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Revisão sistemática do papel da pentoxifilina na hepatite alcoólica grave

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 01/10/2013

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Especialidades: Medicina de Emergência / Gastrenterologia

 

Resumo

Esta é uma revisão sistemática que avaliou quais são os benefícios no uso da pentoxifilina no tratamento da hepatite alcoólica aguda grave (HAA).

 

Contexto clínico

A hepatite alcoólica aguda (HAA) é uma condição grave, associada a grandes taxas de mortalidade e cujo tratamento é muito limitado, baseado praticamente no uso de corticoides. Apesar de haver evidências de que tais medicamentos tenham impacto na sobrevida em curto prazo, eles são associados a maiores taxas de infecção e sepse nos pacientes tratados.

Uma alternativa seria o uso da pentoxifilina. Trata-se de um agente oral antifator de necrose tumoral (TNF), com possível benefício em relação à mortalidade e na redução de síndrome hepatorrenal. A pentoxifilina também seria um bom substituto nos casos em que o corticoide é contraindicado. Tais benefícios não foram esclarecidos – e foram até mesmo questionados –, quando se realizou uma revisão sistemática pela Cochrane em 20092. Contudo, essa revisão pôde incluir apenas 5 estudos, sendo 4 deles extremamente sujeitos a viés. Sendo assim, foi realizada nova revisão sistemática incluindo mais estudos, o que pode modificar a recomendação quanto à pentoxifilina na HAA.

 

O estudo

Esta revisão sistemática conseguiu incluir 10 estudos com um total de 884 pacientes, porém com muita heterogeneidade entre os estudos. Com exceção de um estudo, a pentoxifilina sempre foi administrada por 28 dias aos pacientes. Comparada com placebo, a pentoxifilina diminuiu a incidência de síndrome hepatorrenal (RR: 0,47; IC95%: 0,26-0,86; P=0,01), mas não teve impacto na sobrevida em 1 mês (RR: 0,58; IC95%: 0,31-1,07; P=0,06). Comparada com corticoide, nem a pentoxifilina nem a combinação de pentoxifilina com corticoide reduziram a mortalidade ou o desenvolvimento de síndrome hepatorrenal.

 

Aplicações para a prática clínica

O primeiro ponto a ser esclarecido é que as publicações com a pentoxifilina em HAA continuam heterogêneas e favorecem pouca comparação. Ainda assim, o que se vê nesta revisão sistemática é um benefício menor no uso da pentoxifilina. O que parece racional é utilizá-la quando houver alguma contraindicação ao uso de corticoide, pensando em diminuir a incidência de síndrome hepatorrenal, mas que não há benefício em associá-la ou utilizá-la no lugar do corticoide. A pentoxifilina continua sendo uma medicação que ainda não achou uma “área de atuação” que torne seu uso mais frequente na prática médica.

 

Bibliografia

1.    Parker R, Armstron MJ, Corbett C, Rowe IA, Houlihan DD. Systematic review: pentoxifylline for the treatment of severe alcoholic hepatitis. Aliment Pharmacol Ther 2013 May; 37:845. (link para o artigo).

2.    Whitfield K, Rambaldi A, Wetterslev J, Gluud C. Pentoxifylline for alcoholic hepatitis. Cochrane Database of Systematic Reviews 2009, Issue 4. Art. No.: CD007339. DOI: 10.1002/14651858.CD007339.pub2. (link para o artigo)

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