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Homem tabagista com veias dilatadas no tórax

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 18/12/2012

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Especialidades / Áreas de atuação: Medicina de Emergência / Oncologia 

 

Quadro clínico

         Paciente do sexo masculino, 62 anos de idade, com antecedente de tabagismo importante desde os 15 anos, procurou o pronto-socorro com história de dispneia progressiva nos últimos 2 meses, associada a tosse seca e rouquidão na última semana, além de surgimento de discreto edema em face esquerda e em membro superior esquerdo. Ao exame físico, chamava atenção a presença de alguns creptos e roncos no hemitórax direito, discreto edema na face e no membro superior esquerdo, frequência respiratória de 26 ciclos por minuto e saturação de oxigênio em ar ambiente de 88%.

         Na inspeção, o paciente apresentava os achados presentes nas Figuras 1 e 2.

 

Figura 1. Região cervical do paciente.

 

 

Figura 2. Região torácica do paciente.

 

 

            As imagens radiológicas deste paciente são mostradas nas Figuras 3 a 5.

 

Figura 3. Radiografia de tórax.

 

 

Figura 4. Tomografia de tórax – mediastino.

 

 

Figura 5. Tomografia de tórax – cortes finos.

 

 

Discussão

         O laudo da tomografia tem o seguinte relato:

 

          Volumosa lesão sólida expansiva no lobo superior direito, amputando o brônquio-fonte correspondente, com extensão ao mediastino superior e médio, em continuidade com linfonodomegalias mediastinais e desvio das estruturas do mediastino para a esquerda. Envolve a artéria pulmonar direita e seus ramos para o lobo superior, obliterando-os; a veia cava superior, que se encontra afilada, porém pérvia; as veias pulmonares direitas; a superior amputada e o tronco braquiocefálico com suas ramificações subclávia e carotídea comum direita.

          Linfonodomegalias em diversas cadeias mediastinais (exceto hilar esquerda), cervicais à direita (IV e VI) com até 2,5 cm.

          Espessamento septal liso e peribroncovascular associados a nódulos, opacidades em vidro fosco e algumas áreas de consolidações no pulmão direito, predominantemente no lobo superior direito. Nódulo calcificado de 0,3 cm no lobo superior direito.

 

Diagnóstico

         O diagnóstico deste paciente é de síndrome da veia cava superior.

         A síndrome da veia cava superior pode ser decorrente de qualquer processo que obstrua o fluxo sanguíneo na veia cava superior.

         Tumores malignos são responsáveis por até 85% dos casos. O principal diagnóstico diferencial na etiologia da síndrome são tromboses por cateteres centrais instalados na região cervical.

         Câncer de pulmão de não pequenas células é responsável por até 50% dos casos, seguido por câncer de pulmão de pequenas células (25% dos casos) e linfomas não Hodgkin (10% dos casos). Até 4% de todos os pacientes com câncer de pulmão desenvolverão a síndrome.

         O diagnóstico é iminentemente clínico. Dispneia é o sintoma mais comum. Outros sintomas comuns são edema de face, edema de membro superior, tosse, dor torácica, disfagia e, quando há edema cerebral, podem ocorrer cefaleia e confusão mental. No exame físico, é muito comum encontrar edema facial e distensão venosa cervical e de parede torácica; pletora e cianose faciais são menos frequentes.

         A maioria dos casos (até 84%) apresenta alterações na radiografia de tórax, mais comumente alargamento de mediastino e derrame pleural. Entretanto, o exame de imagem mais importante no diagnóstico é a tomografia contrastada de tórax.

 

Bibliografia

1.             Wilson LD, Detterbeck FC, Yahalom J. Clinical practice. Superior vena cava syndrome with malignant causes. N Engl J Med 2007; 356:1862.

2.             Schechter mm. The superior vena cava syndrome. Am J Med Sci 1954; 227:46.

3.             Yellin A, Rosen A, Reichert N, Lieberman Y. Superior vena cava syndrome. The myth – The facts. Am Rev Respir Dis 1990; 141:1114.

4.             Rice TW, Rodriguez RM, Light RW. The superior vena cava syndrome: clinical characteristics and evolving etiology. Medicine (Baltimore) 2006; 85:37.

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