Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 05/08/2015
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Paciente masculino, 39 anos, sem antecedentes pessoais, procura atendimento, pois ele e sua parceira estão tentando ter filhos há cerca de dois anos, sem sucesso. A parceira foi extensamente investigada, e não foi encontrada causa de infertilidade. Sendo assim, eles buscam aconselhamento sobre a situação. Para ilustrar o caso, mostramos na imagem 1 a anatomia do aparelho reprodutor masculino.
Imagem 1 – Anatomia do Aparelho Reprodutor Masculino
Fonte: Internet
Primeiramente vamos definir infertilidade. Segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, a infertilidade ocorre quando os casais não podem engravidar após um ano de tentativa. Em cerca de metade dos casais com infertilidade, um problema de infertilidade masculina é o que afeta a capacidade do casal de conceber uma gravidez.
Para serem férteis, os homens devem ter bastante esperma em seu sêmen, e esses espermatozoides devem ser saudáveis. A produção de espermatozoides é impulsionada por hormônios. No cérebro, a glândula pituitária faz dois importantes hormônios: hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH). Ambos os hormônios afetam o funcionamento do testículo. O esperma é produzido no testículo e viaja através do epidídimo e do duto deferente antes de ser lançado no sêmen (veja imagem 1).
Ao contrário nas mulheres, o aumento da idade por si só não deve causar infertilidade masculina. O que acontece é que alguns homens têm baixa quantidade de esperma, ou até nenhum esperma no seu sêmen.
Isto pode ser causado por qualquer bloqueio do fornecimento de espermatozoides ou problemas com a produção de esperma. Cerca de 20% dos homens inférteis têm anormalidades hormonais. Quaisquer problemas com a produção de LH, FSH, ou testosterona podem levar à infertilidade. Várias anomalias genéticas também podem causar infertilidade. Outra condição que pode diminuir a produção de esperma são varicoceles (varizes no escroto).
Ao tratar um casal com infertilidade, tanto o homem quanto a mulher devem ser avaliados. O homem deve ser avaliado com exames de sangue para os níveis de hormônios. E muitas vezes, dois ou mais testes de análise de sêmen são executados, buscando informações sobre a quantidade de esperma, movimento dos espermatozoides, bem como aspectos de sua morfologia.
Desta forma, enquanto é feita a investigação, algumas recomendações são válidas para serem passadas para qualquer paciente:
- Mantenha uma dieta saudável e exercício físico regular;
- Pare de fumar, reduza o consumo de álcool, e não use drogas como maconha e cocaína, pois todas podem impactar na infertilidade masculina;
- Evite exposição ao calor frequente (como banheiras quentes ou saunas), o que pode reduzir a produção de esperma por até três meses.
Às vezes, os homens podem ser tratados com medicamentos para melhorar os seus níveis hormonais e aumentar a produção de espermatozoides. Uso de medicamentos como testosterona e esteroides anabolizantes devem ser evitados, já que podem afetar a produção normal de esperma. A cirurgia, com ou sem o uso de um microscópio cirúrgico (microcirurgia), pode ser realizada para corrigir uma varicocele.
Se não se detecta esperma no sêmen, o esperma pode ser obtido a partir do testículo através de cirurgia, e em seguida, transferido diretamente para o contato com o óvulo através fertilização in vitro.
American Urological Association. The Optimal Evaluation of the Infertile Male: AUA Best Practice Statement. Linthicum, MD: American Urological Association Education and Research Inc; 2010.
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