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Hemangioma Hepático

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 27/04/2016

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Quadro Clínico

Mulher de 78 anos procurou pronto-socorro com queixa de dores abdominais há três dias e febre. Seu exame físico não demonstrava sinais de peritonite, mas estava taquicárdica e febril. Seu único antecedente era um hipotireoidismo controlado com 75mcg de levotiroxina. Foram solicitados exames laboratoriais e um ultrassom de abdômen cuja única alteração foi esta demonstrada na imagem 1.

 

Imagem 1- Ultrassom de abdômen

 

 

 

Discussão

Esta paciente tem um hemangioma hepático. As estimativas da prevalência de hemangiomas variaram de 0,4 a 20%, porém a maior parte dessas estatísticas vem de estudos de necropsia. De 60 a 80% dos casos são diagnosticados em pacientes que estão entre as idades de 30 a 50 anos. Em adultos, os hemangiomas ocorrem mais em mulheres com uma proporção de 3: 1.

Os hemangiomas variam em tamanho desde alguns milímetros até diversos centímetros. As lesões > 4 cm têm maior chance de serem sintomáticas.

O quadro clínico é de dor abdominal e desconforto no quadrante superior direito ou empachamento. Entretanto, é preciso ressaltar que um diagnóstico de dor ser atribuído a um hemangioma só pode ser feito como diferencial. Por exemplo, dor abdominal pode ser devido a outras causas em mais de 50% dos pacientes. Os sintomas menos comuns incluem náusea, anorexia e saciedade precoce, que pode se desenvolver com grande hemangiomas devido à compressão de órgãos adjacentes. Casos de dor abdominal aguda podem ocorrer devido a trombose ou sangramento dentro do tumor e distensão associada e inflamação da cápsula de Glisson. O desconforto de uma trombose aguda pode durar até três semanas e ser associada à febre e alteração de provas de função hepática.

Hemangiomas hepáticos têm características bastante sugestivas em exames de imagem, incluindo em ultrassom, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM).

O ultrassom tipicamente revela uma massa homogênea hiperecoica bem demarcada. O fluxo de sangue dentro do hemangioma pode ser demonstrado por Doppler colorido em apenas 10 a 50% dos hemangiomas.

Infelizmente, algumas lesões hepáticas malignas têm padrões semelhantes e, portanto, outras modalidades de imagem são geralmente necessárias para confirmação. Por outro lado, o diagnóstico pode ser fortemente sugerido por ultrassons em cerca de 80% dos doentes com lesões < 6 cm. Todo o paciente com história de doença hepática ou ainda, suspeita de malignidade extra-hepática, deve ser submetido a um exame de confirmação como um TC com contraste ou ressonância magnética.

Existem recomendações conflitantes sobre o acompanhamento adequado para pacientes com um ultrassom "típico" de um hemangioma hepático. Sendo assim, o acompanhamento de pacientes com diagnóstico de ultrassom de um hemangioma depende do seu risco de malignidade hepática primária ou secundária.

Em pacientes sem evidência de doença hepática ou tumor maligno extra-hepático e aparências "típicas" de hemangioma no ultrassom, uma alternativa aceitável é repetir o ultrassom em três a seis meses para documentar estabilidade.

 

Referências

Craig JR, Peters RL, Edmondson HA. Tumors of the liver and intrahepatic bile ducts. In: Atlas of tumor pathology, Armed Forces Institute of Pathology, Washington, DC 1958. Vol 25, p.19.

 

Tait N, Richardson AJ, Muguti G, Little JM. Hepatic cavernous haemangioma: a 10 year review. Aust N Z J Surg 1992; 62:521.

 

Gandolfi L, Leo P, Solmi L, et al. Natural history of hepatic haemangiomas: clinical and ultrasound study. Gut 1991; 32:677.

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