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6 Reações Adversas ao Uso de Drogas Antituberculose

Última revisão: 31/03/2011

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Reproduzido de:

MANUAL TÉCNICO PARA O CONTROLE DA TUBERCULOSE: CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA – 6ª ed., revista e atualizada [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Atenção à Saúde

Departamento de Atenção Básica

Série Cadernos de Atenção Básica – Série A. Normas e Manuais Técnicos, nº 148

BRASÍLIA / DF – 2002

 

6. Reações Adversas ao Uso de Drogas Antituberculose

 

A maioria dos pacientes submetidos ao tratamento de tuberculose consegue completar o tempo recomendado sem sentir qualquer efeito colateral relevante. Os fatores relacionados às reações são diversos. Todavia, os maiores determinantes dessas reações se referem a dose, horários de administração da medicação, idade do doente, seu estado nutricional, alcoolismo, condições da função hepática e renal e co-infecção pelo HIV.

Intolerância gástrica, manifestações cutâneas variadas, icterícia e dores articulares são os efeitos mais freqüentemente descritos durante o tratamento com o esquema I. Os pacientes devem ser advertidos sobre estas possibilidades e, caso se manifestem, orientados a procurar imediatamente o serviço de saúde para consulta, aprazada o mais rápido possível.

A conduta adequada está apresentada de forma esquemática nos quadros abaixo, conforme a classificação: efeitos menores e efeitos maiores. Os efeitos menores ocorrem entre 5% a 20% dos casos e são assim classificados porque não implicam em modificação imediata do esquema padronizado; os efeitos maiores são aqueles que implicam interrupção ou alteração do tratamento e são menos freqüentes, ocorrendo em torno de 2%, podendo chegar a 8% em serviços especializados.

Os efeitos adversos menores, em sua maioria, requerem condutas que podem ser resolvidas em unidades básicas de saúde enquanto os casos de efeitos adversos maiores demandam atendimento especializado e devem ser enviados para as unidades de referência.

 

EFEITOS MENORES

EFEITO

DROGA

CONDUTA

Irritação gástrica (náusea, vômito) Epigastralgia e dor abdominal

Rifampicina Isoniazida Pirazinamida

Reformular os horários de administração da medicação e avaliar a função hepática

Artralgia ou artrite

Pirazinamida Isoniazida

Medicar com ácido acetilsalicílico

Neuropatia periférica (queimação das extremidades)

Isoniazida Etambutol

Medicar com piridoxina (vit. B6)

Cefaléia e mudança de comportamento (euforia, insônia, ansiedade e sonolência)

Isoniazida

Orientar

Suor e urina cor de laranja

Rifampicina

Orientar

Prurido cutâneo

Isoniazida Rifampicina

Medicar com anti-histamínico

Hiperuricemia (com ou sem sintomas)

Pirazinamida Etambutol

Orientação dietética (dieta hipopurínica)

Febre

Rifampicina Isoniazida

Orientar

 

EFEITOS MAIORES

EFEITO

DROGA

CONDUTA

Exantemas

Estreptomicina Rifampicina

Suspender o tratamento; reintroduzir o tratamento droga a droga após resolução; substituir o esquema nos casos graves ou reincidentes.

Hipoacusia

Estreptomicina

Suspender a droga e substituí-la pela melhor opção.

Vertigem e nistagmo

Estreptomicina

Suspender a droga e substituí-la pela melhor opção.

Psicose, crise convulsiva, encefalopatia tóxica e coma

Isoniazida

Substituir por estreptomicina + etambutol.

Neurite ótica

Etambutol Isoniazida

Substituir.

Hepatotoxicidade (vômitos, hepatite, alteração das provas de função hepática)

Todas as drogas

Suspender o tratamento temporariamente até resolução.

Trombocitopenia, leucopenia, eosinofilia, anemia hemolítica, agranulocitose, vasculite

Rifampicina Isoniazida

Dependendo da gravidade, suspender o tratamento e reavaliar o esquema de tratamento.

Nefrite intersticial

Rifampicina principalmente intermitente

Suspender o tratamento.

Rabdomiólise com mioglobinúria e insuficiência renal

Pirazinamida

Suspender o tratamento.

 

IRRITAÇÃO GÁSTRICA

Todas as drogas usadas no tratamento de tuberculose podem causar irritação gástrica. A isoniazida combinada com a rifampicina e com a pirazinamida são as drogas mais freqüentemente implicadas com irritação gástrica. São referidas náuseas, pirose e epigastralgia que, na maioria das vezes, ocorrem na primeira fase do tratamento.

 

Conduta

a)   Suspender as drogas por 48 a 72 horas, recomendando o uso de sintomáticos. Controlados os sintomas, reiniciar o tratamento, indicando a administração da pirazinamida após o almoço e da rifampicina combinada com a isoniazida após o desjejum;

b)   havendo novas queixas, suspender todas as drogas por mais 24 horas e reiniciar o tratamento: uma droga a cada 48 horas, na seguinte ordem: pirazinamida, isoniazida e, finalmente, rifampicina;

c)   quando não houver resolução das queixas e nesta fase já tiver sido identificada a droga responsável pelos sintomas, proceder à modificação do esquema, conforme o quadro seguinte:

 

Substituição de drogas frente aos efeitos adversos

Intolerância à pirazinamida: substituir pelo etambutol durante os dois meses previstos para o uso da pirazinamida (2 RHE/4RH)

 

Intolerância à isoniazida: substituir pelo etambutol e pela estreptomicina nos 2 primeiros meses e etambutol durante os quatro últimos meses (2 RESZ/4RE)

 

Intolerância à rifampicina: substituir pela estreptomicina e etambutol durante os dois primeiros meses e pelo etambutol durante os 10 meses restantes, devendo o período de tratamento passar a ser de 12 meses (2 SEHZ/10 HE)

 

Atenção: ao estimar o tempo total de tratamento, considerar inclusive aquele que antecedeu às queixas de intolerância.

 

HEPATOTOXICIDADE

As drogas usadas nos esquemas de tratamento da tuberculose apresentam interações com outras drogas e entre si, que aumentam o risco de hepatotoxicidade. Em pequeno percentual dos pacientes observa-se, nos dois primeiros meses de tratamento, elevação assintomática dos níveis séricos das enzimas hepáticas, seguida de normalização espontânea, sem qualquer manifestação clínica e sem necessidade de interrupção ou alteração do esquema terapêutico. É importante considerar o peso do paciente quando indicar a dose do medicamento.

O tratamento só deverá ser interrompido quando os valores das enzimas atingirem três vezes o seu valor normal, com início de sintomas ou logo que a icterícia se manifeste. Deve-se, então, encaminhar o doente a uma unidade de referência para acompanhamento clínico e laboratorial, além da adequação do tratamento, caso seja necessário.

 

HIPERURICEMIA E ARTRALGIA

A hiperuricemia é causa de graves problemas renais: nefrolitíase, nefropatia por uratos ou por ácido úrico que podem evoluir com insuficiência renal. A hiperuricemia assintomática é um efeito adverso, freqüente durante o uso da pirazinamida e em menor freqüência com o uso do etambutol, sendo, nestes casos, a gota uma manifestação rara.

As artralgias, quando não relacionadas à hiperuricemia, são freqüentemente associadas ao uso da pirazinamida. A artrite é descrita com uso de isoniazida, no entanto não se caracteriza como efeito adverso comum.

 

Conduta

Na presença de hiperuricemia, deve-se fazer orientação dietética (dieta hipopurínica). A artralgia e a artrite costumam responder ao uso de antiinflamatórios não hormonais.

 

MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS E PSIQUIÁTRICAS

A neuropatia periférica é associada ao uso da isoniazida em cerca de 17 % dos pacientes que utilizam doses maiores de 300 mg/dia e em menor freqüência ao uso do etambutol.

A neurite ótica se manifesta com redução do campo visual ou redução da acuidade ou da visão de cores; é incomum durante o uso da isoniazida e está relacionada ao etambutol, em geral em doses altas ou por uso prolongado.

Os distúrbios do comportamento, as alterações do ritmo do sono, a redução da memória e as psicoses já foram descritas durante o uso da isoniazida. A crise convulsiva e o coma são descritos pela ingestão excessiva da isoniazida.

A toxicidade acústica (ou vestibular) é complicação relacionada ao uso da estreptomicina. O alcoolismo, o diabete melito a desnutrição e a uremia são fatores predisponentes para todas as manifestações neurológicas e psiquiátricas aqui relacionadas.

 

Conduta

A suplementação de piridoxina (vitamina B6) pode amenizar os sintomas de neuropatia periférica sem interferir com o efeito antibacteriano. Nos casos de efeitos mais graves como, por exemplo, crise convulsiva, o paciente deve ter a medicação imediatamente interrompida e ser encaminhado à unidade de maior resolução.

Paciente em uso de etambutol deve ser orientado a procurar a unidade de saúde, caso perceba qualquer alteração na acuidade visual, e aquele paciente em uso de estreptomicina deverá informar sobre perda de equilíbrio, zumbidos ou redução da acuidade auditiva.

 

NEFROTOXICIDADE

A nefrite intersticial descrita durante o uso da rifampicina ou da pirazinamida (por depósitos de cristais de uratos) e a rabdomiólise com conseqüente mioglobinúria observada como complicação ao uso da pirazinamida são causas de insuficiência renal aguda, identificada por oligúria e algumas vezes exantema e febre. Exame do sedimento urinário, bioquímica sérica e hemograma realizados regularmente podem auxiliar na identificação precoce do problema.

A nefrotoxicidade devida ao uso de estreptomicina é menos freqüente do que com outros aminoglicosídeos.

 

ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS

A trombocitopenia, a leucopenia, a eosinofilia, a agranulocitose, a anemia e a vasculite com formação de anticorpos antinucleares são alterações relacionadas à hipersensibilidade ao uso da isoniazida ou ao esquema intermitente com rifampicina.

 

OUTRAS REAÇÕES

Febre, adenomegalia, exantema, acne, síndrome semelhante a do lúpus eritematoso sistêmico são descritas durante o uso da isoniazida.

Pacientes que usam rifampicina irregularmente podem queixar-se de falta de ar ou de uma síndrome semelhante à gripe caracterizada por cefaléia, mialgia, tonteira, febre com calafrios e dor nos ossos ou choque.

 

Conduta

Nos casos de falta de ar ou choque, a rifampicina deve ser imediatamente interrompida. Em geral, a síndrome gripal regride com a regularização das doses; em casos graves, recomenda-se a sua interrupção.

 

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