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H1N1 grave

Quadro Clínico

Homem de 75 anos, portador de hipertensão arterial sistêmica, em uso regular de medicações, é trazido por familiares ao pronto-socorro com quadro de dois dias evoluindo com febre alta, falta de ar e tosse seca. O paciente chega ao pronto-socorro em Glasgow 15, bastante dispneico com FR 30cpm, Saturação de 82% em ar ambiente, PA 100x60mmHg, FC 110bpm, Temperatura de 38,2oC. Ao exame físico apresenta roncos na ausculta pulmonar. O paciente é colocado em VNI, e após 1h está mais estável, sendo transportado para tomografia de tórax, que evidencia um infiltrado bilateral com consolidações e áreas de vidro fosco e infiltração intersticial. Foi coletada sorologia para H1N1 que veio positiva.

 

Imagem 1- Tomografia de tórax com SDRA

 

 

Discussão

Este paciente apresenta a forma grave do influenza H1N1. Lembramos que em abril de 2009 tivemos uma pandemia de influenza A H1N1 que se iniciou pelo México e rapidamente se espalhou pelo mundo todo. A pandemia foi declarada como finalizada em agosto de 2010. A definição de caso de doença por influenza é caracterizada por febre de pelo menos 37,8oC associada a tosse ou dor de garganta na ausência de outras causas associado ao achado de H1N1 em PCR ou cultura.

Cerca de 10% dos pacientes que são infectados não chegam a desenvolver sintomas. Dentre os sintomáticos, vale destacar que na maioria dos casos ocorrerão sintomas de influenza clássicos: febre, tosse seca, dor de garganta, fraqueza e cefaleia. Vômitos e diarreia são mais comuns com H1N1 que com outros vírus influenza.  Ainda há queixas de tremores, mialgia e artralgia.

Entre os achados laboratoriais associados ao H1N1 temos o seguinte: elevação de transaminases (45%), anemia (37%), leucopenia (20%), leucocitose (18%), plaquetopenia (14%), plaquetose (9%) e elevação de bilirrubinas (5%).

Alguns indivíduos com certas condições médicas estão em risco aumentado para complicações da gripe, como aqueles nos extremos de idade e mulheres grávidas e obesos. Complicações também pode ocorrer em pacientes sem condições subjacentes conhecidas. Vale ressaltar que adultos hospitalizados com a gripe H1N1 são mais propensos a ter complicações do trato respiratório inferior, choque / sepse e falência de órgãos do que aqueles com a gripe sazonal que não H1N1. O influenza H1N1 também aumenta a propensão ao ser admitido na unidade de terapia intensiva (UTI), ao necessitar de ventilação mecânica, ou morrer. Jovens adultos com a gripe H1N1 foram duas a quatro vezes mais propensos a ter resultados graves do que indivíduos da mesma idade com a gripe sazonal.

Alguns casos desenvolvem pneumonia rapidamente progressiva, insuficiência respiratória, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e falência de múltiplos órgãos. Superinfecção bacteriana do pulmão foi relatado em 4 a 29% dos casos que resultaram em hospitalização ou morte em diversos países durante a pandemia. Streptococcus pneumoniae foi a causa bacteriana mais comum. E ainda, 3,7% dos casos apresentaram manifestações neurológicas associadas ao influenza. Entre estes, 2,1% tiveram convulsões, 1,4% tiveram encefalopatia ou encefalite, 0,1% tiveram meningite, 0,05% tiveram síndrome de Guillain-Barré.

 

Referências

Cheng VC, To KK, Tse H, et al. Two years after pandemic influenza A/2009/H1N1: what have we learned? Clin Microbiol Rev 2012; 25:223

 

Louie JK, Acosta M, Winter K, et al. Factors associated with death or hospitalization due to pandemic 2009 influenza A(H1N1) infection in California. JAMA 2009; 302:1896.

Gordon A, Saborío S, Videa E, et al. Clinical attack rate and presentation of pandemic H1N1 influenza versus seasonal influenza A and B in a pediatric cohort in Nicaragua. Clin Infect Dis 2010; 50:1462.

 

Reed C, Chaves SS, Perez A, et al. Complications among adults hospitalized with influenza: a comparison of seasonal influenza and the 2009 H1N1 pandemic. Clin Infect Dis 2014; 59:166.

 

Perez­Padilla R, de la Rosa­Zamboni D, Ponce de Leon S, et al. Pneumonia and respiratory failure from swine­origin influenza A (H1N1) in Mexico. N Engl J Med 2009; 361:680.