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Estenose espinal lombar pode ser tratada com tratamento cirúrgico mais simples

Contexto Clínico

A eficácia da cirurgia de fusão em adição à cirurgia de descompressão em pacientes que têm estenose espinal lombar, com ou sem espondilolistese degenerativa, nunca foi definida em estudos controlados. A estenose da coluna vertebral lombar é provocada por um estreitamento gradual do canal espinal. Os pacientes com estenose espinal lombar geralmente apresentam-se com dor lombar e dor na perna. Os sintomas são mais comuns durante a deambulação. Essa condição degenerativa restringe severamente a funcionalidade, a capacidade de andar e a qualidade de vida.

Estenose do canal vertebral lombar tornou-se a indicação mais comum para a cirurgia da coluna vertebral, e esta abordagem é melhor que o tratamento conservador em pacientes selecionados. A descompressão das estruturas neurais por meio de laminectomia tem sido cada vez mais suplementada com fusão lombar, com a intenção de minimizar um potencial risco de instabilidade futura e deformidade. A fusão é indicada com base na presença de espondilolistese degenerativa, uma condição em que uma vértebra tenha deslocado para frente em relação à vértebra abaixo dela, e que pode ser vista na radiografia em alguns pacientes com estenose da coluna vertebral lombar. Ainda assim, muitas cirurgias com fusão não chegam a usar esse ponto como critério.

 

O Estudo

Esse é um estudo randomizado, que distribuiu aleatoriamente 247 pacientes entre 50 e 80 anos de idade que tinham estenose espinal lombar em um ou dois níveis vertebrais adjacentes para se submeter à cirurgia de descompressão mais cirurgia de fusão (grupo fusão) ou cirurgia de descompressão apenas (grupo descompressão). A randomização foi estratificada de acordo com a presença de espondilolistese degenerativa no pré-operatório (em 135 pacientes) ou sua ausência. Os resultados foram avaliados com o uso de medidas de resultados relatados pelo paciente, um teste de caminhada de 6 minutos e uma avaliação econômica de saúde. O desfecho primário foi a pontuação no Oswestry Disability Index (ODI, que varia de 0 a 100, com escores mais altos indicando deficiência mais grave) dois anos após a cirurgia. A análise primária, que era uma análise por protocolo, não incluiu os 14 pacientes que não receberam o tratamento atribuído e cinco que foram perdidos no seguimento.

Não houve diferença significativa entre os grupos no escore médio na ODI em dois anos (27 no grupo de fusão e 24 no grupo de descompressão; P = 0,24) ou nos resultados do teste de caminhada de 6 minutos (397m no grupo fusão e 405m no grupo descompressão; P = 0,72). Os resultados foram semelhantes entre os pacientes com e sem espondilolistese. Entre os pacientes que tinham cinco anos de follow-up e eram elegíveis para inclusão na análise de cinco anos, não houve diferenças significativas entre os grupos em resultados clínicos em cinco anos. O tempo médio de internação foi de 7,4 dias no grupo de fusão e 4,1 dias no grupo de descompressão (P <0,001). O tempo de cirurgia foi mais longo, o volume de sangramento foi maior, e os custos cirúrgicos foram maiores no grupo de fusão do que no grupo de descompressão. Durante uma média de acompanhamento de 6,5 anos, cirurgia da coluna lombar adicional foi realizada em 22% dos pacientes no grupo de fusão e em 21% daqueles no grupo de descompressão.

 

Aplicações Práticas

Esse estudo é excelente para demonstrar como muitas vezes procedimentos cirúrgicos estão sendo feitos sem benefício. A conclusão desse estudo é que entre os pacientes com estenose espinhal lombar, com ou sem espondilolistese degenerativa, a cirurgia de descompressão associada à cirurgia de fusão não resultou em melhores resultados clínicos em dois  e cinco anos quando em comparação com a realização apenas da descompressão. Estamos aqui falando de um resultado clínico similar, mas com menores custos e riscos quando é realizada apenas a descompressão. Por esse estudo, podemos dizer que o tratamento adequado para os pacientes com essa condição é realizar apenas a descompressão e abandonar a fusão de rotina.

 

Referências

Försth P et al. A Randomized, Controlled Trial of Fusion Surgery for Lumbar Spinal Stenosis. N Engl J Med 2016; 374:1413-1423.