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Reações Transfusionais Imediatas

Última revisão: 20/08/2009

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Reproduzido de:

Guia para o Uso de Hemocomponentes

Série A. Normas e Manuais Técnicos [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Atenção à Saúde

Departamento de Atenção Especializada

Brasília / DF – 2008

 

9 Reações Transfusionais Imediatas

A transfusão é um evento irreversível que acarreta benefícios e riscos potenciais ao receptor. Apesar da indicação precisa e administração correta, reações às transfusões podem ocorrer. Portanto, é importante que todos profissionais envolvidos na prescrição e administração de hemocomponentes estejam capacitados a prontamente identificar e utilizar estratégias adequadas para resolução e prevenção de novos episódios de reação transfusional.

A ocorrência destas reações está associada a diferentes causas, dentre as quais fatores de responsabilidade da equipe hospitalar como erros de identificação de pacientes, amostras ou produtos, utilização de insumos inadequados (equipos, bolsa, etc.), fatores relacionados ao receptor e/ou doador como existência de anticorpos irregulares não detectados em testes pré-transfusionais de rotina.

 

DEFINIÇÃO

A reação transfusional é, portanto, toda e qualquer intercorrência que ocorra como conseqüência da transfusão sanguínea, durante ou após a sua administração.

 

CLASSIFICAÇÃO

As reações transfusionais podem ser classificadas em imediatas (até 24 horas da transfusão) ou tardias (após 24 horas da transfusão), imuno­lógicas e não-imunológicas, conforme apresentado no quadro 25.

Neste capítulo, iremos abordar as Reações Transfusionais Imediatas.

 

Quadro 25. Principais reações transfusionais.

 

Imune

Não-imune

Imediata

Reação febril não-hemolítica (RFNH)

Sobrecarga volêmica

Reação hemolítica aguda (rha)

Contaminação bacteriana

Reação alérgica (leve, moderada, grave)

Hipotensão por inibidor da ECA

TRALI (Transfusion Related Lung Injury)

Hemólise não-imune

Hipocalcemia

 

Embolia aérea

 

Hipotermia

 

Tardia

Aloimunização eritrocitária

Hemossiderose

Aloimunização HLA

Doenças infecciosas

Reação enxerto x hospedeiro

 

Púrpura pós-transfusional

 

Imunomodulação

 

 

SINAIS E SINTOMAS

A ocorrência destas reações pode associar-se a um ou mais dos seguintes sinais e sintomas como:

 

a)   Febre com ou sem calafrios (definida como elevação de 1°C na temperatura corpórea), associada à transfusão;

b)   Calafrios com ou sem febre;

c)   Dor no local da infusão, torácica ou abdominal;

d)   Alterações agudas na pressão arterial, tanto hipertensão como hipotensão;

e)   Alterações respiratórias como: dispnéia, taquipnéia, hipóxia, sibilos;

f)     Alterações cutâneas como: prurido, urticária, edema localizado ou generalizado;

g)   Náusea, com ou sem vômitos.

 

A ocorrência de choque em combinação com febre, tremores, hipotensão e/ou falência cardíaca de alto débito sugere contaminação bacteriana, podendo também acompanhar o quadro de hemólise aguda. A falência circulatória, sem febre e/ou calafrios, pode ser o dado mais importante de anafilaxia. A alteração na coloração da urina pode ser o primeiro sinal de hemólise no paciente anestesiado.

 

CONDUTA CLÍNICA

      Interromper imediatamente a transfusão e comunicar o médico responsável pela transfusão;

      Manter acesso venoso com solução salina a 0,9%;

      Verificar sinais vitais e observar o estado cardiorrespiratório;

      Verificar todos os registros, formulários e identificação do receptor. Verificar à beira do leito, se o hemocomponente foi correta­mente administrado ao paciente desejado;

      Avaliar se ocorreu a reação e classificá-la, a fim de adequar a conduta específica;

      Manter o equipo e a bolsa intactos e encaminhar este material ao serviço de hemoterapia;

      Avaliar a possibilidade de reação hemolítica, TRALI, anafilaxia, e sepse relacionada à transfusão, situações nas quais são necessárias condutas de urgência;

      Se existir a possibilidade de algumas destas reações supracitadas, coletar e enviar uma amostra pós-transfusional junto com a bolsa e os equipos (garantir a não-contaminação dos equipos) ao serviço de hemoterapia, assim como amostra de sangue e/ou urina para o laboratório clinico quando indicado pelo médico;

      Registrar as ações no prontuário do paciente.

 

NOTA 1: As amostras devem ser colhidas preferencialmente de outro acesso que não aquele utilizado para a transfusão.

NOTA 2: Em casos de reação urticariforme ou sobrecarga circulatória, não é necessária a coleta de amostra pós transfusional.

 

PREVENÇÃO

      Treinamento dos profissionais da saúde quanto às normas de coleta e identificação de amostras e do paciente;

      Avaliação criteriosa da indicação transfusional;

      Avaliação das transfusões “de Urgência”;

      Realizar uma história pré-transfusional detalhada, incluindo história gestacional, transfusional, diagnóstico, e tratamentos anteriores;

      Atenção em todas as etapas relacionadas à transfusão;

      Atenção redobrada na conferência da bolsa e do paciente à beira do leito;

      Infusão lenta nos primeiros 50 ml;

      De acordo com a reação transfusional utilizar pré-medicações, sangue desleucocitado, irradiado ou lavado (vide tabela).

 

O quadro 26 apresenta sinais e sintomas, incidência, conduta laboratorial e clínica e prevenção das principais Reações Transfusionais Imediatas.

 

Quadro 26. Resumo das Reações Transfusionais Imediatas.

Reação

Sinais/Sintomas

Incidência

Conduta laboratorial

Conduta clínica

Prevenção

RHA

Febre, tremores calafrios, hipotensão taquicardia

Dor (tórax, local da infusão, abdome, flancos)

Hemoglobinúria

I.Renal e CID

1:38. 000

1:70. 000

Enviar amostras para o Banco de Sangue; repetir testes imuno-hematológicos, cultura do componente e do receptor.

Hidratação (manter diurese 100 ml/h).

Cuidados de terapia intensiva.

Seguir rigorosamente todas as normas preconizadas desde a coleta até a transfusão

RFNH

Febre (= 1°C)

Calafrios, tremores.

Variável

0,5-1%

Afastar hemólise e contaminação bacteriana.

Enviar amostras para o Banco de Sangue; repetir testes imuno-hematológicos, cultura da bolsa e receptor.

Antipiréticos no caso de calafrios intensos Meperidina

Pré-medicação com antipiréticos

Produtos desleucocitados para casos recorrentes

RA

Leve ou Moderada

Prurido, urticária, eritema, pápulas, tosse, rouquidão, dispnéia, sibilos, náuseas e vômitos, hipotensão e choque

1-3%

Não se aplica

A maioria das reações é benigna e pode cessar sem tratamento.

Anti-histamínicos

Nada até pré-medicar com anti-histamínicos.

Se RA leve pode reinstalar o componente.

Grave (Anafilática)

Prurido, urticária, eritema, pápulas, rouquidão, tosse, broncoespamo, hipotensão e choque

1:20.000

1:50.000

Dosar anticorpo anti-IgA

Instituir cuidados de terapia intensiva (epinefrina, anti-histamínicos, corticosteróide)

Componentes celulares lavados ou deficientes em IgA

TRALI

Qualquer insuficiência respiratória aguda relacionada à transfusão (até 6 horas após)

Febre

1:5.000- 190.0000 transfusões

Afastar sobrecarga de volume, RHA e contaminação bacteriana.

RX tórax

Ecocardiograma

Pesquisa de Ac antileucocitário doador e/ou receptor

Suporte respiratório

Não há unanimidade.

Evitar uso de plasma feminino e relacionado.

Sobrecarga volêmica

Dispnéia, cianose.

Taquicardia, hipertensão.

Edema pulmonar

<1%

RX Tórax

Suporte de O2 e diuréticos

Aliquotar o hemocomponente

Diurético prévio

Contaminação bacteriana

Tremores intensos

Calafrios

Febre alta

Choque

Variável

1:3.000 - 1:1.230.000

Afastar hemólise

Cultura do componente e do receptor

Instituir cuidados de terapia intensiva.

Antibiótico de amplo espectro

Seguir rigorosamente todas as normas preconizadas desde a coleta até a transfusão

Hipotensão por inibidor da ECA

Hipotensão, rubor

Ausência de febre, calafrios ou tremores.

Desconhecida

Não se aplica

Suspender o inibidor

Terapia de suporte se necessário

Utilizar componente filtrado no laboratório

Investigar uso de ECA

Hemólise Não-imune

Oligossintomática

Atenção à presença de hemoglobinúria e hemoglobinemia

Desconhecida

Inspeção visual do plasma e urina do paciente

TAD negativo

Terapia de suporte se necessário

Seguir rigorosamente todas as normas preconizadas da coleta à transfusão

Hipocalcemia

Parestesia, tetania, arritmia.

Desconhecida

Dosar cálcio iônico

ECG com aumento do intervalo QT

Infusão lenta de cálcio com monitorização periódica dos níveis séricos

Monitorização dos níveis de cálcio em quem recebe transfusão maciça.

Embolia Aérea

Dispnéia e cianose súbita, dor, tosse, hipotensão, arritmia cardíaca

Rara

Não se aplica

Deitar paciente em decúbito lateral esquerdo, com as pernas acima do tronco e da cabeça.

Não utilizar infusão sob pressão se sistema aberto

Hipotermia

Desconforto, calafrios, queda da temperatura, arritmia cardíaca e sangramento por alteração da hemostasia

Desconhecida

Não se aplica

Diminuir o tempo de infusão

Aquecimento dos glóbulos vermelhos e/ou plasma

Terapia conforme as intercorrências

Aquecer o hemocomponente (GV ou PF) se previsto infusão acima de 15 ml/kg/hora por mais de 30 minutos.

RHA: reação hemolítica aguda. RFNH: reação febril não-hemolítica. RA: reação alérgica. TRALI: Transfusion Related Lung Injury (lesão aguda pulmonar relacionada à transfusão, ou edema pulmonar agudo não-cardiogênico).

 

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