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Transmissão sexual de Zika vírus de mulher para homem

O Estudo

Uma investigação de rotina feita pelo Departamento de Saúde e Higiene Mental da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, identificou uma mulher não grávida, na casa dos vinte anos, que relatou ter-se envolvido em um único caso de sexo vaginal sem preservativo com um parceiro masculino no dia em que ela voltou de viagem para Nova Iorque (dia 0). Esse retorno foi de uma viagem para uma área com transmissão do vírus Zika em curso. Ela teve dor de cabeça e cólicas abdominais ainda no aeroporto; e, no dia seguinte (dia 1), febre, fadiga, uma erupção maculopapular, mialgia, artralgia, dor nas costas, inchaço das extremidades, e dormência e formigamento nas mãos e pés. Além disso, no dia 1, a mulher começou a ter uma menstruação, descrita por ela como mais intensa do que o habitual. No dia 3, visitou seu prestador de cuidados primários, que obteve amostras de sangue e urina. O ácido ribonucleico (RNA) do vírus Zika foi detectado no soro e na urina por reação em cadeia da polimerase (PCR). O resultado do teste sorológico para imunoglobulina M (IgM) anti-vírus Zika foi negativo.

Sete dias após a relação sexual (dia 6), o parceiro da mulher, também em seus vinte anos, desenvolveu febre, erupção maculopapular, dor nas articulações, e conjuntivite. No dia 9, três dias após o início dos sintomas, o homem procurou atendimento no mesmo prestador de cuidados primários que havia diagnosticado a infecção pelo vírus Zika em sua parceira. O provedor suspeitou de transmissão sexual do vírus Zika. Nesse mesmo dia, dia 9, foram coletadas do homem amostras de urina e de soro. O RNA do vírus Zika foi detectado na urina, mas não no soro através de PCR. Anticorpos IgM para o vírus Zika não foram detectados ??pelo teste de enzyme linked immuno sorbent assay (ELISA).

No dia 17, o homem confirmou que não tinha viajado fora dos Estados Unidos durante o ano anterior. Relatou que houve um único encontro de coito vaginal sem preservativo com a sua parceira do sexo feminino (a paciente) após o seu regresso a Nova Iorque, e que  não se envolveu em sexo oral ou anal com ela. O homem informou que não havia notado nenhum sangue em seu pênis imediatamente após a relação sexual, o que poderia ter sido associado tanto com sangramento vaginal como com quaisquer lesões abertas em seu órgão genital. Ele também informou que não tem nenhum outro parceiro sexual recente, e que não recebeu picada de mosquito na semana anterior à sua doença.

Independentes entrevistas de acompanhamento com a mulher e o homem corroboraram a história de exposição e doença. Os pacientes foram consistentes em descrever o início da doença, sintomas, história sexual, e as viagens realizadas pela mulher. Essas informações também foram consistentes com o relatório inicial realizado pelo provedor de cuidados primários.

 

O momento e a sequência de eventos suportam a transmissão do vírus Zika do sexo feminino para masculino através de relação sexual vaginal sem preservativo. A mulher provavelmente estava em viremia no momento da relação sexual porque no seu soro, coletado três dias mais tarde, havia evidência do RNA do vírus Zika (PCR).

 

Aplicação Prática

Devemos ressaltar

Este caso representa a primeira ocorrência relatada de transmissão sexual do vírus Zika do sexo feminino para o masculino. As orientações atuais para prevenir a transmissão sexual do vírus Zika baseiam-se no pressuposto de que a transmissão ocorre a partir de um parceiro masculino com um parceiro receptor. Esse caso muda, pois, o entendimento da transmissão.

Pessoas que querem reduzir o risco de transmissão sexual do vírus Zika devem-se abster de sexo, ou de forma correta e consistente usar preservativos para o sexo vaginal, anal e sexo oral, tal como recomendado atualmente.

 

Referências

Davidson A et al. Suspectedfemale-to-male sexual transmission of Zikavirus — New York City, 2016. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2016 Jul 15; [e-pub]