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Homem de 45 Anos de Idade com Lesão Cutanea e Artralgias

Paciente de 45 anos de idade do sexo masculino, com quadro de dor articular assimétrica em punhos, interfalangianas e joelhos há 6 dias, com aparecimento de lesão cutânea, como mostra a Figura 1. Ocorre edema significativo em joelhos.

 

 

Figura 1 - Lesão cutânea.

 

A lesão cutânea mostra uma pústula associada a eritema local em paciente com quadro de poliartralgias e edema articular. Foi realizada punção articular que demonstrou um líquido inflamatório e gram com cocos gram negativos sugestivos do diagnóstico de artrite gonocócica.

A artrite gonocócica pode se manifestar de duas formas:

               Tríade de tenossinovite, dermatite e poliartralgias, sem artrite purulenta

               Artrite purulenta sem lesões cutâneas

 

Em alguns pacientes, é difícil se realizar a diferenciação entre as duas formas de infecção gonocócica disseminada, e alguns pacientes que, inicialmente, apresentam quadro de tenossinovite podem evoluir com artrite purulenta, principalmente se ocorre atraso na antibioticoterapia; um certo número de pacientes com artrite purulenta apresenta também tenossinovite e dermatite.

Apenas uma minoria dos pacientes apresenta concomitância de manifestações genitais ou de faringite associada à infecção disseminada. Os sintomas articulares se desenvolvem de um dia a várias semanas (média de 10 a 20 dias) após o contato sexual.

A poliartralgia ou a poliartrite é aditiva e migratória, sendo os joelhos, tornozelos, punhos e cotovelos as articulações mais acometidas. A tenossinovite ocorre em dois terços dos pacientes, sendo mais comum no dorso da mão, nos punhos, nos tornozelos e nos joelhos; em geral, acomete múltiplos tendões, sendo um achado raro em outras artrites e, portanto, específico para o diagnóstico de artrite gonocócica. A dermatite é mais frequentemente maculopapular ou vesicular; também podem aparecer pústulas e bolhas hemorrágicas, eritema multiforme e vasculite.

As lesões cutâneas são mais frequentes em extremidades e tronco, mas normalmente são assimétricas e requerem inspeção cuidadosa; algumas vezes, novas lesões aparecem após iniciar a antibioticoterapia, mas o curso mais comum é as lesões desaparecerem após alguns dias de tratamento. O número de lesões é comumente pequeno, variando, na maioria dos casos, entre 2 a 10 lesões, raramente ultrapassando 40 lesões; costuma poupar a face.

Febre é relatada sobretudo em pacientes com a forma da doença com tenossinovite e poliartralgias, sendo rara nos pacientes com artrite purulenta. A sinovite purulenta ocorre em 25 a 50% dos pacientes. Os joelhos, os tornozelos, os pulsos e os cotovelos são os mais infectados nesse caso, e a poliartrite associada não é incomum. Os pacientes com artrite gonocócica apresentam, na maioria dos casos, melhora significativa 24 a 48 horas após o início da antibioticoterapia, dado que aumenta a probabilidade de a artrite ser causadao pela neisseria gonorrhae.

A artrite meningocócica é similar à gonocócica, sendo que 20 a 40% dos pacientes com meningococemia têm sintomas articulares; pode ser estéril ou séptica, acelular ou purulenta. Outras complicações associadas à artrite gonocócica são meningite, endocardite e miocardite gonocócica, que são raras, mas potencialmente fatais.