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Estilo de vida e risco de AVC

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 03/06/2009

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Estilo de vida e risco de AVC

 

Efeito combinado de comportamentos saudáveis e risco do primeiro AVC em 20.040 homens e mulheres durante 11 anos de seguimento na coorte de Norfolk da Investigação Européia Prospectiva de Câncer (EPIC Norfolk): estudo populacional prospectivo.

Combined effect of health behaviours and risk of first ever stroke in 20 040 men and women over 11 years follow-up in Norfolk cohort of European Prospective Investigation of Cancer (EPIC Norfolk): Prospective population study. BMJ 2009 Feb 19; 338:b349 [Link para Artigo Completo]

 

Fator de impacto da revista (BMJ): 9,723

 

Contexto Clínico

            Comportamentos relacionados ao estilo de vida como tabagismo, atividade física e dieta influenciam o risco de doenças cardiovasculares, incluindo o acidente vascular cerebral (AVC). Estes comportamentos também se relacionam com outros fatores de risco intermediários para doenças cardiovasculares como dislipidemia, hipertensão e obesidade. O impacto de comportamentos saudáveis sobre o risco de AVC, independente dos fatores de risco intermediários, na população geral é menos conhecido. Para quantificar o efeito combinado potencial de 4 comportamentos saudáveis sobre a incidência de AVC em homens e mulheres aparentemente saudáveis morando numa comunidade geral, os autores realizaram um estudo prospectivo de base populacional.

 

O Estudo

            Estudo prospectivo de base populacional realizado em Norfolk, Reino Unido com 20.040 participantes (homens e mulheres) com idade entre 40 e 79 anos e sem história conhecida de AVC ou infarto agudo do miocárdio no início do estudo. Os participantes viviam numa comunidade geral, foram selecionados entre 1993 – 97 e acompanhados até 2007. Para cada comportamento saudável os participantes marcavam um ponto: não tabagismo atual, fisicamente ativo, ingestão moderada de álcool (1 a 14 doses por semana) e ingestão de pelo menos 5 medidas por dia de frutas e legumes (avaliado através da concentração plasmática de vitamina C = 50 µmol/l). O escore de hábitos saudáveis variava de 0 a 4.

 

Resultados

            Houve 599 AVCs incidentes durante um seguimento de 299.993 pessoas-ano; a média de seguimento foi de 11,5 anos. Após ajuste para idade, sexo, índice de massa corpórea (IMC), pressão arterial sistólica, concentração de colesterol, história de diabetes e de uso de aspirina e classe social, comparados com participantes com os 4 comportamentos saudáveis, os riscos relativos de AVC para homens e mulheres foram 1,15 (IC95% 0,89 – 1,49) para 3 comportamentos saudáveis; 1,58 (1,22 – 2,05) para dois; 2,18 (1,63 – 2,92) para um; e 2,31 (1,33 – 4,02) para nenhum comportamento saudável (p<0,001 para tendência). Estes resultados foram consistentes em subgrupos estratificados por sexo, idade, IMC e classe social, e após exclusão das mortes ocorridas nos primeiros 2 anos de seguimento. Os autores concluem que quatro comportamentos saudáveis combinados predizem uma grande diferença na incidência de AVC em homens e mulheres.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Há poucas dúvidas de que controlar fatores de risco como hipertensão arterial e fibrilação atrial é efetivo na prevenção de AVC. Entretanto, uma grande proporção dos AVCs ocorre em indivíduos que não apresentam tais fatores de risco. Assim, modificações no estilo de vida podem ter um impacto muito grande na prevenção de AVCs tanto do ponto de vista individual como populacional. Este estudo vem adicionar novas informações ao já substancial corpo de evidências indicando que modificações do estilo de vida como cessação do tabagismo, atividade física e dieta rica em frutas e verduras influenciam o risco de AVC. Como em qualquer estudo observacional, existem vieses e limitações potenciais. A causalidade reversa é uma das principais limitações potenciais. Indivíduos que já estão doentes tendem a ser menos ativos fisicamente e modificar sua dieta em virtude da doença prevalente. Os autores relatam que minimizaram este efeito potencial através da exclusão de indivíduos com história prévia de AVC ou infarto do miocárdio e ajuste para outros potenciais indicadores de saúde precária. Confusão residual com fatores conhecidos e desconhecidos é sempre possível, entretanto os resultados são consistentes com os de outros estudos. Por último, pode ter havido erros de medida na avaliação das exposições, uma vez que a exposição foi medida em apenas um momento do estudo, não levando em conta possíveis modificações que possam ter ocorrido durante o seguimento. A despeito destas considerações, o estudo é um grande estudo de coorte com um período de seguimento de 11 anos mostrando que mudanças modestas e relativamente simples de serem atingidas no estilo de vida podem reduzir substancialmente o risco de AVC em adultos. Sendo assim, este editor reforça as recomendações para estimular mudanças saudáveis no estilo de vida como forma tanto individual como populacional de se reduzir a morbidade e mortalidade por causas cardiovasculares.

 

Bibliografia

1. Myint PK et al. Combined effect of health behaviours and risk of first ever stroke in 20 040 men and women over 11 years follow-up in Norfolk cohort of European Prospective Investigation of Cancer (EPIC Norfolk): Prospective population study. BMJ 2009 Feb 19; 338:b349

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