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Impacto da funcionalidade e das comorbidades para idosos internados em UTI

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 19/01/2015

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Especialidades: Terapia Intensiva/Geriatria/Cuidados Paliativos

 

Contexto Clínico

Uma realidade cada vez mais crescente nas UTIs é a admissão de pacientes com idades cada vez mais avançada, sendo muito comum que hoje sejam internados pacientes com mais de 80 anos. Porém, há muita discussão a respeito da internação deste grupo de doentes em terapia intensiva. Algo que é pouco conhecido é como variáveis basais do paciente, como comorbidades e funcionalidade, podem interferir no desfecho. Isso seria fundamental de ser conhecido já que escores de gravidade são pouco calibrados para estes pacientes.

 

O Estudo

Foram investigados os fatores de risco para mortalidade hospitalar em pacientes com idade = 80 anos em estado crítico, enfatizando performance status (funcionalidade) e comorbidades. Foi realizado um estudo observacional retrospectivo com 1129 pacientes nesta faixa etária internados em uma UTI de hospital terciário no Brasil, durante dois anos. Foram obtidos dados sobre características demográficas, razões para admissão, gravidade da doença, comorbidades (através do Índice de Comorbidades de Charlson) e uma medida de funcionalidade simplificada. Foi realizada análise multivariada nesta avaliação.

Na análise multivariada feita com regressão logística, somente a pontuação SAPS3 (OR:1,08; IC95%: 1,06-1,10), Índice de Charlson (OR: 1,16; IC95%: 1,07-1,27), funcionalidade (OR: 1,61; IC95%: 1,05-2,64 para pacientes parcialmente dependentes e OR: 2,39; IC95%: 1,38-4,13 para pacientes totalmente dependentes) e um status de “não candidato a manobras de ressuscitação” (OR: 11,74; IC95%: 6,22-22,160) foram associados com aumento da mortalidade hospitalar. Os itens que mais afetaram a mortalidade dos pacientes com doença menos grave foram a funcionalidade e o Índice de Charlson.

 

Aplicações Práticas

Este estudo observacional realizado no Brasil traz um dado extremamente importante para a prática atual das UTIs. Conforme a análise feita, a funcionalidade e as comorbidades são importantes determinantes da mortalidade em curto prazo para pacientes com idade = 80 anos em estado crítico. Um detalhe do estudo é que foi verificado que analisar a gravidade do paciente em conjunto com este item se mostrou melhor em prever mortalidade do que analisar apenas a gravidade através do SAPS3. Esses resultados fornecem bases para discussão futura sobre qual deve ser a melhor conduta quando se trata não especificamente de um paciente idoso, mas sim de um idoso com alta dependência (baixa funcionalidade) e com maior volume de comorbidades. Este estudo indica que provavelmente é mais importante julgar estes itens do que a idade em si do paciente. Pode ser que em breve tenhamos mais dados que possam inclusive verificar se a internação em UTI para este perfil de alta mortalidade é de fato benéfica.

 

Bibliografia

Zampieri FG, Colombari F. The impact of performance status and comorbidities on the short-term prognosis of very elderly patients admitted to the ICU. BMC Anesthesiology 2014, 14:59. doi:10.1186/1471-2253-14-59. (link para o artigo).

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