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Celulite Orbitária

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 23/07/2014

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Especialidades: Infectologia/Otorrinolaringologia/Oftalmologia/Medicina de Emergência

 

Quadro Clínico

         Paciente do sexo feminino, com 72 anos, portadora de diabetes mellitus usuária de insulina,  procurou atendimento médico por evolução há 10 dias de lesão eritematosa em face à esquerda, acometendo inclusive pálpebras, de base eritematosa, muito associada a  edema local e febre em todo o período. Ainda relata cefaleia hemicrania do mesmo lado da lesão, sem déficits focais associados, sem queixa de convulsão. Fez uso de anti-inflamatórios em outro serviço, sem melhora do quadro. Na avaliação inicial do pronto-socorro, foram descartados sinais de irritação meníngea, porém foi constatada extensa celulite de face à esquerda. Por se tratar de paciente idosa, diabética e com queixa de cefaleia associada, foi realizada tomografia computadorizada de face e crânio, mostrada a seguir.

 

Imagem 1 – Tomografia da paciente

 

 

 

Diagnóstico e Discussão

 

O laudo da tomografia apresentava a seguinte descrição:

       Extensa lesão infiltrativa ulcerada na região malar esquerda, com extensão para a cartilagem nasal e aspecto inferior da órbita esquerda, sem coleções associadas;

         Há densificação e espessamento dos planos superficiais de toda a hemiface esquerda, inclusive pálpebra e gordura intraconal, associadas à proptose do globo ocular esquerdo;

         Espessamento mucoso do seio maxilar esquerdo;

         Linfonodomegalias cervicais bilaterais parcialmente caracterizadas neste estudo.

 

         Foi concluído, então, que se tratava de quadro de celulite orbitária, ou pós-septal, que se configura por ser uma infecção que envolve o conteúdo da órbita (como gordura e músculos oculares). A diferença entre uma celulite pré-septal e uma celulite orbitária é basicamente anatômica, sendo que a forma pré-septal se refere a infecção de partes moles anteriores ao septo orbitário. A despeito de clinicamente poder ser difícil distinguir uma forma da outra, fazer o diagnóstico preciso tem implicações prognósticas e terapêuticas. Isso porque a forma pré-septal tende a ser benigna, raramente implicando em complicações, enquanto que a forma orbitária pode levar a cegueira e até mesmo a óbito. Algumas complicações da forma orbitária incluem abscesso subperiostal, abscesso orbitário, perda de visão e invasão intracraniana causando abscesso epidural, empiema Subdural, meningite e trombose de seio cavernoso.

       Algumas características clínicas ajudam a diferenciar a forma orbitária, incluindo oftalmoplegia, dor à movimentação ocular e proptose, que não ocorrem na forma pré-septal. A presença de eritema palpebral com ou sem edema não é bom diferenciador dos quadros. Além disso, apenas exames de imagem tendem a distinguir os quadros. Alguns fatores de risco para forma orbitária incluem sinusite aguda, cirurgia oftalmológica e trauma de órbita. Normalmente a flora é polimicrobiana, prevalecendo a ocorrência de Staphylococcus aureus e estreptococos.

 

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