Última revisão: 19/04/2010
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Paciente de 60 anos, etilista, encontrado desacordado na rua e levado para o Hospital.
Ver diagnóstico abaixo
1- FC- 44 bpm;
2- PR- 0,20 ms;
3- QRS- >170 ms;
4- QTC- 520 ms;
5- Eixo- 70 graus;
6- alterações difusas da repolarização ventricular com inversão de onda T
7- alargamento do QRS devido a um entalhe final (deflexão positiva) denominado de onda J de Osborn, entre o término do QRS e o início do segmento ST;
8- Bradicardia sinusal.
Eletrocardiograma típico de hipotermia
Hipotermia é uma diminuição da temperatura corporal abaixo de 35°C (95°F). Pode ser leve (32 a 35°C), moderada (27 a 32°C), grave (20 a 27°C) ou profunda (< 20°C).
Tabela 1: causas de hipotermia
Causas Tóxicas |
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Álcoois |
Ambientais |
Opióides |
Lesão de sistema nervoso |
Sedativos |
Sepsis |
Alfa-bloqueadores |
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Agentes hipoglicemiantes |
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Nafazolina |
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Fenotiazínicos |
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Os sinais e sintomas dependem do grau de hipotermia. Depressão progressiva de SNC é observada com a diminuição da temperatura corporal. O diagnóstico é feito através da medida de temperatura corporal abaixo de 35°C (utilizando termômetro para baixas temperaturas ou sensor térmico). Letargia geralmente ocorre com temperaturas abaixo de 32°C, e ausência de resposta aos estímulos verbais em temperaturas abaixo de 27°C. Na hipotermia leve para moderada, taquicardia, hiperventilação e tremores são observados. Mas com temperaturas abaixo de 27°C, estas respostas termorregulatórias são perdidas, os tremores cessam e progressiva bradicardia e hipoventilação são observadas. Na hipotermia profunda (abaixo de 20°C), o paciente pode parecer aparentemente morto. Na hipotermia grave, o miocárdio é mais sensível e predisposto à arritmias e fibrilação ventricular.
Características do eletrocardiograma na hipotermia
Quando ocorre diminuição da temperatura corpórea, a níveis de cerca de 30º C, surgem alterações no ECG, algumas características:
bradicardia sinusal,
aumento de duração do intervalo QT
onda J de Osborn
A característica principal no ECG com hipotermia – onda J Osborn – é um alargamento do QRS às custas do aparecimento de um entalhe final denominado de onda J ou onda O de Osborn, entre o término do QRS e o início do segmento ST, com sentido positivo nas derivações que apontam para o ventrículo esquerdo.
Esta anormalidade do QRS, típica de hipotermia foi descrita pela primeira vez em 1938 por Tomaszewski, mas ficou conhecida como onda de Osborn por seu trabalho experimental em hipotermia publicado em 1953.
A formação desta onda parece estar relacionada a modificações da morfologia e entalhe proeminente no potencial de ação das células epicárdicas, mas não nas endocárdicas, da parede ântero-lateral do ventrículo esquerdo, causadas pelo esfriamento. A distribuição heterogênea das variações do potencial de ação resulta em gradiente de voltagem transmural e aparecimento da deflexão no ponto J do ECG.
Deflexões no ponto J podem ser encontradas em outras condições como por exemplo a displasia arritmogênica do ventrículo direito (ondas epsilon), a síndrome de Brugada e, até mesmo, na variante normal denominada repolarização precoce. Nestas, entretanto, as anormalidades são evidenciadas nas derivações precordiais direitas e as morfologias são diversas, evidenciando mecanismos eletrofisiológicos diferentes.
Tratamento: sintomático e de suporte.
Fluidos administrados endovenosamente podem ser aquecidos até 40 a 42°C.
Em casos leves e moderados, aquecimento passivo externo é suficiente (uso de cobertores em temperatura ambiente). Aquecimento central ativo é geralmente reservado para pacientes com hipotermia grave, não responsivos ao aquecimento passivo externo e / ou com alterações do ritmo cardíaco (taquicardia ou fibrilação ventricular, assistolia). Pode ser atingido através da administração de oxigênio aquecido e umidificado; lavagem gástrica com fluidos quentes; diálise peritonial com fluidos aquecidos; reaquecimento extracorpóreo (hemodiálise, bypass cardiopulmonar ou femural-femural).
Critérios para morte cerebral não são aplicáveis para pacientes hipotérmicos e, se necessário, ressuscitação cardíaca deve ser mantida até que o paciente esteja aquecido. Tratamento usual para fibrilação ventricular é geralmente ineficaz até correção da hipotermia.
Temperatura (usando termômetro para baixa temperatura ou sensor térmico)
ECG contínuo.
Gasomentria arterial
Eletrólitos séricos, creatinina sérica, uréia sérica, glicemia, atividade da creatina fosfoquinase (CPK) e provas de função hepática. Repetir análise toxicológica quando indicado.
Manter monitorização até temperatura maior que 35°C.
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