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Exercícios de Caminhada em Casa e Doença Arterial Periférica

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 13/07/2021

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Contexto Clínico

 

Entre os pacientes com doençasarteriais, aqueles com doença arterial periférica (DAP) são muito desafiadoresquanto ao controle de sintomas. O exercício supervisionado de caminhada de altaintensidade que induz sintomas isquêmicos nas pernas é a terapia de primeiralinha para pessoas com DAP dos membros inferiores, mas a adesão é baixa.

 

O Estudo

 

Apresentamosum ensaio clínico randomizado multicêntrico conduzidoem quatro centros nos Estados Unidos e incluindo 305 participantes. Asinscrições ocorreram entre 25 de setembro de 2015 e 11 de dezembro de 2019; oacompanhamento final foi em 7 de outubro de 2020. O objetivo foi determinar seo exercício de caminhada domiciliar de baixa intensidade em um ritmoconfortável melhora significativamente a capacidade de caminhada em pessoas comDAP versus exercícios de caminhada domiciliar de alta intensidade queinduzem sintomas isquêmicos nas pernas e versus um controle semexercício.

Os participantes com DAP foramrandomizados para exercícios de caminhada de baixa intensidade (n = 116),exercícios de caminhada de alta intensidade (n = 124) ou controle sem exercício(n = 65) por 12 meses. Ambos os grupos de exercícios foram solicitados acaminhar em um ambiente não supervisionado 5 vezes por semana por até 50 minutospor sessão usando um acelerômetro para documentar a intensidade e o tempo doexercício. O grupo de baixa intensidade caminhou em um ritmo sem sintomas deisquemia nas pernas. O grupo de alta intensidade caminhou em um ritmo queprovocou sintomas isquêmicos moderados a graves nas pernas. Os dados doacelerômetro foram visualizados por um treinador que telefonou para osparticipantes semanalmente durante 12 meses e os ajudou a aderir aos exercíciosprescritos. O grupo de controle sem exercício recebeu ligações educacionaissemanais durante 12 meses. O resultado primário avaliado foi a mudança média nadistância de caminhada de 6 minutos em 12 meses (diferença clinicamenteimportante mínima, 8-20 m).

Entre 305 pacientes randomizados (idademédia, 69,3 [desvio padrão de 9,5 anos], 146 [47,9%] mulheres, 181 [59,3%]pacientes negros), 250 (82%) completaram o acompanhamento de 12 meses. Adistância de caminhada de 6 minutos mudou de 332,1 m no início do estudo para327,5 m no acompanhamento de 12 meses no grupo de exercícios de baixaintensidade (mudança média dentro do grupo, -6,4 m [IC 95%, -21,5 a 8,8 m]; P =0,34) e de 338,1 m para 371,2 m no grupo de exercícios de alta intensidade(mudança média dentro do grupo, 34,5 m [IC 95%, 20,1 a 48,9 m]; P < 0,001),e a alteração média para a comparação entre os grupos foi de -40,9 m (IC 97,5%,-61,7 a -20,0 m; P < 0,001). A distância de caminhada de 6 minutos mudou de328,1 m no início do estudo para 317,5 m no acompanhamento de 12 meses no grupode controle sem exercício (mudança média dentro do grupo, -15,1 m [IC 95%,-35,8 a 5,7 m]; P = 0,10), que não foi significativamente diferente da mudançano grupo de exercícios de baixa intensidade (mudança média entre os grupos, 8,7m [IC 97,5%, -17,0 a 34,4 m]; P = 0,44). De 184 eventos adversos graves, a taxade eventos por participante foi de 0,64 no grupo de baixa intensidade, de 0,65no grupo de alta intensidade e de 0,46 no grupo de controle sem exercício. Umevento adverso grave em cada grupo de exercícios foi relacionado à participaçãono estudo.

 

 

Aplicação Prática

 

O que esteensaio clínico randomizado nos mostra é que, entreos pacientes com DAP, o exercício domiciliar de baixa intensidade foisignificativamente menos eficaz do que o exercício domiciliar de altaintensidade e não foi significativamente diferente do controle sem exercíciopara melhorar a distância percorrida em 6 minutos. Esses resultados não favorecema adoção de orientar exercícios de caminhada domiciliar de baixa intensidadepara melhorar o desempenho de caminhada medido objetivamente em pacientes comDAP. Assim, por ora, só resta mesmo a orientação já habitual quanto a atividadefísica que induz sintomas de forma a melhorar a condição de caminhada desses pacientes.

 

 

Bibliografia

 

1.            McDermott MM, Spring B, Tian L, et al. Effectof Low-Intensity vs High-Intensity Home-Based Walking Exercise on Walk Distancein Patients With Peripheral Artery Disease: The LITE Randomized Clinical Trial.JAMA. 2021;325(13):1266?1276.

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