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Consumo de Cigarros no Mundo de 1970 a 2015

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 04/12/2019

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Contexto Clínico

 

O consumo de tabaco é uma das principais causas evitáveis de mortalidade no mundo, responsável por seis milhões de mortes evitáveis a cada ano. Embora a prevalência global de fumo diário tenha diminuído em homens e mulheres de 1980 a 2012, o número absoluto de fumantes aumentou de 720 milhões de pessoas em 1980 para quase um bilhão em 2012. Além disso, a pressão da indústria do tabaco estimulou ainda mais o aumento do consumo de cigarros.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que o número cumulativo de mortes relacionadas ao tabaco aumentará para um bilhão no século XXI (foi acima de 100 milhões no século XX) a menos que medidas globais de controle do tabaco sejam implementadas rapidamente. O Framework Convention on Tobacco Control (FCTC) da OMS foi adotada em maio de 2003 com o objetivo de reduzir o consumo prejudicial de tabaco, prevenir o tabagismo entre crianças e contra balançar a influência que as empresas de tabaco mantêm por meio de publicidade, promoção e patrocínios. No entanto, 15 anos após a assinatura da FCTC por quase todos os países, continuam faltando dados disponíveis publicamente para a realização de avaliações rigorosas de impacto, dificultando a pesquisa nessa área. Os dados existentes que estão publicamente disponíveis sobre o consumo de cigarros têm sido inadequados para avaliações.

 

O Estudo

 

É apresentada aqui uma coleção sistemática de dados comparáveis sobre estimativas nacionais disponíveis de consumo de cigarros desde 1970. Foram encontrados dados de 71 de 214 países para os quais foram realizadas buscas por dados nacionais de consumo de cigarros, representando mais de 95% do consumo global de cigarros e 85% da população mundial.

Os dados validados de consumo de cigarros abrangendo 1970-2015 foram identificados para 71 países. A avaliação da qualidade dos dados foi realizada por dois membros da equipe de pesquisa em duplicata, com maior peso dado às fontes oficiais de governos. Todos os dados foram padronizados em unidades de cigarros consumidos por ano em cada país, uma contabilidade detalhada da qualidade dos dados e do sourcing foi preparada, e todos os dados e metadados coletados foram disponibilizados gratuitamente em um conjunto de dados de acesso aberto.

O consumo de cigarros caiu na maioria dos países nas últimas 3 décadas, mas as tendências no consumo específico por país foram altamente variáveis. Por exemplo, a China consumiu 2,5 milhões de toneladas métricas (MMT) de cigarros em 2013, mais do que a Rússia (0,36 MMT), os EUA (0,28MMT), a Indonésia (0,28 MMT), o Japão (0,20 MMT) e os próximos 35 países consumidores combinados. Os EUA e o Japão alcançaram reduções de mais de 0,1MMT na década anterior, enquanto o consumo russo se estabilizou e o consumo chinês e o indonésio aumentaram em 0,75 MMT e 0,1 MMT, respectivamente.

Um declínio constante e geral no consumo de cigarros per capita foi observado, por volta de 1985, em cinco dos 10 principais países consumidores de cigarros: EUA, Japão, Polônia, Brasil e Alemanha. Esses dados, geralmente, concordam com os dados modelados em nível de país do Institute for Health Metrics and Evaluation e têm a vantagem adicional de não suavizar as descontinuidades de ano a ano que são necessárias para avaliações de impacto quase-experimentais robustas.

 

Aplicação Prática

 

O uso desse conjunto de dados permite avaliações quase-experimentais de intervenções nacionais e globais sobre o controle dota baco, incluindo a FCTC Tabaco da OMS e as importantes políticas que ele promove. Os resultados desse estudo ressaltam a necessidade de processos de relatórios de dados mais robustos. Muitos países que atualmente têm relatórios mínimos sobre a produção de tabaco ou as receitas fiscais das vendas de tabaco devem implementar processos robustos de coleta de dados e relatórios, como fez a Lei de Ambientes Livres de Fumo de 1990 da Nova Zelândia.

Os relatórios bienais mandatados apresentados pelos membros da FCTC às secretarias do tratado são frequentemente de baixa qualidade e falta padronização entre os países; esses relatórios podem ser fortalecidos para se tornar um mecanismo de coleta de dados mais robusto. Esses dados forneceriam aos pesquisadores e ao público as ferramentas para rastrear o impacto das políticas de seus governos e avançar para proteger as gerações presentes e futuras das péssimas consequências para a saúde, sociais,ambientais e econômicas do consumo de tabaco e da exposição à fumaça do tabaco.

 

Bibliografia

 

1.            Mok A et al. Physical activity trajectories and mortality: populationbased cohort study. BMJ 2019;365:l2323.

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