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Hérnia de Hiato

Quadro Clínico

Paciente feminina, 52 anos, traz uma radiografia de tórax mostrando uma massa em hemitórax direito. Relatou que em outro serviço foi diagnosticado um tumor. Ficou extremamente preocupada e pediu uma segunda opinião. De queixas, a única coisa que  refere é ter uma síndrome dispéptica de difícil controle sintomático. Recentemente, os sintomas se acentuaram, e passaram a ser principalmente de pirose e vômitos.  Devido à dúvida da paciente é solicitada  uma tomografia de tórax, que mostra um achado inusitado, mas que tranquiliza a paciente. Veja a imagem 1.

 

Imagem 1- Tomografia mostrando presença de parte do estômago dentro do tórax

 

  

Discussão

A definição de hérnia do hiato refere-se à presença de elementos da cavidade abdominal que se projeta através do hiato esofágico do diafragma, adentrando o tórax.

As hérnias de hiato são categorizadas em dois grandes grupos, que são as por deslizamento e as paraesofágicas. Estima-se que mais do que 95% das hérnias de hiato são do tipo I (deslizante), com as hérnias do tipo II, III, e IV (paraesofágicas) representando cerca de 5%.

A etiologia é muito descutida. A maioria das hérnias de hiato do tipo deslizante é relacionada a trauma, malformações congênitas e fatores iatrogênicos. No caso das hérnias Tipo II, III, e IV (paraesofágicas), estas são uma complicação reconhecida da dissecção cirúrgica do hiato, como ocorre durante os procedimentos anti-refluxo, esofagomiotomia, ou gastrectomia parcial.

 

O esquema de classificação mais abrangente reconhece quatro tipos de hérnia de hiato:

Tipo I: hérnia deslizante - é caracterizada por deslocamento da junção gastro-esofágica (GE) acima do diafragma. O estômago permanece no seu alinhamento longitudinal habitual e o fundo permanece abaixo da junção GE;

Tipo II, III, IV: hérnias paraesofágicas - é uma verdadeira hérnia com um saco herniário e é caracterizada por um deslocamento para cima do fundo gástrico através de um defeito na membrana frenoesofágica;

Tipo II: resulta de um defeito localizado na membrana frenoesofágica onde o fundo gástrico serve como um ponto inicial de herniação, enquanto a junção GE permanece fixa na fáscia pré-aórtica e no ligamento arqueado mediano;

Tipo III: tem elementos de ambos os tipos I e II e são caracterizadas pela herniação do fundo gástrico e da junção GE. O fundo encontra-se acima da junção GE;

Tipo IV: a hérnia do hiato está associada com um grande defeito na membrana frenoesofágica e é caracterizada pela presença de outros órgãos que não o estômago no saco herniário (por exemplo, cólon, baço, pâncreas, intestino delgado).

 

Referências

Kahrilas PJ. Hiatus hernia causes reflux: Fact or fiction? Gullet 1993; 3(Suppl):21.

 

Wright RA, Hurwitz AL. Relationship of hiatal hernia to endoscopically proved reflux esophagitis. Dig Dis Sci 1979; 24:311.

 

Kahrilas PJ, Lin S, Chen J, Manka M. The effect of hiatus hernia on gastrooesophageal junction pressure. Gut 1999; 44:476.

 

Sloan S, Kahrilas PJ. Impairment of esophageal emptying with hiatal hernia. Gastroenterology 1991; 100:596.