a melhor lição derivada deste estudo: cálculos renais têm baixa tendência de causar sintomas ou obstrução, e merecem apenas seguimento ambulatorial com imagem que permita definir sobre uma abordagem que evite sequelas renais para o paciente.

 

Bibliografia

Dropkin BM et al. The natural history of nonobstructing asymptomatic renal stones managed with active surveillance. J Urol 2015 Apr; 193:1265. (http://dx.doi.org/10.1016/j.juro.2014.11.056)