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Tendências em Readmissão Hospitalar em 30 Dias

Contexto Clínico

 

Readmissões hospitalares são importantes para pacientes, famílias, médicos e formuladores de políticas em todo o mundo, já que a redução desses eventos pode melhorar o atendimento e reduzir custos. Políticas de saúde para reduzir as readmissões foram implantadas em vários países, incluindo Dinamarca, Inglaterra, Alemanha e EUA.

Até agora, a política de readmissão, bem como as intervenções clínicas para reduzir as readmissões, nos EUA, concentraram-se principalmente na população com mais de 65 anos do Medicare, que é o alvo do Programa de Redução de Readmissão Hospitalar dos Centros de Medicare e Medicaid Services. No entanto, nos EUA e em outros lugares, planos de saúde e o governo estão cada vez mais comprometidos com estratégias para otimizar as transições de cuidados em um perfil amplo de pacientes.

 

O Estudo

 

Foi realizado um estudo com 31.729.762 admissões hospitalares por qualquer condição clínica em 2013 através de um banco de dados, na forma de coorte retrospectiva. O desfecho avaliado foram readmissões hospitalares não planejadas em 30 dias de qualquer causa. As probabilidades de readmissão foram comparadas pela idade dos pacientes em épocas de 1 ano com regressão logística, respondendo por sexo, fonte pagadora, tempo de internação, disposição de alta, número de condições crônicas, razão e gravidade da internação e agrupamento de dados por hospital. O meio (45 anos) da faixa etária (0 a 90 anos) foi selecionado como o grupo de referência de idade.

A taxa de readmissão não planejada em 30 dias foi de 11,6% (n = 3.678.018). Referenciado por pacientes com idade de 45 anos, o odds ratio ajustado para readmissão aumentou entre 16 e 20 anos de 0,70 (IC 95%, 0,68 a 0,71) para 1,04 (1,02 a 1,06), permaneceu elevado entre 21 e 44 anos de 1,02 (IC 95%, 1,00 a 1,03) para 1,12 (IC 95%, 1,10 a 1,14), diminuiu constantemente entre as idades de 46 e 64 anos de 1,02 (IC 95%, 1,00 a 1,04) para 0,91 (IC 95%, 0,90 a 0,93) e diminuiu abruptamente aos 65 anos para 0,78 (IC 95%, 0,77 a 0,79), após o que as chances permaneceram relativamente constantes com o avançar da idade.

Em todas as idades, várias condições crônicas foram associadas às maiores chances de readmissão ajustadas (por exemplo, 3,67 [3,64 a 3,69] para seis ou mais condições versus nenhuma condição crônica). Entre crianças, adultos jovens e adultos de meia-idade, a doença mental foi uma das causas mais comuns na admissão índice que tiveram altas taxas de readmissão.

 

Aplicação Prática

 

Este estudo mostra que, considerando os riscos demográfico e clínico, as chances ajustadas de readmissão aumentaram durante a transição dos adolescentes para a idade adulta, atingindo pico nos adultos de meia-idade e diminuindo aos 65 anos de idade. Para crianças e adultos, a presença de múltiplas condições crônicas foi fortemente relacionada com readmissão. O mesmo ocorreu nos casos de internação inicial por problemas de saúde mental, também com mais chance de readmissão.

Levando em conta esses resultados da realidade dos EUA, recomenda-se dar enfoque no gerenciamento pós-alta de pacientes com esse perfil de comorbidades. Talvez no Brasil, devido a aspectos socioculturais locais, esse gerenciamento seja importante mesmo nos mais idosos, que, neste estudo feito nos EUA, não se destacaram nas readmissões, mas, considerando a realidade brasileira, podem corresponder a uma grande fatia de casos.

 

Bibliografia

 

Berry JG et al. Age trends in 30 day hospital readmissions: US national retrospective analysis. BMJ 2018;360:k497.