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Glutamina e selênio para suplementação de nutrição parenteral

Autor:

Antonio Paulo Nassar Junior

Especialista em Terapia Intensiva pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Médico Intensivista do Hospital São Camilo. Médico Pesquisador do HC-FMUSP.

Última revisão: 07/03/2012

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Glutamina e selênio para suplementação de nutrição parenteral1

 

Área de atuação: Medicina Intensiva

 

Especialidade: Medicina Intensiva, Nutrologia

 

Resumo

A suplementação de glutamina e selênio é frequentemente descrita como benéfica para pacientes graves em uso de nutrição parenteral. No entanto, estes dados vêm de estudos pequenos combinados em metanálises que mostram grande heterogeneidade dos resultados.

 

Contexto clínico

Embora a via enteral seja a de escolha em pacientes graves, a nutrição parenteral (NP) tem seu papel em pacientes com disfunção gastrintestinal. Algumas revisões sistemáticas, baseadas em estudos pequenos, têm sugerido um possível benefício em mortalidade e taxas de infecção na suplementação com glutamina e selênio em pacientes recebendo NP. Os autores do estudo propuseram-se a avaliar o papel de ambos nas taxas de infecção e mortalidade de pacientes em uso de NP em UTI.

 

O estudo

Foram incluídos pacientes com previsão de internação = 48 horas, idade = 16 anos e com necessidade = 50% de seu alvo calórico sendo administrado como NP. Foram excluídos gestantes, pacientes com previsão de estadia na Grã-Bretanha < 6 meses e com clearance de creatinina < 10 mL/min, mas não sob diálise.

Os pacientes recebiam uma de quatro fórmulas de NP:

 

1.   Padrão (12,5 g de nitrogênio, 2.000 kcal);

2.   Glutamina (12,5 g de nitrogênio, 20,2 g de glutamina);

3.   Selênio (padrão, mais 500 mcg de selênio);

4.   Glutamina e selênio (fórmula com glutamina + 500 mcg de selênio).

 

As formulações eram mantidas por, no máximo, 7 dias. Os desfechos principais analisados foram infecções novas em 14 dias e mortalidade (na UTI e em 6 meses).

Foram incluídos 126 pacientes no grupo glutamina, 127 no grupo selênio, 124 no grupo glutamina + selênio e 125 no grupo controle.

Não houve diferenças quanto à taxa de infecção no grupo com selênio vs. sem selênio (50 vs. 55%; p=0,24), bem como no grupo com glutamina vs. sem glutamina (54 vs. 52%; p=0,71). Também não houve nenhuma interação entre o selênio e a glutamina.

Não houve diferenças também quanto à mortalidade na UTI no grupo com selênio vs. sem selênio (33 vs. 33%, p=0,98) e no grupo com glutamina vs. sem glutamina (35 vs. 32%, p=0,42). As mortalidades em 6 meses também não diferiram (com vs. sem selênio: 43 vs. 45%, p=0,54; com vs. sem glutamina: 46 vs. 42%; p=0,38).

Uma subanálise realizada com pacientes que receberam no mínimo 5 dias de NP mostrou uma redução da taxa de infecção com o uso do selênio (59 vs. 72%, p=0,03).

Quando os dados do estudo combinam-se aos dados das metanálises publicadas, a glutamina parece ter um benefício, mas à custa de grande heterogeneidade dos estudos. O selênio, por outro lado, não traz benefícios e não há heterogeneidade dos resultados.

 

Aplicações para a prática clínica

Este estudo não mostrou benefícios da suplementação da NP com glutamina e selênio em pacientes com indicação formal de NP. O uso do selênio por mais de 5 dias associou-se a uma menor taxa de infecção, mas este achado é difícil de ser aplicado na prática clínica. Assim, este é mais um estudo de nutrição em pacientes graves que reforça que a suplementação nutricional não traz benefício relevante, impedindo que haja expectativas a respeito.

 

Glossário

Estudo randomizado: estudo que “sorteia” pacientes para um (ou mais) de dois grupos e compara seus resultados após uma intervenção.

 

Bibliografia

1.         Andrews PJ, Avenell A, Noble DW, Campbell MK, Croal BL, Simpson WG et al. Randomised trial of glutamine, selenium, or both, to supplement parenteral nutrition for critically ill patients. BMJ 2011; 342:d1542. [Link para o artigo] (Fator de impacto: 13,47).

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