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Eletrocardiograma 6

Autores:

Fernando de Paula Machado

Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Residência em Clínica Médica no Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP). Residência em Cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor) do HC-FMUSP. Médico Diarista do Pronto-Atendimento do Hospital Sírio-Libânes.

Leonardo Vieira da Rosa

Médico Cardiologista pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Médico Assistente da Unidade de Terapia Intensiva do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Doutorando em Cardiologia do InCor-HC-FMUSP. Médico Cardiologista da Unidade Coronariana do Hospital Sírio Libanês.

Última revisão: 01/04/2019

Comentários de assinantes: 2

Quadro clínico

Homem de 55 anos com precordialgia típica há 7 dias evoluindo com angina ao repouso.

 

Eletrocardiograma do paciente

 

Interpretação

A)    Frequência Cardíaca 63, regular

B)    Ondas P positivas em DI/DII/DIII e aVF precedendo cada complexo QRS

C)    Intervalo PR 0,16 s

D)    Eixo QRS 0 grau, estreito, com ondas Q septais e ausência de progressão de R de V1 a V5 (zona eletricamente inativa anterior)

E)    Segmento ST com supradesnível de V1 a V6 de até 7 mm com morfologia em “plus-minus” da onda T

F)    Ritmo sinusal

 

Diagnóstico

            Infarto Agudo do Miocárdio de parede anterior em evolução - provável aneurisma de ventrículo esquerdo.

 

Evolução

            Pela presença de angina pós-infarto foi indicada cinecoronariografia, com visualização de artéria descendente anterior ocluída (100%) e ventriculografia com hipocinesia anterior ++/4+ e aneurisma de ventrículo esquerdo (figuras 1 e 2). Evoluiu em Killip 2, porém apresentou diversas arrtimias; fibrilação atrial com reversão para ritmo sinusal e bloqueio de ramo direito após amiodarona. Evoluiu para bloqueio atrioventricular total e parada cardiorrespiratória em taquicardia ventricular, com reversão e manutenção de ritmo juncional. Realizou implante de marcapasso definitivo com cardiodesfibrilador implantável.

 

Figura 1: Ventriculografia mostrando discinesia apical (aneurisma apical)

 

Figura 2: Ressonância nuclear magnética revelando aneurisma apical

 

 Comentários

            As fases do infarto agudo do miocárdio com representação eletrocardiográfica são: infarto propriamente dito (horas) com proteção residual por vasos colaterais e pré-condicionamento isquêmico; fase de reperfusão (minutos) após estabelecimento de fluxo coronário espontâneo ou terapêutico; fase de adaptação (dias) em que há cicatrização do tecido necrótico, melhora da função e remodelamento ventricular.

            Neste caso, observa-se um infarto em fase de adaptação em que já aparecem ondas Q patológicas em parede anterior (necrose). Entretanto, a permanência do supradesnível de ST sugere a presença de aneurisma de ventrículo esquerdo.

            Os aneurismas são definidos como abaulamentos localizados na parede de uma artéria, veia ou coração. Aqueles que ocorrem no coração localizam-se preferencialmente no ventrículo esquerdo (VE) e têm como principal causa o infarto agudo do miocárdio. Outras etiologias podem estar associadas às lesões cavitárias cardíacas, destacando-se infecções como endocardite infecciosa, miocardites viróticas, doença de Chagas, tuberculose, sífilis, febre reumática, arterite e trauma.

            O aneurisma de VE é uma região que funciona como substrato para arritmias, principalmente taquicardia e fibrilação ventricular, sendo marcador de mau prognóstico no infarto agudo do miocárdio.

 

Comentários

Por: Atendimento MedicinaNET em 11/04/2012 às 15:44:14

"Prezada Juliana, seguem as respostas/comentários sobre seus questionamentos: 1. Sim, este paciente poderia estar infartando e foi tratado como tal (cinecoronariografia). Veja a seguir diagnósticos diferenciais de IAM com supra de ST pela diretriz da SBC (http://departamentos.cardiol.br/eletroc/publicacoes/pdf/diretriz-eletrocardiograma.pdf) 10.5.2. Infarto agudo do miocárdio (IAM) com supra de ST O infarto agudo do miocárdio (IAM) com supra de ST deve ser diferenciado das seguintes situações: a) Repolarização precoce; b) Pericardite e miocardite; c) IAM antigo com área discinética e supradesnível persistente; d) Quadros abdominais agudos; e) Hiperpotassemia; f) Síndromes catecolaminérgicas 2. Devemos pensar mais em aneurisma de VE, pois já apresenta 7 dias de história de angina e ondas Q nas derivações precordiais (portanto, infarto em evolução). 3. Sim, o ecodopplercardiograma consegue visualizar bem alterações de contração segmentar e aneurismas de VE. Veja também o caso a seguir: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/casos/4577/perda_visual_apos_angioplastia.htm Obrigado por seu comentário. Atenciosamente, Atendimento MedicinaNET"

Por: Juliana da Ponte Lopes Pinto Medeiros em 11/04/2012 às 09:01:39

"Esse paciente não poderia estar reinfartando, já que evolui com quadro anginoso há sete dias e agora evolui com dispnéia aos mínimos esforços? nesses casos sempre devo suspeitar de aneurisma de VE? O eco faria esse diagnóstico?"

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