Autor:
Marcelo Litvoc
Médico da Disciplina de Infectologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Última revisão: 27/06/2010
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A sífilis, com suas diferentes apresentações clínicas, continua sendo uma doença relevante na prática médica. A importância como doença sexualmente transmissível, principalmente na co-infecção com o vírus HIV requer vigilância constante, diagnóstico precoce e tratamento efetivo. A penicilina benzatina, em diferentes esquemas terapêuticos, continua sendo a droga de escolha para o tratamento das formas primária, secundária, latente precoce e latente tardia da doença. Nos casos de hipersensibilidade aos derivados de penicilina, a droga de escolha é a doxiciclina, em um esquema terapêutico longo (14 dias), com intolerância gastrointestinal e dificuldade para adesão ao tratamento. Este estudo patrocinado pelo National Institute of Allergy and Infectious Diseases compara o uso de Azitromicina em dose única com a penicilina benzatina.
Foi realizado um estudo aberto, controlado e randomizado em cinco clínicas norte-americanas e duas
Pacientes foram alocados para receber, de forma supervisionada, penicilina benzatina-2.400.000 UI IM ou Azitromicina 2,0g VO, realizando-se exame de controle com 14 dias, 01, 03 e 06 meses (RPR-rapid plasma reagin). O desfecho primário foi a redução dos títulos de RPR (exame similar ao VDRL) em 02 diluições (04 vezes) em 06 meses. Realizou-se um estudo de Intenção de Tratamento, objetivando-se avaliar a não inferioridade da Azitromicina em relação à Penicilina Benzatina.
Do total de 517 participantes, 255 receberam Azitromicina, enquanto 262 receberam penicilina benzatina. A comparação dos dois grupos com 06 meses (desfecho primário) mostrou uma taxa de cura (redução do título em 02 diluições) de 77,5% no grupo da Azitromicina e 78,9% no grupo da Penicilina Benzatina, demonstrando a não-inferioridade da Azitromicina
Cerca de 61,5% dos pacientes do grupo da Azitromicina apresentaram efeitos adversos leves, em comparação com 46,3% do grupo da Penicilina Benzatina. Grande parte dos efeitos estavam relacionados com sintomas gastrointestinais, no primeiro grupo, na maioria das vezes auto-limitados.
Este estudo aponta uma importante alternativa para o tratamento da sífilis em pacientes alérgicos à penicilina ou com resistência ao uso de medicações injetáveis, com a vantagem posológica e melhor adesão ao tratamento, com supervisão médica. Cabe ressaltar que as formas latentes tardias não foram avaliadas, assim como a população HIV+, com respostas ao tratamento muitas vezes discordantes da população em geral.
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