Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 26/09/2016
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Mulher de 22 anos, sem antecedentes pessoais conhecidos, é internada após procurar pronto-socorro com história de febre há cinco dias, com surgimento de dor na região submandibular, associada a aumento de volume local e calor na região. Também relata muita salivação e dificuldade de mobilizar o pescoço. A paciente foi submetida a uma tomografia de face e região cervical, que pode ser vista na imagem 1.
Imagem 1 – Tomografia de face e cervical
Podemos verificar os seguintes achados nesta tomografia: há um grande processo inflamatório/infeccioso no assoalho bucal, com aspecto hipodenso, sugerindo liquefação, e caracterizando coleção/abscesso com envolvimento dos planos mioadiposos, notadamente junto às glândulas submandibulares, sobretudo à direita. As glândulas submandibulares apresentam aumento de suas dimensões, com focos de liquefação/necrose intraglandular, sem sinais de obstrução de dutos, sendo mais evidente à esquerda.
Esta paciente tem uma infecção submandibular bilateral, também conhecida como “Angina de Ludwig”. A angina de Ludwig é uma infecção bilateral do espaço submandibular (que inclui os espaços submilo-hióide e sublingual) que começa no pavimento da boca, mais geralmente relacionado com o segundo ou terceiro dentes molares. É tipicamente uma infecção polimicrobiana que envolve a flora da cavidade oral, e espalha-se rapidamente. Os agentes mais comuns são Streptococcus viridans e anaeróbios orais. Em imunocomprometidos, também existe a chance de gram-negativos e estafilococos.
Os pacientes geralmente apresentam-se com febre, calafrios e mal-estar, bem como dor na boca, rigidez do pescoço, salivação excessiva, e disfagia. As complicações possíveis da doença são asfixia e pneumonia aspirativa.
O diagnóstico é basicamente clínico, com suporte de imagens. O tratamento é com antibióticos de largo espectro, incluindo cobertura para anaeróbios. Normalmente, são necessárias ao menos duas a três semanas para melhora clínica. Pacientes sem melhora ou que apresentem ponto de flutuação podem precisar de aspiração por agulha ou mesmo drenagem cirúrgica do local.
Boscolo-Rizzo P, Da Mosto MC. Submandibular space infection: a potentially lethal infection. Int J Infect Dis 2009; 13:327.
Chow AW. Life-threatening infections of the head, neck, and upper respiratory tract. In: Principles of Critical Care, Hall JB, Schmidt GA, Wood LD (Eds), McGraw-Hill, New York 1998. p.887.
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