Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 17/04/2013
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Especialidades: Medicina de Emergência / Neurologia
Paciente do sexo masculino, 48 anos de idade, portador de FA em uso apenas de propranolol 20 mg VO a cada 8 horas, procurou pronto-socorro com quadro de início súbito há 5 horas da chegada de vertigem intensa e diplopia. Foi feita tomografia de crânio, mostrada na Imagem 1.
Imagem 1. Tomografia de crânio.
O laudo desta tomografia de crânio evidenciava área hipodensa córtico-subcortical na porção superior do hemisfério cerebelar direito, associada a apagamento das fissuras cerebelares e das cisternas quadrigeminal/ambientes adjacentes, bem como do IV ventrículo. O aspecto é compatível com insulto isquêmico recente.
Em virtude da fibrilação atrial que o paciente tinha, ele foi submetido a ecodopplercardiograma que mostrou imagem hiperecogênica aderida à parede livre do átrio esquerdo, compatível com trombo.
Sendo assim, chegou-se ao diagnóstico deacidente vascular cerebelar de origem cardioembólica, sendo prescrita anticoagulação plena, iniciada com enoxaparina.
Importante relembrar que cerca de 20% dos eventos isquêmicos encefálicos envolvem o território posterior da circulação (vertebrobasilar), como neste caso apresentado.
As causas mais comuns de eventos isquêmicos deste território são aterosclerose, embolia e dissecção. A dolicoectasia (alongamento e tortuosidade) das artérias vertebrais e basilar são também uma possível causa, entretanto mais rara.
Infartos cerebelares com maior acometimento medial do território da artéria cerebelar posteroinferior normalmente causam uma síndrome vertiginosa que é muito semelhante a uma vestibulopatia periférica. Os maiores achados clínicos são de vertigem intensa e nistagmo proeminente. Alguns pacientes também podem relatar a sensação de “pulsos magnéticos” no tronco, do lado ipsilateral da lesão.
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