Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 09/02/2015
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Especialidades: Gastroenterologia/Medicina de Família
Esôfago de Barrett é uma condição clínica muitas vezes esquecida, mas que tem grande importância. Atualmente se estima, ao menos nos EUA, uma prevalência de 5,6% nos adultos deste país. Normalmente, esta condição é uma metaplasia da mucosa esofágica que substitui a mucosa normal após insulto ocasionado por doença do refluxo gastroesofágico. Sua evolução tende a ser assintomática. O desfecho mais temido é a evolução para adenocarcinoma de esôfago.
Apresentaremos a seguir um resumo de atualizações sobre Esôfago de Barrett de forma prática para o dia-a-dia de qualquer médico.
Estudos recentes de alta qualidade sugerem que a incidência de adenocarcinoma de esôfago (ACE) em pacientes com esôfago de Barrett é de 0,1% a 0,3% ao ano. O risco de ACE é maior em homens (duas vezes maior em comparação com as mulheres) e quanto maior a extensão do esôfago de Barrett. O risco se mostra menor quando endoscopias seriadas não mostram progressão para displasia.
Menos de 10% dos pacientes com ACE tem um diagnóstico prévio de Esôfago de Barrett feito; sendo assim, realizar rastreamento de rotina não tem qualquer eficácia. Não há evidências de que a triagem endoscópica consiga prevenir a morte por ACE. Apesar dessas limitações, o rastreamento ainda é recomendado pelas sociedades médicas.
As diretrizes atuais recomendam a triagem endoscópica em pacientes com sintomas crônicos de Doença do Refluxo Gastroesofágico associado a algum fator de risco adicional (idade maior ou igual 50 anos, sexo masculino, raça branca, com sobrepeso ou obesidade, tabagismo, distribuição de gordura corporal intra-abdominal).
A displasia é um biomarcador falho para o potencial de progressão para ACE, pois pode ser irregular no tecido da mucosa esofágica e pode não ser detectada em uma amostra aleatória de biópsia do tecido.
A progressão para ACE foi estimada em 6% para displasia de alto grau e 1,8% para a displasia de baixo grau.
A ablação por radiofrequência é o procedimento de escolha para o esôfago de Barrett com displasia de alto grau, mas não para casos de Esôfago de Barrett sem displasia. Não existe consenso sobre a conduta para os casos com displasia de baixo grau, mas a ablação é eventualmente recomendada por alguns especialistas.
Vigilância endoscópica deve continuar mesmo após a erradicação aparentemente bem-sucedida da metaplasia.
Spechler SJ and Souza RF.Barrett's esophagus. N Engl J Med 2014 Aug 28; 371:836. (link para o artigo).
Johnson DA. Managing Barrett Esophagus: A Review. Disponível em: www.jwatch.org
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