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Aspirina aumenta a sobrevida após diagnóstico de câncer colorretal?

Autor:

Euclides F. de A. Cavalcanti

Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 27/09/2009

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Aspirina aumenta a sobrevida após diagnóstico de câncer colorretal?

 

Uso de aspirina e sobrevida após diagnóstico de câncer colorretal1 [link para o abstract]

 

Fator de impacto da revista (JAMA): 31,718

 

Contexto Clínico

            O uso regular de aspirina se associa a menor incidência de adenoma e câncer de cólon, sendo o provável mecanismo a inibição da ciclooxigenase 2 (COX-2), que promove a proliferação celular e que tem o gene hiperexpresso em 80% a 85% dos cânceres colorretais. No entanto, o uso de aspirina não está indicado para prevenção primária de câncer colorretal, devido aos efeitos colaterais, principalmente os gastrointestinais2. O presente estudo procurou trazer mais informações sobre o uso de aspirina como tratamento adjuvante em pacientes com câncer colorretal estabelecido.

 

O Estudo

            Estudo observacional, que analisou os dados de dois grandes estudos de coorte dos Estados Unidos: o Estudo de Coorte das Enfermeiras (Nurses’ Health Study – NHS), que vem acompanhando 121.701 mulheres (com idades entre 30 e 55 anos no início do estudo) desde 1976 e o Estudo de Coorte dos Profissionais de Saúde (Health Professionals Follow-up Study – HPFS), que vem acompanhando 51.529 homens (com idades entre 40 e 75 anos no início do estudo) desde 1986.

 

Resultados

            Foram identificados 1279 casos de adenocarcinoma de cólon não metastático (estádios I, II e III). O uso de aspirina, tanto antes quanto após o diagnóstico, foi verificado. Os pesquisadores conseguiram determinar se havia hiperexpressão da COX-2 em 459 pacientes.

            A análise multivariada mostrou que os pacientes em uso de aspirina após o diagnóstico tiveram um risco de morte por câncer de cólon 29% menor (RR 0,71 IC 95% 0,53-0,95) e de mortalidade geral 21% menor (RR 0,79 IC 95% 0,65-0,97). Entre os 459 pacientes em que foi analisada a hiperexpressão da COX 2 no tumor, verificou-se que a aspirina diminuiu a mortalidade por câncer significativamente apenas naqueles com hiperexpressão do gene, que tiveram diminuição de 61% na mortalidade (RR 0,39 IC 95% 0,20-0,76), ao passo que nos pacientes sem hiperexpressão de COX-2 não houve diferença na mortalidade.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Trata-se de um estudo observacional e, portanto, sujeito a viés. Antes de se retirar conclusões definitivas sobre a indicação do uso de aspirina em pacientes com câncer colorretal, são necessários ensaios clínicos randomizados que comprovem este benefício. Como bem ressaltaram os autores e o editorial associado, o fato de que apenas os pacientes que tinham tumores com hiperexpressão de COX-2 terem se beneficiado do uso de aspirina aumenta muito a plausibilidade biológica de que os achados de diminuição da mortalidade foram mesmo devido ao uso da aspirina e não devido a uma fonte oculta de viés.

            Até que estudos prospectivos e randomizados esclareçam definitivamente este assunto, caberá às sociedades de especialistas analisar as evidências e decidir quais  pacientes com câncer colorretal devem ser tratados com aspirina. Se comprovados estes achados em outros estudos, é possível que a análise da hiperexpressão da COX-2 nos tumores de cólon se torne rotineira em um futuro próximo.

 

Bibliografia

1.     Chan AT et al. Aspirin Use and Survival After Diagnosis of Colorectal Cancer. JAMA. 2009;302(6):649-659 [link para o abstract]

2.     Dube´ C, Rostom A, Lewin G, et al; US Preventive Services Task Force. The use of aspirin for primary prevention of colorectal cancer: a systematic review prepared for the US Preventive Services Task Force. Ann Intern Med. 2007;146 (5):365-375.

 

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