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USG para diagnóstico de pneumonia no pronto-socorro

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 04/07/2009

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USG para diagnóstico de pneumonia no pronto-socorro

 

Avaliação do ultra-som de pulmão para diagnóstico de pneumonia no departamento de emergências.

Evaluation of lung ultrasound for the diagnosis of pneumonia in the ED. Am J Emerg Med 2009; 27:379–384 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (Am J Emerg Med): 1,164

 

Contexto Clínico

            Pneumonia adquirida na comunidade é uma condição comum em adultos e potencialmente grave. É também a única infecção respiratória aguda na qual atraso na instituição de antibioticoterapia está associada a aumento na mortalidade. Desta forma, um diagnóstico rápido e correto é imprescindível. O diagnóstico baseia-se na clínica e na radiografia de tórax, entretanto a radiografia de tórax pode apresentar algumas limitações, particularmente no pronto-socorro, em virtude da condição clínica dos pacientes, demora na realização do exame e, algumas vezes, variabilidade interobservador na sua interpretação. Por outro lado, embora a tomografia de tórax seja o padrão ouro para o diagnóstico de pneumonia, ela nem sempre está disponível, o tempo para sua realização pode ser mais longo que o da radiografia de tórax, há uma grande dose de radiação e seu custo é elevado. Assim, este estudo objetivou avaliar a habilidade do ultrassom de pulmão realizado à beira do leito na confirmação de uma suspeita de pneumonia e se sua integração à prática clínica habitual de emergências é factível.

 

O Estudo

            Os autores realizaram ultrassom de pulmão nos pacientes adultos admitidos no pronto-socorro com suspeita de pneumonia. Subsequentemente foi realizada radiografia de tórax em todos os pacientes. Tomografia computadorizada de tórax foi realizada apenas nos pacientes com ultrassom de pulmão positivo e radiografia de tórax negativa. Os pacientes com pneumonia confirmada foram reavaliados após 10 dias para avaliar sua condição clínica após a antibioticoterapia.

 

Resultados

            Foram avaliados 49 pacientes e pneumonia foi confirmada em 32 pacientes (65,3%). Neste grupo houve 31 ultrassons de pulmão positivos (96,9%) e 24 radiografias de tórax positivas (75%). Em 8 casos (25%), o ultrassom de pulmão foi positivo e a radiografia de tórax foi negativa. Neste grupo a tomografia de tórax confirmou os achados do ultrassom em todos os casos. Em apenas um caso a radiografia de tórax foi positiva e o ultrassom de pulmão foi negativo. O seguimento foi consistente com o diagnóstico em todos os casos. Os autores concluem que, considerando que o ultrassom de pulmão é uma técnica não invasiva, disponível à beira do leito, rápida e confiável, os resultados deste estudo sugerem que ele possa ter um papel significativo na avaliação de pacientes com suspeita de pneumonia no departamento de emergências. Ressaltam que esta sugestão é plausível mesmo considerando-se que não foi possível avaliar a sensibilidade e a especificidade do ultrassom de pulmão neste estudo, uma vez que a tomografia de tórax, que é o padrão ouro para o diagnóstico de pneumonia, não foi realizada em todos os pacientes.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Como muito corretamente ressaltam os autores na conclusão do estudo, este estudo não deve ser utilizado para definir a sensibilidade e especificidade do ultrassom de pulmão no diagnóstico de pneumonia em pacientes no pronto-socorro. É um estudo com importantes falhas metodológicas, particularmente o fato de o exame padrão ouro para o diagnóstico de pneumonia (tomografia computadorizada de tórax) não ter sido realizado em todos os pacientes, tendo sido feito apenas em casos selecionados, levando a viés. A realização do teste diagnóstico padrão ouro para o diagnóstico de determinada condição é uma das principais características de boa qualidade de estudos que avaliam testes diagnósticos2. Além disso, o estudo é pequeno e foi realizado em apenas um centro, o que dificulta a generalização de seus resultados para outras populações. De qualquer forma, o estudo é interessante pois, a despeito de todas estas falhas metodológicas, de fato, sugere que o ultrassom de pulmão tenha algum papel na avaliação diagnóstica de pneumonias em pacientes admitidos no pronto-socorro. Entretanto, esta sugestão deve ser avaliada num estudo maior, de preferência multicêntrico, e com desenho adequado para avaliação de testes diagnósticos.

 

Bibliografia

1. Parlamento S, Copetti R, Bartolomeo SD. Evaluation of lung ultrasound for the diagnosis of pneumonia in the ED. Am J Emerg Med 2009; 27(4):379–384.

2. Jaeschke R, Guyatt G, Sackett DL, the Evidence-Based Medicine Working Group. Users' Guides to the Medical Literature: III. How to Use an Article About a Diagnostic Test A. Are the Results of the Study Valid? JAMA 1994; 271(5):389-391.

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