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Troponina e Eventos Cardíacos em Diabéticos com Doença Coronariana Estável

Contexto Clínico

As concentrações de troponina são usadas tradicionalmente para diagnóstico de infarto agudo do miocárdio, bem como para identificar os pacientes que poderiam se beneficiar de revascularização urgente nas síndromes coronarianas agudas. Mas existe a hipótese de que a troponina possa ser usada em pacientes com doença cardíaca isquêmica estável para identificar aqueles com alto risco para eventos cardiovasculares que também podem se beneficiar de revascularização coronária.

 

O Estudo

Esse foi um estudo onde se mediu a concentração de troponina T no início do estudo com um ensaio de alta sensibilidade em 2.285 pacientes que tinham diabetes tipo 2 e doença cardíaca isquêmica estável. Foi avaliada a associação entre a concentração de troponina T e um desfecho final composto de morte por causas cardiovasculares, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Em seguida, foi avaliado se a atribuição randomizada para solicitar revascularização reduziu a taxa de desfecho composto em doentes com uma concentração de troponina T anormal (maior ou igual a 14 ng por litro), em comparação com aqueles com uma concentração normal de troponina T (<14 ng por litro).

Dos 2.285 pacientes, 2.277 (99,6%) tiveram valores detectáveis (maior ou igual a 3 ng por litro) de troponina T e 897 (39,3%) apresentaram concentrações de troponina T anormal no início do estudo. A taxa do desfecho composto em cinco anos foi de 27,1% entre os pacientes que tiveram concentrações anormais de troponina T no início do estudo, em comparação com 12,9% entre aqueles que tinham concentrações de troponina T normais na linha de base. Nos modelos que foram ajustados para fatores de risco cardiovascular, gravidade da diabetes, alterações eletrocardiográficas e anatomia coronariana, a taxa de risco para o desfecho composto entre pacientes com concentrações de troponina anormal T foi de 1,85 (IC95%, 1,48-2,32; P <0,001). Entre os pacientes com concentrações de troponina T anormal, a randomização para ser encaminhada para revascularização, em comparação com a terapia médica por si só, não resultou em uma redução significativa na taxa do desfecho composto (hazard ratio 0,96; IC95%: 0,74-1,25).

 

Aplicações Práticas

Esse estudo traz dados bastante interessantes. O primeiro, é que a concentração de troponina T cardíaca é um preditor independente de morte por causas cardiovasculares, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral em pacientes com diabetes tipo 2 e doença cardíaca isquêmica estável. A quantidade de pacientes com troponina alterada (>14ng/L) que sofreu  os desfechos avaliados foi mais do que o dobro em comparação aos pacientes com troponina normal.

O outro dado, que é pensando em modificar a condução desses pacientes, demonstra que não deve haver um benefício em revascularizar esses pacientes tomando apenas o risco aumentado como indicativo. Podemos concluir isso com base no fato de o estudo não ter demonstrado benefício ao encaminhar esses pacientes de maior risco para revascularização. Sendo assim, a troponina deve apenas servir como alerta e marcador de gravidade, mas por hora, não há dados que subsidiem mudanças de conduta.

 

Referências

Everett BM et al. Troponin and Cardiac Events in Stable Ischemic Heart Disease and Diabetes. N Engl J Med 2015; 373:610-620.