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Alteração no intervalo QT

 

Quadro clínico

         Paciente do sexo masculino, 54 anos de idade, com histórico de ressecção de adenoma de paratireoide, vinha em tratamento para pneumonia, no 3º dia de claritromicina 500 mg VO a cada 12 horas. Procurou o PS com história de cãibras, fraqueza e palpitações. Exame físico sem alterações dignas de nota. Solicitados exames laboratoriais que, de interesse, mostraram cálcio iônico de 3,8 mg/dL (limite inferior de 4,5). Feito ECG por conta do relato de palpitações.

 

Eletrocardiograma

 

 

Diagnóstico e discussão

         Este paciente apresentava QT longo conforme um valor de 0,48 seg de QT corrigido. A causa deste QT longo foi atribuída ao uso de claritromicina para tratamento de uma pneumonia adquirida na comunidade, associado a hipocalcemia (decorrente da ressecção do adenoma de paratireoide).

         O intervalo QT corrigido (QTc) é calculado dividindo-se o intervalo QT pela raiz quadrada do intervalo RR. Estes intervalos são medidos em segundos. Vale lembrar que em um ECG, cada “quadradinho” corresponde a 0,04 seg.

 

QTc = QT / vRR

 

         Um QTc longo é definido por um valor QTc > 0,44 seg.

         A importância do QT longo se deve à evolução para torsades de pointes, uma taquicardia ventricular polimórfica de alto risco para morte súbita.

         Dentre as diversas causas de QT longo adquirido, podemos citar como mais importantes na prática clínica os distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia, hipocalemia e hipomagnesemia), as drogas antiarrítmicas (quinidina, procainamida, amiodarona, sotalol), alguns antibióticos (macrolídeos, quinolonas respiratórias e voriconazol) e outras drogas, como antidepressivos tricíclicos, haloperidol, risperidona, metadona, ondansetrona e domperidona.

 

Bibliografia

1.         Moss AJ. Long QT Syndrome. JAMA 2003; 289:2041.

2.        Li H, Fuentes-Garcia J, Towbin JA. Current concepts in long QT syndrome. Pediatr Cardiol 2000; 21:542.

3.        Jackman WM, Friday KJ, Anderson JL, Aliot EM, Clark M, Lazzara R. The long QT syndromes: a critical review, new clinical observations and a unifying hypothesis. Prog Cardiovasc Dis 1988; 31:115.

4.        El-Sherif N, Turitto G. Torsade de pointes. Curr Opin Cardiol 2003; 18:6.

5.        Passman R, Kadish A. Polymorphic ventricular tachycardia, long Q-T syndrome, and torsades de pointes. Med Clin North Am 2001; 85:321.

6.        Khan IA. Long QT syndrome: diagnosis and management. Am Heart J 2002; 143:7.

Comentários

Por: Atendimento MedicinaNET em 21/10/2014 às 14:22:57

"Caro Carlos, Na verdade, o intervalo Qt pode sofrer pequenas variações em função da frequência cardíaca, uma vez que ele demonstra o período de repolarização que precede nova despolarização. Por isso mesmo, para diagnóstico de alterações patológicas do Qt, utilizamos o intervalo QT corrigido (QTc), que é calculado dividindo-se o intervalo QT pela raiz quadrada do intervalo RR. Esperamos ter ajudado, Atenciosamente, Os Editores"

Por: Carlos Alberto Martins Lopes em 09/10/2014 às 17:50:34

"O prolongamento do intervalo QT pode está associado a FC ? Gostaria de uma explicação. Obrigado."

Por: Atendimento MedicinaNET em 20/06/2013 às 11:18:09

"Prezada Ana Luiza, O prolongamento do intervalo QT ocorre de modo uniforme em todas as derivações. Como a medida do intervalo se inicia pela onda Q, as derivações analisadas devem demonstrar nitidamente o início desta onda e o final da onda T. A derivação analisada pode ser aquela que demonstrar melhor esse intervalo. Atenciosamente, Os editores"

Por: ANA LUISA SOUZA PEDREIRA em 19/06/2013 às 19:06:45

"Qual a melhor derivação para o cálculo do QTc? Obrigada."