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Vasculite Cutânea Induzida por Drogas

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 13/04/2015

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Contexto Clínico

         O termo "vasculite cutânea" (VC) define um grupo heterogêneo e amplo  de condições caracterizadas por inflamação de pequenos vasos e necrose. Apesar da biópsia de pele ser a principal ferramenta para o diagnóstico de VC, ela não é feita rotineiramente em casos típicos. Quando executado, o achado histopatológico mais comum é uma vasculite leucocitoclástica devido à deposição de complexos imunes ou reação de hipersensibilidade do tipo III.

         As vasculites cutâneas podem ser uma entidade idiopática ou, eventualmente, ser associado a diversos fatores, tais como infecções, drogas, neoplasias ou doenças do tecido conjuntivo. O papel potencial das drogas no desenvolvimento de VC geralmente é discutido na definição de vasculites de hipersensibilidade. Entretanto, informação focada especificamente em pacientes com VC associada à droga (VCAD) é escassa.

 

O Estudo

         Foram revisados os registros de casos de pacientes com VCAD tratados em um hospital terciário de referência ao longo de um período de 36 anos. Um diagnóstico de VCAD foi considerado se a droga tivesse  sido administrada dentro de uma semana antes do início da doença.

         A partir de uma série de 773 casos de vasculite cutânea suspeita, 239 pacientes (30,9%; 133 homens e 106 mulheres, com idade média de 36 anos) foram diagnosticados com VCAD. Antibióticos (n = 149; 62,3%), principalmente beta-lactâmicos, e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs, n = 24; 10%) foram as drogas mais comumente associadas aos quadros de VCAD. Além de lesões na pele (100%), as características clínicas mais comuns foram envolvimento articular (51%) gastrointestinal (38,1%), nefropatia (34,7%) e febre (23,8%). Os dados laboratoriais mais notáveis ??foram aumento do VHS (40,2%), presença de crioglobulinas séricas (26%), leucocitose (24,7%), anticorpos antinucleares positivos (21,1%), anemia (18,8%), e fator reumatoide positivo (17,5 %). Apesar da suspensão da droga e repouso no leito, 108 pacientes (45,2%) precisaram de tratamento medicamentoso, principalmente corticosteroides (n = 71) ou outros imunossupressores (n = 7). Após um seguimento médio de cinco meses, as recidivas ocorreram em 18,4% dos pacientes, e microhematuria persistente ou insuficiência renal ocorreu em 3,3% e 5% dos casos, respectivamente.

 

Aplicações Práticas

         Apesar de ser apenas um estudo observacional com uma série de casos, podemos verificar de forma consistente, dado o volume de dados disponíveis, que a VCAD é geralmente associada a antibióticos e AINEs. Na maioria dos casos,  o prognóstico parece favorável, mas uma pequena percentagem de doentes pode desenvolver dano renal residual, e o seguimento destes pacientes deve levar esta característica em conta.

 

Bibliografia

Ortiz-Sanjuán F et al. Drug-associated cutaneous vasculitis: Study of 239 patients from a single referral center. J Rheumatol 2014 Sep 15; [e-pub ahead of print]. (link para o artigo).

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