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Comparação entre Varfarina e Novos Anticoagulantes Orais na Fibrilação Atrial

Última revisão: 10/12/2014

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Especialidades: Cardiologia/Neurologia/Segurança do Paciente

 

Contexto Clínico

A fibrilação atrial é uma doença associada fortemente com eventos cerebrovasculares, devido a episódios cardioembólicos. Muitos pacientes portadores de formas não agudas acabam por ter indicação de anticoagulação plena, seja como prevenção primária ou secundária de acidentes vasculares cerebrais. Por muito tempo, a anticoagulação foi realizada apenas com varfarina, porém novos anticoagulantes orais surgiram no mercado como opção à varfarina mais recentemente. No entanto, o equilíbrio entre eficácia e segurança dessas diferentes drogas em subgrupos necessita de uma melhor definição. Apresentamos a seguir uma metanálise que teve por objetivo avaliar o benefício relativo de novos anticoagulantes orais em comparação à varfarina e os efeitos sobre resultados secundários importantes.

 

O Estudo

Os pesquisadores fizeram um levantamento de ensaios randomizados, de fase 3, sobre pacientes com fibrilação atrial que foram aleatoriamente divididos em grupos para receberem novos anticoagulantes orais ou varfarina, e ensaios em que fossem apresentados resultados de eficácia e segurança. Foi feita uma metanálise de 71.683 participantes incluídos nos 48 ensaios RE-LY, ROCKET AF, ARISTOTLE e ENGAGE AF-TIMI. Os principais resultados foram eventos embólicos sistêmicos, AVC, AVC isquêmico, AVC hemorrágico, mortalidade por todas as causas, infarto do miocárdio, hemorragia grave, hemorragia intracraniana e hemorragia gastrointestinal. Foram calculados os riscos relativos (RR) e os IC de 95% para cada resultado. Fizemos análises de subgrupos para avaliar se as diferenças nas características dos pacientes e dos ensaios afetariam os resultados.

Um novo anticoagulante oral foi administrado para 42.411 participantes, enquanto que 29.272 receberam varfarina. Os novos anticoagulantes orais reduziram significativamente os eventos embólicos sistêmicos ou AVC em 19% a mais em comparação com a varfarina (RR: 0,81; IC95%: 0,73-0,91; p < 0,0001), além de levarem a uma redução em AVCs hemorrágicos (RR: 0,49; IC95%: 0,38-0,64; p < 0,0001). Os novos anticoagulantes orais também reduziram significativamente a mortalidade por todas as causas (RR: 0,90; IC95%: 0,85-0,95; p = 0,0003) e as hemorragias intracranianas (RR: 0,48; IC95%: 0,39-0,59; p < 0,0001), mas aumentaram as hemorragias gastrointestinais (RR: 1,25; IC95%: 1,01-1,55; p = 0,04). Não observamos nenhuma heterogeneidade em eventos embólicos sistêmicos ou de AVCs em subgrupos importantes, mas houve uma maior redução relativa em hemorragias graves com os novos anticoagulantes orais. Regimes de baixa dose de novos anticoagulantes orais mostraram reduções globais semelhantes à varfarina em eventos embólicos sistêmicos ou AVC (RR: 1,03;IC95%: 0,84-1,27; p = 0,74) e um perfil hemorrágico mais favorável (RR: 0,65; IC95%: 0,43-1,00; p = 0,05), mas um número significativamente maior de AVCs isquêmicos (RR: 1,28; IC95%: 1,02-1,60; p = 0,045).

 

Aplicações Práticas

 

Esta metanálise é a primeira a incluir dados para todos os quatro novos anticoagulantes orais estudados nos principais ensaios clínicos de fase 3 para a prevenção de AVC ou eventos embólicos sistêmicos em pacientes com fibrilação atrial. Os novos anticoagulantes orais apresentaram um perfil de risco/benefício favorável, com reduções significativas em ocorrência de AVCs e de mortalidade, demonstrando também mais segurança ao oferecer menor risco de hemorragias intracranianas e de hemorragias graves. Como contraponto, os novos anticoagulantes orais aumentaram as hemorragias gastrointestinais. Os autores do estudo consideraram a eficácia relativa e a segurança dos novos anticoagulantes orais extremamente consistentes para uma ampla gama de pacientes.

Esta metanálise nos leva a crer que os novos anticoagulantes orais são comparativamente melhores que a varfarina quando considerados todos os desfechos analisados, o que incluiu não só eventos embólicos como também o impacto em mortalidade. Além disso, ofereceram menor risco de sangramentos graves e intracranianos, sendo apenas piores no quesito sangramento digestivo. Este estudo oferece uma nova perspectiva para os novos anticoagulantes orais, não apenas como uma mera opção à varfarina, mas como possivelmente drogas de escolha para pacientes com FA. Eventualmente o seu custo possa ser o fator mais limitante, ou o temor dos médicos frente a não existência de um antídoto bem descrito para casos de sangramento. Mas frente aos dados atuais, desde que possível, os novos anticoagulantes orais parecem ser as drogas a serem usadas em casos de FA na necessidade de anticoagulação.

 

Bibliografia

Ruff CT, Giugliano RP, Braunwald E, et al. Comparison of the efficacy and safety of new oral anticoagulants with warfarin in patients with atrial fibrillation: a meta-analysis of randomised trials. The Lancet. 2013;doi:10.1016/S0140-6736(13)62343-0. (link para o artigo).

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