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Mortalidade de idosos após fratura de quadril

Autores:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Euclides F. de A. Cavalcanti

Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 21/03/2010

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Mortalidade de idosos após fratura de quadril

 

Metánalise: excesso de mortalidade após fratura de quadril entre homens e mulheres idosos1 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (Annals of Internal Medicine): 17,457

 

Contexto Clínico

            O aumento de mortalidade após fratura de quadril está bem estabelecido tanto para homens como para mulheres (a maioria dos estudos mostra um aumento de mortalidade nos primeiros 3 a 6 meses)2,3, entretanto não se sabe se este excesso de mortalidade persiste no longo prazo. Tem havido interesse crescente em relação à epidemiologia da fratura de quadril, particularmente no que se refere à quantificação da magnitude e da duração do excesso de mortalidade. Tais dados são importantes para utilização em análises de custo-efetividade de estratégias de prevenção da fratura de quadril. Sendo assim, os autores realizaram a presente metanálise com objetivo de avaliar a magnitude e a duração da mortalidade em homens e mulheres após fratura de quadril.

 

O Estudo

            Trata-se de uma metanálise de estudos de coorte prospectivos, em que dois revisores independentes selecionaram estudos (busca eletrônica) nas bases de dados MEDLINE e EMBASE de 1957 a 2009, além de busca manual nas referências dos artigos. Os estudos selecionados deveriam avaliar a mortalidade em homens e mulheres com 50 anos ou mais com fratura de quadril, fornecer uma análise de tábua de sobrevida com as respectivas curvas de sobrevida para o grupo de fratura de quadril e para os grupos controle pareados por sexo e idade. Foram selecionados 22 estudos de coorte com mulheres e 17 estudos com homens.

 

Resultados

            A metanálise mostrou que o risco relativo de morte por todas as causas (mortalidade geral) nos primeiros 3 meses após um fratura de quadril foi 5,75 (IC95% 4,94-6,67) para mulheres e 7,95 (IC95% 6,13-10,30) para homens. O risco relativo diminuiu progressivamente com o passar do tempo, mas as taxas de mortalidade nunca voltaram a ser iguais às dos controles pareados por sexo e idade. Através do método das tábuas de sobrevida, os investigadores estimaram que mulheres brancas com fratura de quadril aos 80 anos têm um excesso de mortalidade comparadas a mulheres brancas de mesma idade sem fratura de quadril de 8%, 11%, 18% e 22% no primeiro, segundo, quinto e décimo ano após a fratura, respectivamente. Homens com fratura de quadril aos 80 anos têm excesso de mortalidade de 18%, 22%, 26% e 20% no primeiro, segundo, quinto e décimo ano após a fratura, respectivamente. Os autores concluem que idosos com fratura de quadril têm uma mortalidade de 5 a 8 vezes maior durante os primeiros 3 meses após uma fratura de quadril, e que este excesso de mortalidade persiste ao longo do tempo tanto para homens como para mulheres.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            É uma metanálise interessante, embora esteja sujeita a viés como qualquer metanálise. Os autores comentam sobre a qualidade dos estudos que, em média, foi considerada boa. Entretanto os estudos diferiram em inúmeras características como tamanho, duração da observação, seleção dos controles e ajuste para comorbidades. Esta última característica é de extrema importância, uma vez que muitas comorbidades que predispõe às quedas e fraturas de quadril, podem também ser a causa do excesso de mortalidade como demência, DPOC, doenças neurológicas/psiquiátricas, doenças renais e doenças cardiovasculares. Neste aspecto, os autores mencionam que não foi possível avaliar os potenciais efeitos de confusão das comorbidades, o que reduz a validade dos achados. Contudo, os achados são plausíveis, particularmente no que se refere à mortalidade de mais curto prazo. Vários fatores, principalmente eventos pós-operatórios, estão associados ao aumento precoce de mortalidade após fratura de quadril como tromboembolismo, complicações infecciosas e cardiovasculares. Um outro ponto que pode ter causado viés nesta metanálise é o fato de muitos dos estudos incluírem tanto pacientes institucionalizados como pacientes da comunidade. Além disso, os próprios autores mencionam que viés de publicação também pode ter ocorrido.

            Independente das limitações mencionadas, esta revisão sistemática é a primeira a fornecer estimativas quantitativas da sobrevida de pacientes idosos com fratura de quadril, informações de extrema importância para planejamento de estratégias de prevenção tanto primária como secundária.

 

Bibliografia

1. Haentjens P, Magaziner J, Colón-Emeric CS, Vanderschueren D, Milisen K, Velkeniers B, Boonen S. Meta-analysis: Excess Mortality After Hip Fracture Among Older Women and Men. Ann Intern Med 2010; 152(6):380-390.

2. Tosteson AN, Gottlieb DJ, Radley DC, Fisher ES, Melton LJ 3rd. Excess mortality following hip fracture: the role of underlying health status. Osteoporos Int. 2007;18:1463-72.

3. Magaziner J, Lydick E, Hawkes W, Fox KM, Zimmerman SI, Epstein RS, et al. Excess mortality attributable to hip fracture in white women aged 70 years and older. Am J Public Health. 1997;87:1630-6.

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