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Infusão Contínua de Salina Hipertônica em Trauma Crânioencefálico

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 27/08/2021

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Contexto Clínico

 

Pacientes com trauma craniencefálico (TCE)geralmente recebem alguma forma de terapia osmótica como manitol ou salinahipertônica quando estão clinicamente sintomáticos por edema cerebral ou comelevação documentada da pressão intracraniana que não responde às medidasiniciais, como drenagem do liquor, analgesia e sedação. A infusão dessas substânciascria um gradiente osmolar, atraindo água através da barreira hematencefálica.Contudo, em teoria, a solução salina hipertônica tem várias vantagens sobre omanitol, como não levar a depleção de volume e hipovolemia, o que torna esseagente mais seguro no paciente traumatizado com perda contínua de sangue,hipovolemia ou hipotensão. No entanto, o impacto da salina hipertônica ainda émotivo de dúvidas. Portanto, é importante determinar se a infusão contínua desolução salina hipertônica melhora o resultado neurológico em seis meses empacientes com lesão cerebral traumática.

 

O Estudo

 

Apresentamos um ensaio clínicorandomizado multicêntrico conduzido em nove unidades de terapia intensiva naFrança, incluindo 370 pacientes com lesão cerebral traumática moderada a graveque foram recrutados de outubro de 2017 a agosto de 2019. O acompanhamento foiconcluído em fevereiro de 2020. Esses pacientes adultos com lesão cerebraltraumática moderada a grave foram aleatoriamente designados para receberinfusão contínua de solução salina hipertônica a 20% mais tratamento padrão (n= 185) ou tratamento padrão sozinho (controles; n = 185). A solução salinahipertônica a 20% foi administrada por 48 horas ou mais se os pacientespermaneceram em risco de hipertensão intracraniana.

O resultado primário avaliado foi oescore da Extended Glasgow Outcome Scale (GOS-E) (variação 1-8, com escoresmais baixos indicando pior resultado funcional) em seis meses, obtido centralmentepor avaliadores cegos e analisado com regressão logística ordinal ajustada parafatores prognósticos pré-especificados. Houve 12 desfechos secundários medidosem vários pontos no tempo, incluindo o desenvolvimento de hipertensãointracraniana e mortalidade em seis meses.

Entre 370 pacientes que foramrandomizados (idade mediana, 44 anos [intervalo interquartil, 27-59]; 77[20,2%] mulheres), 359 (97%) completaram o ensaio. O OR comum ajustado para oescore GOS-E em seis meses foi de 1,02 (IC 95%, 0,71-1,47; P = 0,92). Dos 12desfechos secundários, 10 não foram significativamente diferentes.

Hipertensão intracraniana sedesenvolveu em 62 (33,7%) pacientes no grupo de intervenção e em 66 (36,3%)pacientes no grupo de controle (diferença absoluta de -2,6% [IC 95%, -12,3% a7,2%]; OR, 0,80 [IC 95%, 0,51 a 1,26]). Não houve diferença significativa namortalidade em seis meses (29 [15,9%] no grupo de intervenção vs. 37 [20,8%] nogrupo de controle; diferença absoluta, -4,9% [IC 95%, -12,8% a 3,1%]; razão derisco, 0,79 [IC9 5%, 0,48-1,28]).

 

 

Aplicação Prática

 

A plausibilidade para um estudo como esteé bastante razoável. Porém, a infusão contínua de solução salina hipertônica a20% em comparação com o tratamento padrão em pacientes com lesão cerebraltraumática moderada a grave não resultou em um estado neurológicosignificativamente melhor em seis meses. Assim, por ora, não há como tecer umarecomendação no sentido de realizarmos esta prática.

 

 

Bibliografia

 

1.            Roquilly A, Moyer JD, Huet O, et al. Effect ofContinuous Infusion of Hypertonic Saline vs Standard Care on 6-MonthNeurological Outcomes in Patients With Traumatic Brain Injury: The COBIRandomized Clinical Trial. JAMA. 2021;325(20):2056?2066.

Contexto Clínico

 

Pacientes com trauma craniencefálico (TCE)geralmente recebem alguma forma de terapia osmótica como manitol ou salinahipertônica quando estão clinicamente sintomáticos por edema cerebral ou comelevação documentada da pressão intracraniana que não responde às medidasiniciais, como drenagem do liquor, analgesia e sedação. A infusão dessas substânciascria um gradiente osmolar, atraindo água através da barreira hematencefálica.Contudo, em teoria, a solução salina hipertônica tem várias vantagens sobre omanitol, como não levar a depleção de volume e hipovolemia, o que torna esseagente mais seguro no paciente traumatizado com perda contínua de sangue,hipovolemia ou hipotensão. No entanto, o impacto da salina hipertônica ainda émotivo de dúvidas. Portanto, é importante determinar se a infusão contínua desolução salina hipertônica melhora o resultado neurológico em seis meses empacientes com lesão cerebral traumática.

 

O Estudo

 

Apresentamos um ensaio clínicorandomizado multicêntrico conduzido em nove unidades de terapia intensiva naFrança, incluindo 370 pacientes com lesão cerebral traumática moderada a graveque foram recrutados de outubro de 2017 a agosto de 2019. O acompanhamento foiconcluído em fevereiro de 2020. Esses pacientes adultos com lesão cerebraltraumática moderada a grave foram aleatoriamente designados para receberinfusão contínua de solução salina hipertônica a 20% mais tratamento padrão (n= 185) ou tratamento padrão sozinho (controles; n = 185). A solução salinahipertônica a 20% foi administrada por 48 horas ou mais se os pacientespermaneceram em risco de hipertensão intracraniana.

O resultado primário avaliado foi oescore da Extended Glasgow Outcome Scale (GOS-E) (variação 1-8, com escoresmais baixos indicando pior resultado funcional) em seis meses, obtido centralmentepor avaliadores cegos e analisado com regressão logística ordinal ajustada parafatores prognósticos pré-especificados. Houve 12 desfechos secundários medidosem vários pontos no tempo, incluindo o desenvolvimento de hipertensãointracraniana e mortalidade em seis meses.

Entre 370 pacientes que foramrandomizados (idade mediana, 44 anos [intervalo interquartil, 27-59]; 77[20,2%] mulheres), 359 (97%) completaram o ensaio. O OR comum ajustado para oescore GOS-E em seis meses foi de 1,02 (IC 95%, 0,71-1,47; P = 0,92). Dos 12desfechos secundários, 10 não foram significativamente diferentes.

Hipertensão intracraniana sedesenvolveu em 62 (33,7%) pacientes no grupo de intervenção e em 66 (36,3%)pacientes no grupo de controle (diferença absoluta de -2,6% [IC 95%, -12,3% a7,2%]; OR, 0,80 [IC 95%, 0,51 a 1,26]). Não houve diferença significativa namortalidade em seis meses (29 [15,9%] no grupo de intervenção vs. 37 [20,8%] nogrupo de controle; diferença absoluta, -4,9% [IC 95%, -12,8% a 3,1%]; razão derisco, 0,79 [IC9 5%, 0,48-1,28]).

 

 

Aplicação Prática

 

A plausibilidade para um estudo como esteé bastante razoável. Porém, a infusão contínua de solução salina hipertônica a20% em comparação com o tratamento padrão em pacientes com lesão cerebraltraumática moderada a grave não resultou em um estado neurológicosignificativamente melhor em seis meses. Assim, por ora, não há como tecer umarecomendação no sentido de realizarmos esta prática.

 

 

Bibliografia

 

1.            Roquilly A, Moyer JD, Huet O, et al. Effect ofContinuous Infusion of Hypertonic Saline vs Standard Care on 6-MonthNeurological Outcomes in Patients With Traumatic Brain Injury: The COBIRandomized Clinical Trial. JAMA. 2021;325(20):2056?2066.

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